A eficacia simbolica Levi Strauss
Por: Mayra Chomski • 5/12/2016 • Resenha • 644 Palavras (3 Páginas) • 5.843 Visualizações
‘A eficácia simbólica’ - Lévi-Strauss
Nesse artigo o autor analisa um ritual xamanístico de cura dos índios Cuna, no Panamá. Xamã é a figura social de uma tribo que é como um sábio. Xamanismo é uma expressão concreta daquilo que Lévi-Strauss define como eficácia simbólica, que implica processos de interação social, e a relação entre as praticas xamânicas e a terapia psicanalítica.
Para explicar a eficácia simbólica, Strauss pega a situação de um parto na tribo dos Cuna, índios do Panamá. Este parto está difícil então convocam o Xamã para ajudar, sua ajuda consiste em um canto, onde segundo a crença dos Cuna irá espantar o mal, vai resgatar a “alma” da grávida das garras do espírito responsável pela gestação. No canto o xãma, utiliza os nuchu que são os espíritos protetores que são materializados em imagens esculpidas em madeira e invocados para auxiliar e coloca-os na entrada da morada de Muu, que é a força responsável pela criação do feto. Para os Cuna, se o parto é difícil é por causa de Muu, que extrapolou e se apossou da alma da futura mãe, o Purba, ou seja, Muu não é ruim e sim seus abusos, pois se apossa da alma da mãe. O canto do xãma busca o Purba que está perdido, e será recuperado após destruir o que há de ruim pelo caminho, quando este caminho fica livre, Muu liberta o Purba da mãe e o parto finalmente acontece.
Lévi-Strauss descreve esse ritual para ajudar a explicar a relação entre as praticas e representações psicológicas com as doenças. O xamã faz uma mediação puramente psicológica, já que não há remédios ou manipulação corporal, e o que o autor quer trazer como analise é que esse ritual e vários outros podem ser uma manipulação psicológica, assim quando você acredita, o corpo funciona de outro jeito.
As técnicas de manipulação psicológica que o autor cita que o Xamã exerce são a grávida reviver os momentos todos os momentos, levando-a a uma reflexão nos momentos mais delicados do parto, tentando tirar sua mente de toda a dor e o cansaço, onde seu corpo descansa e passa a funcionar melhor. Depois durante o canto, xamã faz uma relação entre o mito e a realidade, levando a mãe a esse mundo, onde possa se conectar melhor. São técnicas que fazem a paciente ficar mais relaxada e com a mente mais aberta, com isso a manipulação psicológica pode ser feita. O canto termina depois do parto, tendo o cuidado com o final do ritual, para garantir sua eficácia, se não poderá comprometer quem foi submetido ao ritual.
O que importa não é o mito – quer seria uma situação não real - fazer parte da nossa realidade, mas o fato da paciente acreditar no mito em si, e ela crê, pois todo o ambiente simbólico lhe é familiar. Então quando ela compreende que a dor existe, ela se conforma e processa-se a cura. Strauss faz uma relação com a nossa sociedade, pois quando estamos doentes e nos explicam a causa, nos conformamos com o diagnostico e vamos atrás da cura. A bactéria que pode ter causado a doença é externo a nós, com uma relação de causa e efeito. No caso da tribo, a doença, com o monstro está dentro nela.
Então se explica a analogia entre a psicanálise e xamanismo, onde as duas trabalham com meios que buscam trazer a consciência dos conflitos e
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