TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Causas Indígenas Contemporâneas e o Antropoceno

Por:   •  27/1/2025  •  Trabalho acadêmico  •  3.710 Palavras (15 Páginas)  •  8 Visualizações

Página 1 de 15

[pic 1]

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA PAULISTA DE POLÍTICA, ECONOMIA E NEGÓCIOS

Campus Osasco

Causas Indígenas Contemporâneas e o Antropoceno: Impactos do Capitalismo e Desdobramentos Históricos

Direito

Integral

Teoria Social e Contemporânea

Profº. Salvador Schavelzon

Breno Provati Leal

nº177.244

Laís Reis Maciel

nº 178.518

Sumário

  1. Introdução
  1. Reflexão sobre o desenvolvimento histórico dos povos indígenas no Brasil

2.1 A invasão portuguesa

2.2 Discussão sobre a visão eurocentrista em relação aos povos nativos

2.3 Indígenas como protagonistas em suas lutas e causas vencidas

  1. Situação sobre a demarcação de terras indígenas no Brasil

3.1 Histórico e entraves na demarcação

3.2 A demarcação como reflexo da lógica capitalista

3.3 Relação com a crítica de Nancy Fraser

  1. O mundo capitalista em conflito com os povos indígenas

        4.1 O Estado como auxiliador da violação dos direitos territoriais

        4.2 Invisibilização da autonomia indígena

        4.3 Consequências da exploração

  1. Impactos do período Antropoceno nos povos indígenas

5.1 O Antropoceno e a Destruição dos Territórios Indígenas

5.2 Impactos das mudanças climáticas nas sociedades indígenas

5.3 A Resistência Indígena Frente à Crise Ambiental

  1. Conclusão

  1. Referências bibliográficas
  1. Introdução

As causas indígenas contemporâneas representam um dos mais relevantes debates sociopolíticos e ambientais no Brasil atual. A luta pela demarcação de terras, a preservação das culturas tradicionais e os impactos das ações antrópicas no contexto do Antropoceno revelam a complexa relação entre os povos originários, o avanço do capitalismo e o desenvolvimento histórico do país. O cenário atual evidencia que, mesmo após séculos de luta, as populações indígenas continuam enfrentando desafios estruturais que envolvem disputas territoriais, degradação ambiental e marginalização social.

O período do Antropoceno, definido como a era em que a ação humana é capaz de modificar significativamente o planeta, intensifica a crise climática e ambiental global. No Brasil, tais mudanças têm afetado diretamente os povos indígenas, uma vez que seu modo de vida está intrinsecamente ligado ao equilíbrio com o meio ambiente. Nesse contexto, torna-se essencial compreender como o capitalismo contribui para os processos de exploração territorial e ambiental, resultando em desigualdades sociais e impactos severos sobre os territórios indígenas.

Este trabalho busca relacionar as causas indígenas contemporâneas com os conteúdos abordados em sala de aula, especialmente sobre o Antropoceno e o capitalismo, analisando o desenvolvimento histórico indígena e a relevância desse debate no cenário atual. Para tanto, serão explorados temas como a demarcação de terras, a relação entre capitalismo e exclusão indígena, além da crise climática e ambiental que afeta diretamente essas populações.

 2.  Reflexão sobre o desenvolvimento histórico dos povos indígenas no Brasil

Os povos indígenas possuem um papel central na formação histórica e cultural do Brasil. Segundo o último censo do IBGE de 2022, o país era ocupado por cerca de 1,7 milhões de indígenas distribuídos por todo o território. Esse número se assemelha à população total de grandes capitais ao redor do mundo, porém, ainda assim, os povos nativos enfrentam muitas lutas por reconhecimento que têm origem desde o século XVI.

2.1 A invasão portuguesa

Diferentemente do que é ensinado nos livros didáticos brasileiros, o território brasileiro não foi descoberto no ano de 1500 pelos portugueses. Segundo dados da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), antes da invasão dos europeus, o território era a moradia de cerca de 3,5 milhões de habitantes nativos, inicialmente chamados de “índios”, em referência às Índias, local ao qual os portugueses alegaram terem chegado.

Ao longo do tempo, essa conotação negativa contribuiu para a marginalização e desrespeitou a própria identidade cultural indígena, homogeneizando e ignorando as especificidades de cada povo que habitava esse território. É muito comum que se resuma a história dos povos indígenas brasileiros a partir da colonização portuguesa. De fato, esse acontecimento é um marco na trajetória dos povos indígenas, pois a partir disso, inicia a luta pelas terras, por sobrevivência e por direitos básicos que perdura até hoje, somando 524 anos de resistência.

Com a chegada dos colonizadores portugueses em 1500, iniciou-se um processo sistemático de ocupação do território e exploração de recursos naturais, que resultou em profundas transformações para os povos indígenas. O modelo econômico implantado pelos europeus, fundamentado na monocultura e na escravização, deslocou populações indígenas de suas terras e destruiu modos de vida tradicionais. Os indígenas foram submetidos a trabalhos forçados, catequização religiosa e violências físicas e culturais. Além disso, a disseminação de doenças trazidas pelos europeus, como varíola e sarampo, para as quais os indígenas não possuíam imunidade, dizimou grande parte dessas populações. Esse processo de extermínio físico e cultural pode ser compreendido como uma tentativa de apagamento das identidades indígenas em prol do projeto colonial.

2.2 Discussão sobre a visão eurocentrista em relação aos povos nativos

A partir disso, nota-se que o “choque de culturas” a partir de uma visão eurocentrista foi encarregado de caracterizar os povos nativos como selvagens. O pesquisador e historiador Pierre Clastres, autor do livro “A Sociedade Contra o Estado”, aborda em sua obra a desmarginalização da cultura dos povos originários das Américas. Um ponto muito fixado em suas reflexões é a ausência de um Estado opressor, autoritário, regulador e político na estrutura social desses povos. Em primeiro lugar, causa estranheza para os seres humanos de cultura ocidental, mas a abordagem realizada pela obra permite um senso crítico de inversão sobre o pensamento de “selvagem, atrasado,” e “civilizado”. Uma vez que, os povos originários os quais se organizam em sociedades não estatais são capazes de promover fomentos durante todo o ano a partir de uma agricultura de subsistência que não gera excedentes, além disso, o trabalho é racional, prazeroso, e realizado cerca de apenas um terço do ano sobrando tempo para atividades de lazer como pesca e rituais, por exemplo.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (25.9 Kb)   pdf (244.3 Kb)   docx (30.3 Kb)  
Continuar por mais 14 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com