Resenha de Levi Strauss - Análise estrutural em linguística e antropologia
Por: g_isele • 2/5/2015 • Resenha • 958 Palavras (4 Páginas) • 1.919 Visualizações
Lévi-Strauss, inicia seu texto falando que o conjunto das ciências sociais que pertence a linguística, ocupa um lugar excepcional: não é uma ciência social como as outras, mas aquela que realizou os maiores progressos; é a única que reivindica o nome de ciência e que conseguiu no mesmo momento formular um método positivo e conhecer a natureza dos fatos que lhe cabe analisar. A linguística com frequência terá pesquisadores de disciplinas vizinhas, mas diferentes, inspirar-se em seu exemplo e tentar seguir seus passos. A linguística moderna leva ao conhecimento positivo dos fatos sociais. Marcel Mauss escrevia vinte anos atrás que” a sociologia estaria certamente muito mais avançada se sempre tivesse procedido a exemplo dos linguistas.”
Os linguistas fornecem aos sociólogos etimologias que permitem estabelecer entre certos termos de parentesco laços que não eram imediatamente perceptíveis; e os sociólogos podem informar os linguistas quanto aos costumes, regras positivas e proibições que tornam compreensível a persistência de determinados traços da linguagem, ou a instabilidade de termos ou grupos de termos. A sociologia explica a linguista a razão de sua etimologia e confirma sua validade.
A fonologia desempenha, em relação ás ciências sociais, o papel renovador que a física nuclear, desempenhou para com o conjunto das ciências exatas No estudo dos problemas de parentesco (e certamente também no estudo de outros problemas), os sociólogos se vêem numa situação formalmente análoga à dos lingüistas fonólogos: como os fonemas, os termos de parentesco são elementos de significação; como eles, só adquirem essa significação se integrados em sistemas; os “sistemas de parentesco”, assim como os “sistemas fonológicos”, são elaborados pelo espírito no estágio do pensamento inconsciente; e finalmente, a recorrência, em regiões afastadas do mundo em sociedades profundamente diferentes, de formas de parentesco, regras de casamento e atitudes igualmente prescritas entre certos tipos de parentes etc., leva a crer que, num caso como no outro, os fenômenos observáveis resultam da operação de leis gerais, mas ocultas. Os estudos das questões de parentescos apresenta, atualmente, nos mesmo termos, e parece enfrentar as mesmas dificuldades, que a linguísticas às vésperas da revolução fonológica. Existe entre a velha linguística, que buscava essencialmente na história seu princípio de explicação, e certas tentativas de Rivers uma notável analogia. Em ambos os casos, o estudo diacrônico deve dar conta, de modo exclusivo ou quase exclusivo, dos fenômenos sincrônicos. Comparando a fonologia à velha, Troubetzkoy definia a primeira como um “estruturalismo e um universalismo sistemático”, opondo-a ao individualismo e “atomismo” das escolas anteriores.
A linguística ensina, que a análise fonológica não se aplica ás palavras, mas apenas ás palavras previamente dissociadas em fonemas. Não existem relações necessárias no estágio do vocabulário. Isto vale para os elementos do vocabulário, inclusive os termos de parentesco; “sistema de parentesco “recobre, duas ordens de realidade distintas. Primeiro, há termos, pelos quais se expressam os diferentes tipos de relações familiares. Mas o parentesco não se expressa apenas numa nomenclatura : os indivíduos , ou classes de indivíduos, que utilizam os termos se sentem( ou não se sentem dependendo do caso) obrigados uns em relação aos outros a um determinado comportamento- respeito ou familiaridade, direito ou dever, afeto ou hostilidade. Assim, o sistemas terminológico (e que constitui, propriamente falando, um sistema de vocabulário), existe um outro sistema, de natureza igualmente psicológica e social, que designaremos como sistemas de atitudes.
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