Caráter Histórico da Moral
Artigo: Caráter Histórico da Moral. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: danielleal • 26/9/2014 • Artigo • 912 Palavras (4 Páginas) • 604 Visualizações
ÉTICA – ADOLFO SÁNCHEZ VÁSQUEZ
Capítulo II – Moral e História
1 – Caráter Histórico da Moral
Se por moral entendemos um conjunto de normas e regras destinadas a regular as relações dos indivíduos numa comunidade social dada, o seu significado, função e validade não podem deixar de variar historicamente nas diferentes sociedades.
Por isso, pode-se falar em moral da Antiguidade, da moral feudal própria da Idade Média, da moral burguesa na sociedade moderna, etc. Portanto, a moral é um fato histórico e, por conseguinte, a ética.
A maioria das doutrinas éticas procuram explicar a moral à luz de princípios absolutos, ignorando-se o caráter histórico da moral.
Este a-historicismo moral, no campo da reflexão ética, segue três direções fundamentais:
Deus como origem e fonte da moral. As normas da moral derivam de um poder sobre-humano, cujos mandamentos constituem os princípios e as normas morais fundamentais.
A natureza como origem da moral. As qualidades morais – ajuda mútua, disciplina, solidariedade, etc. – teriam a sua origem nos instintos.
O Homem como origem e fonte da moral. O homem dotado de uma essência eterna e imutável a todos os indivíduos, A moral constituiria um aspecto dessa maneira de ser, que permanece e dura através das mudanças históricas e sociais.
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No primeiro caso, procura-se fora do homem, num ser que o transcende; no segundo, num mundo natural ou, pelo menos, não especificamente humano; no terceiro, o centro de gravidade se desloca para o homem, mas para um homem abstrato, irreal, fora da sociedade e da história.
A mudança e o desenvolvimento das sociedades provam a substituição de certos princípios e de certas normas por outros, de certos valores morais ou de certas virtudes por outras, a modificação de uma mesma virtude através do tempo.
O reconhecimento das mudanças históricas da moral levantam dois problemas importantes: o das causa ou fatores que determinam estas mudanças e o do seu sentido ou direção.
Além do problema de se existe ou não um progresso moral.
2 – Origens da Moral
A moral só pode surgir quando o homem supera a sua natureza puramente natural, instintiva, e possui já uma natureza social: isto é, quando já é membro de uma coletividade.
Como regulamentação do comportamento dos indivíduos entre si e destes com a comunidade, a moral exige necessariamente não só que o homem esteja em relação com os demais, mas também certa consciência desta relação para que possa se comportar de acordo com as normas ou prescrições que o governam.
As relações são inseparáveis de outra vinculação originária: a que os homens – para subsistir e defender-se – mantém com a natureza ambiente, procurando submeta-la. No uso e fabrico de instrumentos e na reunião de esforços para multiplicar o seu poder.
Seu trabalho adquire um caráter coletivo e o fortalecimento da coletividade se transforma numa necessidade vital.
Aparece assim uma série de normas, mandamentos ou prescrições não escritas, a partir dos atos ou qualidades dos membros da gens (clãs da Grécia) ou da tribo que beneficiam a comunidade. Assim nasce a moral com a finalidade de assegurar a concordância do comportamento da cada um com os interesses coletivos.
O que leva a se considerar como bom ou proveitoso tudo aquilo que contribui para reforçar a união ou a atividade de comum e, ao contrário, que se veja como
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