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Análise Antropólogica da Festa do Divino Pai Eterno

Por:   •  13/6/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.287 Palavras (6 Páginas)  •  277 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS[pic 1][pic 2]

    FACULDADE DE ODONTOLOGIA

     INTRODUÇÃO À ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA

                 

                                                       

Goiânia, 28 de Abril de 2019

Professor: Jean Camargo

Aluna: Ana Carolina Costa Rodrigues Turma:84-A

    Observação sobre a Romaria do Divino Pai Eterno, festa religiosa realizada anualmente no mês de julho na cidade de Trindade, em Goiás.

    A Romaria do Divino Pai Eterno ou a Festa de Trindade, como também é conhecida é um ritual que já acontece desde cerca de 1840 na cidade para comemorar o milagre do descobrimento de um medalhão de barro com a imagem atribuída à Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo na visão católica romana) no Córrego Barro Preto, que atualmente corta parte do centro da cidade.

      Nesse viés, o centro da cidade se desenvolveu acerca de uma igreja criada para acolher os romeiros que visitam a imagem, de onde inicio minha observação. Hodiernamente, o epicentro da celebração se dá no trajeto entre a igreja Matriz e a Basílica, na rua Irany Ferreira onde se encontra intensa atividade comercial e um grande número de devotos, em sua maioria idosos, oriundos de diversos estados do Brasil, e em especial da região sul, que se organizam em caravanas para participarem dos ritos.

  Percebo que a parte comercial é de grande importância para a festa, os comerciantes se apropriam de calçadas e alugam casas nas principais ruas da cidade para desenvolverem um polo de vendas temporário e diversificado. As vendas variam de lembranças religiosas, gravações de edições anteriores do Desfile de Carros de Bois à utensílios de cozinha e culinária típica como pamonha.

 Avanço em direção à Basílica, que é uma construção imponente e facilmente vista de muitos lugares na cidade que tem uma regulamentação para a altura dos prédios de modo que nenhum se sobressaia sobre a igreja.

Nesse trajeto de aproximadamente um quilômetro me deparo com muitos sotaques diferentes do habitual trindadense, pessoas com traços fenotípicos que distoam também do padrão observado no centro goiano. Além disso, o ritmo lento do caminhar dos transeuntes curiosos com os produtos ofertados ao longo da rua e o formigueiro que se forma à minha frente conforme me aproximo do Santuário, me preparam para enfrentar o disputado acesso à parte interna do Santuário numa manhã ensolarada de Julho.

‌  Ao chegar na última esquina entre a Matriz e o Santuário do Divino Pai Eterno tenho total vista dos romeiros que chegam da Caminhada Da Fé, outro rito que faz parte da celebração. Este é feito numa caminhada de 16km entre a saída de Goiânia até a entrada de Trindade e posteriormente, até a Basílica por meio da Rodovia dos Romeiros que devido à demanda durante este período tem até seu pedaço reservado e marcado para aqueles que participam. O intuito dessa caminhada não é único, observo pessoas que carregam entes enfermos e esperam por algum milagre e outros que prestam esse tipo de penitência por acreditar ser possível conseguir uma benção desta forma. Ao chegar na igreja, muitos sobem os vários degraus de escadaria entre a rua e a porta do Templo de joelhos.

‌Continuo a andar, e agora já me encontro em uma multidão exponencialmente maior de pessoas que estão enfileiradas para ver o interior da nova construção. À medida que vou entrando, percebo vitrais que retratam alguns milagres atribuídos à essa divindade, o espaço de celebração da missa diariamente, e também uma vista panorâmica da cidade  quando olho para fora. O lugar está cheio e as pessoas se espremem em busca de um assento para assistirem a próxima missa. Dentro da igreja o ritual mais importante é passar por uma fila e beijar uma fita que fica presa a imagem.

Alguns romeiros encerram a caminhada entrando na igreja de e permanecendo o periodo da missa de joelhos.

‌Sigo nos ambientes frequentados pelos fiéis e desço até a Sala dos Milagres, uma galeria onde os devotos depositam objetos e fotos como forma de expressar gratidão e que também é usado para contar a história da Festa de Trindade.

‌ Após visitar as duas igrejas e o principal local de concentração de celebrantes, vejo que há intensa movimentação de pessoas e de carros de boi em direção ao Carreiródramo, e assim, os sigo para observar outra vertente dessa realidade. O Desfile dos Carros de Boi ocorre para contar parte da história da Romaria, o modo como devotos vinham de outros lugares para expressar sua fé. De fato, muitos ainda realizam essa forma de romaria ao invés de optarem pela versão da Caminhada da Fé.

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