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Análise do livro de Maria da Glória Gohn "Movimentos Sociais"

Resenha: Análise do livro de Maria da Glória Gohn "Movimentos Sociais". Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  25/11/2013  •  Resenha  •  1.143 Palavras (5 Páginas)  •  1.186 Visualizações

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ETAPA 1

Movimentos Sociais

Este livro condensa estudos sobre os movimentos sociais, especialmente no Brasil, ao longo de três décadas. Apresenta um mapa dos movimentos sociais e redes civis que tematizam e redefinem a esfera pública, construindo novos modelos organizativos na atualidade. Destaca-se que eles atuam num cenário contraditório, onde políticas, programas e projetos sociais levam, muitas vezes, a um engessamento destas associações, solapado sua autonomia e possível capacidade de inovação, produção de saberes e mudança social.

O foco do mapeamento são as áreas temáticas e seus eixos de manifestações como problemas sociais e a contextualização desses problemas, sua localização geográfica, seus objetivos programáticos e características das suas redes de mobilização.

Na primeira parte são destacados cinco pontos de diferenciação dos movimentos sociais atuais em relação aos do passado, quais sejam:

1 – Houve redefinição na sua própria identidade e na qualificação do tipo de suas ações. Esta mudança está menos focada em pressupostos ideológicos, como no passado, e mais nos vínculos de integração com esferas da sociedade, organizadas segundo critérios de cor, raça, gênero, habilidades e capacidades, bem como de conscientização e geração de saberes.

2 – Os movimentos do passado possuíam papel essencialmente universalizante, uma vez que lutavam pelo “direito a ter direitos” (p. 17). Mas, hoje, o que se busca é o reconhecimento e o respeito às diferenças e às demandas e características particulares, representados pelos movimentos identitários. Atualmente existe grande variedade de organizações, articulações, projetos e experiências, refletindo a ampliação do leque dos movimentos sociais;

3 – O próprio Estado está reconfigurando as suas relações com a sociedade e gradualmente reconhecendo existência desses novos sujeitos coletivos. No entanto, conforme Gohn aponta, disso decorre uma inversão de papéis: ao estabelecer relações com os movimentos sociais, o Estado passa a exercer uma influência política “de cima para baixo”, retirando deles o seu caráter político e de pressão. Em outras palavras, os movimentos sociais passam a sofrer forte influência e até mesmo controle das estruturas políticas do Estado, que transformam as identidades políticas dos movimentos, e fazem com que a demanda coletiva seja suplantada por uma série de outras demandas específicas, isoladas e débeis. E, em decorrência, o Estado torna-se o único ponto de integração e convergência.

4 – Com a alteração do formato das mobilizações neste milênio e a ampliação dos sujeitos coletivos, os movimentos sociais estão agora dispostos em redes associativas, graças à profusão de novas tecnologias de comunicação. Isso decorre também do alargamento das fronteiras dos conflitos, como a questão migratória e imigratória e de acesso a recursos estratégicos, como água, energia, terra, etc. Esses conflitos, por sua vez, deixam de ter somente como eixo os Movimentos Sociais x Estado, e referenciam-se em novos eixos, incluindo corporações e outros agentes econômicos interessados em tais recursos.

5 – Continuam prevalecendo grandes lacunas na produção teórica e acadêmica acerca dos movimentos sociais, apesar de sua recorrente presença na literatura das Ciências Sociais. Tais lacunas dizem respeito ao próprio conceito de movimento social e englobam: a sua qualificação como novos; a sua distinção de outras ações coletivas ou organizações sociais, como as ONGs; as conseqüências de sua institucionalização; e o seu papel no atual momento histórico. Estas lacunas têm dificultado o entendimento e o mapeamento corretos da categoria movimentos sociais, a qual se vê suplantada pela categoria mobilização social, que pode ser entendida como simples participação e cooperação muitas vezes induzidas por estruturas políticas externas a ela.

Finalmente, cabe registrar que este livro de Maria da Glória Gohn é de importância inconteste tanto para os que desejam ter uma visão ampla dos movimentos sociais do Brasil contemporâneo, de suas características e condicionantes, quanto uma compreensão fundamentada da identidade e da importância destes sujeitos na construção democrática. Por tratar de um campo teórico ainda carente de estudos e pesquisas, o referido livro terá papel fundamental no preenchimento de lacunas analíticas existentes e na catalisação de debates sobre o que se propôs tematizar.

PENSAMENTO

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