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ANÁLISE DO CURTA VIZINHOS TENDO EM VISTA AS TEORIAS CONTRATUALISTAS

Por:   •  6/6/2020  •  Trabalho acadêmico  •  572 Palavras (3 Páginas)  •  268 Visualizações

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NEIGHBOURS. Direção: Norman McLaren. Produção: Norman McLaren. Canadá: National Film Board of Canada, 1952. 1 vídeo (8m 19s). Publicado por alaosnus. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=P o9dYwro_Q&t=4s. Acesso em 13 abr. 2020.

ANÁLISE

O curta começa nos apresentando dois homens (vizinhos) que são iguais ou praticamente iguais em todos os aspectos passíveis de observação: tem roupas, casas, terrenos, objetos e hábitos extremamente semelhantes. Convivem pacificamente sem a necessidade de grades ou cercas entre si.

Ao observarem o nascimento de uma pequena flor no meio da propriedade deles, ficam obcecados, largando tudo para admirar a novidade. A priori, conseguem, ambos, apreciar e aproveitar a presença da flor, dividindo-a entre si, focando apenas na felicidade causada pela inusitada nova companhia, tudo é belo.

A situação pacifica, porém, não se mantem por muito tempo. Logo começam a disputar a propriedade da flor e alegria trazida por ela logo se transforma em competição e violência. Em busca da propriedade exclusiva, se digladiam até a morte, destruindo no caminho suas casas, famílias e a própria flor.

Na última cena, os destroços da luta sem sentido se transformam em duas covas perfeitamente iguais, igualmente cercadas, com uma flor em cima de cada uma.

O enredo desse filme remonta à algumas ideias das Teorias Contratualistas de Hobbes, Locke e Rousseau; com destaque para o primeiro e o último.

Locke, que acredita que a posse é inerentemente natural, aponta para a necessidade humana de se apropriar da natureza, não bastando que ela apenas fique ali disponível para todos. Isso fica claro no curta, quando os vizinhos não se contentam com a simples presença da flor em propriedade comum, eles tem a necessidade de competir pela sua posse exclusiva.

Na visão de Hobbes, os homens são naturalmente inclinados para o mal, e se não forem rigidamente controlados, instauram entre si uma situação caótica de selvageria e guerra. Se apoiando no preceito de igualdade e liberdade no Estado natural, esses guerras se tornariam absurdas e intermináveis, e as conquistas impossíveis. É exatamente isso que ocorre no curta; esses homens, iguais em possibilidades, guerreiam até a morte em uma disputa totalmente imotivada e selvagem em busca de um objetivo inalcançável e destrutivo.

Rousseau, por sua vez, estabelece que a propriedade privada é fonte das desigualdades, da ganância e da violência. A necessidade de posse da pequena flor leva os vizinhos ao declínio total; nada de mal teria se sucedido se tivessem se contentando em admirar a flor e preservá-la pública.  Preceito semelhante é posto por Rousseau em seu livro “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”, ao falar da origem da sociedade civil (que para ele também representa fonte de mal e guerra):

O primeiro que, cercando um terreno, se lembrou de dizer: ‘Isto me pertence’, e encontrou criaturas suficientemente simples para o acreditar, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Que de crimes e guerras, de assassinatos, que de misérias e horrores teria poupado ao gênero humano aquele que, desarraigando as estacas ou atulhando o fosso, tivesse gritado aos seus semelhantes: Guardai-vos de escutar este impostor! Estais perdidos se vos esqueceis de que os frutos a todos pertencem e que a terra não é de ninguém. (ROUSSEAU, 1755, P. 175).

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