As Consequencias Da Modernidade

“O conceito de Modernidade em Berman”

Marshall Berman apresenta uma leitura marxista do conceito de modernidade, segundo o autor a idéia modernidade está associada uma experiência (muitas vezes paradoxal e contraditória). O homem moderno parece viver num eterno turbilhão de permanência, desintegração e mudança. Segundo uma leitura que podemos ter de Berman: o homem moderno se depara na modernidade cada vez mais com uma enorme ausência e vazio, de valores, ao mesmo tempo, em que está numa desconcertante abundância de possibilidades, tudo isso é possível graças ao papel pioneiro da classe burguesa na construção da sociedade moderna, que na sua eterna "a criação destrutiva", enfim, no eterno revolucionar das coisas acaba impulsionado pelo o desenvolvimento da indústria e do comércio. Na modernidade as coisas seriam feitas para não durar e, por isso, o Ser moderno (segundo Berman) vive numa vida de paradoxos e contradições.

Em "Tudo que e solido se desmancha no ar", o autor define a modernidade como: "um tipo de experiência de tempo e de espaço, de si mesmo e de outros, das possibilidades e perigos da vida - que é compartilhada por homens e mulheres em todo o mundo. Designarei este conjunto de experiências como modernidade. Ser moderno é encontrar-se num ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor mas, ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que sabemos, tudo o que temos". (Berman, 1994;15).

Portanto, para Berman a modernidade refere-se determinado período histórico-temporal e as relações de tempo e espaço estabelecidas entre pessoas, lugares e objetos. Para o autor a modernidade é uma experiência simbólica e sensorial da modernização e o modernismo seria o conjunto de visões e idéias sobre a modernização e modernidade.

Segundo Berman, a modernidade teria três fases:

- primeira fase: do início do século XV ao século XVIII, quando as pessoas começaram a experimentar a vida moderna.

-segunda fase: a partir, da onda revolucionária de 1789 (revolução francesa) e que gerou uma ansiedade pela mudança.

-terceira fase: no início do século XX, quando o processo de modernização se expande alcançando o resto do mundo.

A pré-modernidade em Berman poderia está associado ao período pré-capitalista, onde vigorava o Antigo Regime e a Idade Média com o poder social sendo exercido pela igreja e pela nobreza. Foi um período que em a burguesia ainda não era a classe hegemônica e, obviamente não tinha alcançado o poder político nos principais países da Europa Ocidental.

O surgimento da modernidade em Berman estaria associado ao desenvolvimento do capitalismo e da racionalidade e, que se seriam a raiz da mudança de mentalidade ocorrida na modernidade. A mentalidade moderna que rejeita a religião, a tradição (que se figuram com um obstáculo a formação do mercado nacional e internacional). A modernidade e/ou capitalismo transformou principalmente a Europa Ocidental a sua imagem e semelhança. De acordo com a leitura do autor percebemos que somente, a partir do século XIX “toda a Europa” tem a sua paisagem modificada, através, de uma dinâmica modernizante (com o surgimento de novas fábricas, máquinas, vias, prédios, indústrias, ferrovias, e etc.). Essa tendência modernizante chegaria em outras partes do mundo somente no século XX.

Então o que é ser moderno para Berman?

É basicamente uma experiência paradoxal e contraditória vivida num determinado tempo e espaço. É justamente viver num mundo cheio de paradoxos e contradições provocados pela necessidade a burguesia de sempre revolucionar as relações de produção. A agitação da vida, a continuidade e rupturas das coisas estão relacionadas com o fato que: “Tudo o que era sólido se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado, e por fim o homem é obrigado a encarar com serenidade suas verdadeiras condições de vida, e suas relações com a espécie”. (Berman, 1994;20).

Numa leitura marxista da modernidade, a sociedade moderna e o desenvolvimento do capitalismo levariam a nossa época para uma simplificação dos antagonismos de classe e, onde, quer que o capitalismo se estabeleça: a burguesia e o proletariado se constituiriam nas duas principais classes.

A idéia de pós-modernidade somente no final do século XX e aparece com o desencanto das promessas não cumpridas pela modernidade. As duas revoluções que mais caracterizariam a modernidade, a revolução francesa e os seus lemas: de Liberdade, Igualdade e Fraternidade assim como revolução industrial e a sua pretensão de vida abundante para todos os homens não teriam se configurado no mundo real. O movimento pós-moderno aparece na metade final do século XX, criticando todos os pressupostos da modernidade. Mas, pela leitura que fizemos de Berman o pós-modernismo se configura não apenas uma reação e/ou negação mas, uma radicalização do projeto moderno ocidental.

O que é a modernidade? (Conclusão Parcial)

A obra de Berman é uma obra clássica das ciências sociais e, é justamente por que apresenta os autores clássicos das ciências sociais para nos ajudar a ter um melhor entendimento do que é a modernidade.

A modernidade ou projeto moderno tem haver em última instância com o anseio do homem ocidental de dominar e controlar a natureza e todas as outras coisas, a modernidade está essencialmente ligada ao espírito ocidental, e se está associada a expansão do capitalismo que começou na Europa Ocidental e hoje aparece está em todo o mundo conhecido. Em Marx, a modernidade é entendida como um sinônimo de capitalismo e a sua tendência progressiva da formação de um mercado mundial. Em Weber, o processo de modernização é compreendido como um processo de racionalização proveniente da ética protestante.

Enfim, a modernidade é um fenômeno ocidental, mas que com a globalização tende a ser espalhado a todo o mundo (mas, de maneira não uniforme). Existe uma dialética entre tradição e modernidade em muitos lugares. Em termos históricos a modernidade pode ser pensada, a partir, da revolução industrial e da revolução francesa, pois eles teriam