AFRODESCENDENTES
Artigo: AFRODESCENDENTES. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: LUIZINHOHENRIQ • 6/6/2013 • Artigo • 1.666 Palavras (7 Páginas) • 486 Visualizações
AFRODESCENDENTES
O Brasil, como outros países da América, desenvolveu-se como nação a partir da vinda dos europeus, do genocídio das populações indo-americanas e de um sistema econômico baseado na mão de obra escrava de populações africanas aprisionadas. Tais condições históricas favoreceram a presença dos valores africanos nas manifestações culturais brasileiras, que permaneceram preservados ao longo da sucessão de gerações, mostrando-se tacitamente ativos e constituintes do processo de formação da cidadania. Entretanto, a pessoa negra traz do passado a negação da tradição africana, a condição de escravo, o estigma de ser um objeto de uso como instrumento de trabalho e tem de lidar, no presente, com a constante discriminação racial e, mesmo sob tais circunstâncias, tem a tarefa de construir um futuro promissor. O Brasil, em relação às outras nações americanas, foi o país a escravizar o maior número de africanos e o último do mundo cristão a abolir a escravidão. Apesar destes dados, entre 1900 e 1950, o Brasil cultivou, com sucesso a imagem.
Herdamos do período colonial um mundo repleto de preconceitos, apesar do intenso processo de miscigenação. Os negros eram tratados como seres inferiores, verdadeiros animais ou objetos, eram ridicularizados por seu aspecto físico, crenças ou por seus costumes. O passado do negro, explica sua posição social inferior na contemporaneidade, muitos resquícios das práticas escravistas vieram a contribuir para que ele passasse a ocupar os piores lugares no mercado de trabalho, as mais baixas remunerações e vestisse o manto de uma postura de malandragem e erotismo. Estereótipos construídos para criar uma ideia de negro enquanto sinônimo de indolente e não trabalhador. Essa realidade exige de toda a sociedade brasileira uma reflexão sobre a condição da população Afrodescendente no país.
O Brasil sempre procurou sustentar a imagem de um país sem preconceito racial, apesar das desigualdades estarem visíveis tanto na educação como no mercado de trabalho e no dia-a-dia. Este racismo enraizado, disfarçado, mas sempre presente e violento acontecem devido ao mito da democracia racial. Os homens brancos afirmam e reafirmam não serem racistas, que nada têm contra os negros, mas a sociedade brasileira branca, culta e educada, fala e até acreditam em suas palavras, porém suas ações não são bem assim. Pode-se dizer que os mitos criados pelos racistas estão sendo apagado aos poucos, devido pela atuação brilhante de alguns Afros descendentes, em todos os níveis, estes têm provado em competência, capacidade e inteligência nos vários ramos de trabalho e em sua conduta ética perante a sociedade. Precisamos ter em mente, de que o racismo e a discriminação são uma construção social, que foi sendo construída ao longo da história. Portanto, se foram construídas, podem ser desconstruídas, e é a partir desta desconstrução que vamos nos libertar da ideologia do embranquecimento.
Observando nosso meio, nota-se que o racismo camuflado, disfarçado de democracia racial ainda esta presente em nossa sociedade. Tal mentalidade, se pensarmos, é tão perigosa quanto à declarada. E no ambiente escolar não são raras as vezes que os alunos negros sofrem discriminação através de apelidos, exclusão dos grupos, piadas de mau gosto, músicas que inferiorizam sua imagem e outras situações constrangedoras. As redes de sociabilidade do negro foram todas submetidas a uma pressão às vezes intolerável, que parece ter-se intensificado com o avanço do século XIX, quando a elite brasileira optou na criação de uma sociedade europeia. Isso significava, para os europeus mais radicais, destroçar a cultura africana até erradicar o negro da população do país. Não com programas de genocídio, mas com a adoção de estratégias políticas públicas explícitas de branqueamento demográfico cultural.
…o governo brasileiro iniciou, na segunda metade do século XIX, o estímulo à imigração europeia, numa tentativa explícita de “branquear” a população nacional. Milhões de imigrantes europeus entraram no país durante as últimas décadas do século XIX e no início do século XX. Essa força de trabalho foi contratada preferencialmente tanto na agricultura como na indústria que estava sendo implantada nas principais cidades. (Heringer, 2002, p. 58)
Contudo, os negros sobreviveram e se multiplicaram. Com mais força cresceram também os mestiços, sem que alcançasse o branqueamento dos brasileiros como queriam as ideias europeias. Mas um ambiente recém-favorável à negação dos negros dificultou enormemente à sua integração no processo de organização sociopolítico do Brasil. Como os negros recém-libertos não foram incorporados ao mercado de trabalho, muitos, ingressaram na economia informal e ao subemprego. Sendo essa a razão das péssimas condições de habitação, de educação e de saúde na qual a maioria dos Afrodescendentes são submetidos.
É um fato incontestável que, ao longo deste século XX, os negros, na maioria, continuaram muito pobres, enquanto os imigrantes europeus e seus descendentes foram melhorando suas vidas e prosperando até chegar às posições de comando político e social, partilhando o poder com as antigas elites dominantes. Para os negros ficava a expectativa de lutar pela conscientização desta realidade, compreender suas causas e, através de muito esforço, lutar por transformações que visassem à melhoria de suas condições sociais, econômicas e políticas de vida. (Maciel, 1994, p.106)
Ninguém nega que exista racismo no Brasil, mas sua prática é sempre atribuída a “outro”. Seja da parte de quem age de maneira preconceituosa, seja daquela de quem sofre com o preconceito, o difícil é admitir a discriminação e não o ato de discriminar. Além disso, o problema parece se o de afirmar oficialmente o preconceito, e não o de reconhecê-lo na intimidade.
A escravidão como prática em nosso país é profundamente disfarçada. Talvez não se venda mais o corpo do negro ou do trabalhador como outrora, porém, infelizmente, se negocia com a sua identidade, imputando-lhe uma “carga” de inferioridade e discriminação que fere tanto quanto a venda de seu corpo. (Both, 2006, p.17)
A discriminação ética coibindo o acesso do negro às escolas de nível superior e à sua participação nas posições melhores remuneradas no mundo do trabalho estão implícitas nas atitudes dos dirigentes educacionais e administradores empresariais, onde se detecta um número insignificante dos mesmos nestes ambientes. Tudo isso indica que estamos diante de um tipo particular
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