As Grandes Cidades E A Vida Do Espírito
Por: EMANNUELY MARIA DA SILVA SANTOS • 20/6/2023 • Ensaio • 266 Palavras (2 Páginas) • 94 Visualizações
Os problemas mais profundos da vida moderna brotam da pretensão do
indivíduo de preservar a autonomia e a peculiaridade de sua existência
frente às superioridades da sociedade, da herança histórica, da cultura
exterior e da técnica da vida — a última reconfiguração da luta com a
natureza que o homem primitivo levou a cabo em favor de sua existência
corporal. Se o século XVIII pode clamar pela libertação de todos os vínculos que resultaram historicamente no estado e na religião, na moral e
na economia, para que com isso a natureza originalmente boa, e que é a
mesma em todos os homens, pudesse se desenvolver sem empecilhos; se
o século XIX reivindicou, ao lado da mera liberdade, a particularidade
humana e de suas realizações, dadas pela divisão do trabalho, que torna
o singular incomparável e o mais indispensável possível, mas com isso o
atrela mais estreitamente à complementação por todos os outros; se
Nietzsche vê a condição para o pleno desenvolvimento dos indivíduos na
luta mais brutal dos singulares, ou o socialismo, precisamente na manutenção do nível mais baixo de toda concorrência — em tudo isto atua o
mesmo motivo fundamental: a resistência do sujeito a ser nivelado e consumido em um mecanismo técnico-social. Onde os produtos da vida especificamente moderna são indagados acerca de sua interioridade; onde
por assim dizer o corpo da cultura é indagado acerca de sua alma —
como me parece ser atualmente o caso no que diz respeito às nossas
grandes cidades —, a resposta precisa ser buscada na equalização promovida por tais formações entre os conteúdos individuais e supra-individuais da vida, nas adaptações da personalidade, mediante as quais ela
se conforma com as potências que lhe são exteriores.
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