Atendimento Escolar no Ambiente Hospitalar e Domiciliar
Por: Mabel Lobo • 21/9/2015 • Relatório de pesquisa • 3.784 Palavras (16 Páginas) • 425 Visualizações
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Departamento de Núcleo de Pesquisa e Extensão do Instituto Escola Hospitalar e Domiciliar Criança Viva
Curso de Extensão: Atendimento Escolar no Ambiente Hospitalar e Domiciliar
Brinquetoteca hospitalar
Shishiro Otake
Célia lsdhi'l Hciito Mtiia*
Annc Dcnixi- Cíildii Goitlob,
llfllen /'(inld rlc Oliveira,
Monicu Iiiri Onodera,
N Use Aparecida Pedro Bom,
Renata Dias de Canwlho Baiimgartner e
Simone Ferreira Domingites**
Integrando as disciplinas de instrumentalização profissional no curso de formação de psicólogos da Unesp/Bauru, o Estágio Supervisionado de Terapia Psicomotora, destinado a alunos quintoanistas, vem desenvolvendo a partir de 1996 um trabalho de caráter ciínico-preventivo, tendo por objetivo o atendimento à criança hospitalizada, através da utilização terapêutica de atividades lúdicas e de estimulação psicomotora, visando a atenuar as seqüelas emocionais decorrentes da hospitalização. Para tal, foi estabelecido um convênio entre a Faculdade de Ciências da Unesp e a Associação Hospitalar de Bauru, através do Projeto Brinquedoteca Hospitalar do Setor de Pediatria do Hospital de Base de Bauru (Maia 1995).
Além da formação profissional do psicólogo, visa a atender aos objetivos de pesquisa e extensão universitária, através da prestação de serviço à comunidade
* Doutoranda em Psicologia Clínica (Puc/SP), mestre em Psicologia Oínica (Unesp/Sau-ru), professora-assislente do Dep. de Psicologia da Fac. de Ciências da Univ. Pau¬lista (Unesp/Campus Bauru), autora, coordenadora e supervisora dos projetos: Brinquedoteca, da Unidade Pediátrica do Hospital de Base de Bauru, e Brinque-doteca, do Centro de Psicologia Aplicada da Unesp/Bauru.
** Estagiárias do Curso de Graduação em Psicologia (Unesp/Bauru).
O projeto em andamento desde 1996 aborda a experiência do brincar, uma dimensão importante do desenvolvimento infantil afetada pela hospitalização.
O brincar proporciona à criança construir e elaborar a relação eu-mundo; pois além do prazer proporcionado através do brincar, domina suas angústias, controla idéias ou impulsos que conduzem às mesmas, caso não sejam dominados.
É inquestionável seu papel no crescimento gradual da criança, que encontrará no brincar as experiências cotidianas equivalentes às do adulto.
A hospitalização da criança interrompe esse processo, promovendo um corte em sua experiência; pois o ambiente do hospital, ainda que pese as incipientes modificações que começam a ocorrer em nossa realidade hospitalar, não representa as condições essenciais para contemplar tal necessidade infantil.
O papel do psicólogo é o de mediar as relações criança-doença, criança-família, criança-equipe hospitalar e criança-instituição, dentre outras, procurando amenizar o trauma psicológico da internação e minimizar suas presumíveis seqüelas.
Os objetivos do trabalho, portanto, são os de prestar atendimento psicológico aos pacientes infantis internados no setor de pediatria de um hospital geral e à sua família, dentro dos objetivos de uma Brinquedoteca hospitalar, assim corno o de proporcionar condições de reflexão e instrumentalização neste âmbito à equipe hospitalar, visando também a um trabalho integrado, que contemple as necessidades básicas da criança hospitalizada.
O projeto apresentado incluiu a definição de atividades a serem desenvolvidas no setor de pediatria, ligadas aos objetivos mencionados, estudos sobre o local a ser destinado à Brinquedoteca e sua ambientação, treinamento da equipe de brinquedistas (os estagiários do Curso de Psicologia da Unesp/Bauru) que conduzem as atividades na Brinquedoteca.
O trabalho incluiu também a participação de outros departamentos de ensino da universidade, como, por exemplo, o de Desenho Industrial e o de Artes, notadamente os que têm contribuído significativamente com o trabalho realizado, desde os estudos de cor, a pintura e decoração das paredes da Brinquedoteca, e no desenvolvimento de estudos para o desenvolvimento de projetos de produtos como brinquedos e mobiliário.
1. Metologia
Os procedimentos básicos utilizados incluem atividades lúdicas de caráter livre e dirigido, assim como métodos e técnicas da estimulação psicomotora. Dentre eles destacam-se atividades ligadas às artes plásticas, como desenho livre e dirigido a temas específicos; pintura; modelagem; recortes; dobraduras e outras modalidades de trabalho como: materiais plásticos, contar estórias, dramatização; teatro de fantoches; jogos e brincadeiras individuais e coletivos, dentre outros. Privilegia-se também o uso da sucata doméstica e hospitalar, com ênfase no brinquedo construído pela criança.
O acervo da Brinquedoteca é constituído de brinquedos, jogos e materiais pedagógicos, livros infantis, material escolar, dentre outros, doados pela comunidade.
Atividades lúdicas e atendimento psicológico são proporcionados às crianças pelos estagiários de psicologia, na Brinquedoteca e nos leitos. De modo geral, as crianças de 0 a 1 ano são estimuladas no leito, no colo ou outra condição, enquanto que as crianças de 2 anos em diante vão até a Brinquedoteca ou recebem atendimento no próprio quarto.
As rnães-acompanhantes recebem orientação psicológica, com ênfase nas necessidades desenvolvimentais da criança, de acordo com seu estágio do desenvolvimento e com as necessidades observadas no hospital.
A clientela é composta de crianças de ambos os sexos, na faixa etária de O a 14 anos, portadoras de patologias diversas e diferentes motivos para a internação, de caráter crônico e agudo; encontrando-se, dentre eles, casos de doenças respiratórias, doença cardíaca, AIDS, doenças renais, quadros infecciosos, meningite, hidrocefalia, fraturas, traumatismo, lesões, abscessos, desnutrição, dentre outros.
Tendo em vista as limitações de espaço da unidade pediátrica, a sala destinada ao refeitório das crianças foi submetida a uma reforma para funcionar como Brinquedoteca. As crianças, de modo geral, recebem suas refeições no próprio leito; mas aquela sala ainda é eventualmente utilizada para as refeições e, principalmente, para deixar os alimentos e efetuar a distribuição dos mesmos - o que muitas vezes traz problemas para as atividades lúdicas ali desenvolvidas.
As mães-acompanhantes são solicitadas e incentivadas a acompanhar as atividades na Brinquedoteca, ou recebem orientações no próprio quarto em que se encontra a criança.
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