AS CIÊNCIAS SOCIAIS COMO UMA FORMA PARTICULAR DE CONHECIMENTO SOCIAL
Por: Cristina Maria Rebelo Barbosa • 29/12/2019 • Trabalho acadêmico • 3.986 Palavras (16 Páginas) • 302 Visualizações
[pic 1] “AS CIÊNCIAS SOCIAIS COMO UMA FORMA PARTICULAR DE CONHECIMENTO SOCIAL” Introdução às Ciências Sociais | SÍNTESE Obstáculos epistemológicos às ciências sociais e consequente rutura. Cristina Barbosa Licenciatura Ciências da Educação |
“As ciências sociais como uma forma particular de conhecimento social”
Turma B do 1º ano da Licenciatura de Ciências da Educação 2019/2020
Nota do Autor
Trabalho desenvolvido no âmbito da Unidade Curricular de Introdução ás Ciências Sociais com regência da Professora Doutora Manuela Ferreira
Resumo
Esta reflexão é desenvolvida no contexto da unidade de curricular de Introdução às Ciências Sociais. Pretende-se discutir os obstáculos epistemológicos presentes no excerto do romance “Atrás os montes”, do escritor holandês Guerrit Komrij. Com recurso aos conceitos abordados no decorrer da unidade curricular será explanado de que modo será necessário proceder para romper com os obstáculos epistemológicos presentes no excerto.
Por último e com recurso aos conhecimentos apreendidos ao longo do semestre, bem como à bibliografia obrigatória e aconselhada pela regente, pretende-se perceber se “As Ciências Sociais são uma forma particular de conhecimento social”.
Palavras-chave: ciências sociais, epistemologia; obstáculos; naturalismo; individualismo; etnocentrismo; rutura; conhecimento social;
Indíce
Indíce 3
Introdução 4
Desenvolvimento 5
Ciências Sociais - Enquadramento histórico 5
O seu objeto de estudo 7
Os obstáculos 8
A familiaridade com o social 8
O Individualismo 9
O Naturalismo 9
O Etnocentrismo 10
A rutura 11
Conclusão 12
Bibliografia 13
Introdução
Partindo do excerto de Komrij, Gerrit (1977); Atrás dos montes, Porto, ASA, pp:9, em conjunto com os conceitos e definições abordados, ao longo do módulo II da unidade curricular de Introdução às Ciências Sociais, e com suporte bibliográfico recomendado pretende-se aferir a presença de obstáculos epistemológicos à construção do conhecimento das Ciências Socais.
No entanto, antes de reconhecermos os ditos obstáculos faz-se necessária a conceptualização do termo “ciências sociais” como as ciências que procuram conhecer a realidade. O reconhecimento dos mais variados espetros de realidade que as ciências sociais podem abarcar em muito contribuirá para a identificação do individualismo, naturalismo e etnocentrismo como obstáculos epistemológicos a serem transpostos pelas Ciências Socais. Esta transposição significa por si só uma rutura com o senso comum, esvaziando o conhecimento de interpretações “naturais” ao homem, de disposições psicológicas e comportamentais individuais e por último da normalidade social (Santos, A. S., 1986).
Convém, no entanto, referir que apesar desta rutura ser fundamental, apresenta a complexidade característica das realidades subjetivas de cada disciplina das ciências sociais, que aliada ao facto de o Homem, que desempenha o papel de cientista, e que “não pode viver no meio das coisas sem fazer delas ideias segundo as quais regula o seu comportamento” (Durkheim, E., 1895) resulta numa rutura relativa.
Esta complexidade torna-se ainda mais pertinente se refletirmos sobre o real objeto de estudo das Ciências Sociais, o ser humano e a vida em sociedade, ou seja, a realidade social.
É com base no anteriormente disposto que se pretende, finalmente, comentar, fundamentadamente, a afirmação “As Ciências Sociais são uma forma particular de conhecimento social”.
Na sua globalidade, este trabalho pretende sedimentar conceitos adquiridos com vista à sua utilização futura, tanto ao longo do ciclo de estudos como nos desafios profissionais consequentes à conclusão do dito.
Desenvolvimento
Ciências Sociais - Enquadramento histórico
Tal como mencionado anteriormente, antes de avançarmos para a identificação dos seus obstáculos, será necessário desmistificar o conceito de Ciências Sociais.
De acordo com Sedas Nunes a problemática inicia-se na ambiguidade do termo “ciência”. Questionando Jean-Jacques Salomon que terá definido ciência em duas formas: "(...) um corpo de conhecimentos e de resultados que, por se basearem nos métodos da experimentação e verificação, se encontram submetidos a um reconhecimento universal(...)", e/ou, "(...)a ciência é a atividade a que se dedicam os investigadores (...) no quadro dos conhecimentos, métodos, procedimentos, e técnicas sancionadas pela experimentação e verificação(...)", Sedas Nunes propõem uma definição de ciência com inter-relacionamento entre as duas premissas acrescentando que a validade do sistema de produção depende dos investigadores e das organizações em que é exercida a atividade de investigador (Nunes, A.S., 1987).
Convém, no entanto, referir que ainda que, primeiramente do ponto de vista histórico, e posteriormente empiricamente, subsiste a ideia de uma radical dicotomia entre as ciências naturais e as ciências sociais.
Boaventura Sousa Santos no seu Discurso sobre Ciências (1987) caracteriza o paradigma dominante que preconizava que da mesma forma que possível descobrir as leis da natureza, seria igualmente possível descobrir as leis da sociedade.
A chamada “física social” ou “sociologia compteana” com profundas implicações ideológicas (luta de classes) nomenclatura usada nos primórdios da classificação dos estudos científicos da sociedade sob o princípio “progresso dentro da ordem”, partia do pressuposto que sendo as ciências naturais o único modelo de conhecimento universalmente válido independentemente das diferenças entre os fenômenos naturais e os fenômenos sociais seria sempre possível estudar os últimos como se dos primeiros se tratassem.
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