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DE AFRICANO A AFRO-BRASILEIRO: ETNIA, IDENTIDADE, RELIGIÃO

Por:   •  5/6/2021  •  Resenha  •  1.071 Palavras (5 Páginas)  •  324 Visualizações

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De africano a afro-brasileiro: etnia, identidade, religião

O texto debate a formação da identidade da nação brasileira, composta e forjada pela mão de obra escrava em nome do 'progresso'. Durante mais de três séculos milhões de escravos foram trazidos das mais diversas regiões subsaarianas, onde era mais fácil capturá-los. O domínio imperial na África favorecia esse comércio infame e lucrativo, porque colocava a população nativa sob condições de guerras, revoltas e instabilidade interna. Anterior à descoberta da América, já havia a prática de cativeiro na África, e posteriormente houve exportação de escravos para a Europa, mas foi no novo continente que a prática se tornou verdadeiramente lucrativa. A origem do tráfico escravista mudou bastante ao longo dos séculos, pois dependia de dinâmicas, acordos e interesses das potências envolvidas, portanto a gama étnica e linguística dos escravos fornecidos ao Brasil era muito diversa, bem como as tradições religiosas regionais de cada grupo.

A demanda econômica colonial brasileira se alternava significativamente com o passar do tempo, inclusive geograficamente. Ao longo do período colonial (e imperial) destinava-se, por exemplo, ao trabalho nos engenhos de açúcar na Bahia e Pernambuco; fumo em Sergipe; algodão no Maranhão e Pará; café em Minas Gerais e mais tarde o garimpo do ouro e diamante, além é claro dos serviços domésticos por toda parte. Portanto, o direcionamento e a dinâmica de produção mudavam bastante com o passar do tempo.

Com o desenvolvimento nas cidades na virada para o século XIX, criou-se demanda para um se um mercado de serviços urbanos. Uma nova dinâmica fazia surgir os "escravos de ganho" que ofereciam suas habilidades e recebendo pagamento em dinheiro, uma nova forma de exploração, já que o senhor do escravo ficava com tudo, ou com grande parte. A escravidão foi urbanizada, os escravos desenvolveram novas sociabilidades e expandiam seus movimentos, alterando o antigo sistema de catividade, já que não era necessário permanecer na propriedade do senhor, e nem a manutenção da senzala. Mas faziam parte desta força de trabalho urbana os “emancipados”, africanos trazidos pelo tráfico ilegal. Entretanto, ainda existia a atividade agrícola e mineradora, que permanecia espalhada por todo o interior rural.

A origem étnica dos escravos africanos era dividida entre como “banto” - povos da África Meridional - e “sudanês”, - origem da região da Etiópia ao Chade e sul do Egito à Uganda - uma referência feita à grosso modo, que englobava diversas etnias e origens africanas muitas vezes se referiam ao ponto de embarque, que era registrado apenas por interesse comercial, podendo englobar escravos do interior que percorriam o trajeto até a partida e complicava a identificação. Esse sistema causava o apagamento das origens culturais, não estimulando o agrupamento de escravos de mesmas origens por receio de rebeliões. Contudo, em outras épocas a Coroa mudou a política e tentou agregá-los para melhor controle. Era predominante nas grandes cidades os africanos recém-chegados, mas em qualquer contexto, havia uma tendência de aglomerações, por conta de etnia e nacionalidade, sejam libertos ou escravos. Apesar disso, no interior, ou em locais onde a importação de escravos já era antiga, poucos falavam a própria língua e o quase nenhum vestígio cultural existia. A miscigenação com o índio e o branco, somada à cultura brasileira em formação, intensificava o apagamento dos traços culturais nos povos africanos. Uma série de fatores como, por exemplo, a proibição do tráfico e as secas em algumas partes do Brasil, resultaram na realocação dos escravos de uma parte a outra, aumentando ainda mais a dispersão da herança cultural.

O texto conecta todos esses fatores ao distanciamento do negro da África e da aproximação com o Brasil, no que se refere à formação de identidade, contribuindo para a mistura cultural de caráter ‘nacional’. Com o fim da escravidão, a população negra, na tentativa de se integrar na sociedade como brasileiros, não como africanos, se desinteressado de suas próprias origens. Os precedentes étnicos dos africanos, perderam sua importância e caíram no esquecimento. Todos os negros passaram a ser classificados simplesmente como negros, africanos ou de origem africana. Formou-se o tipo 'negro', generalização feita por toda a América que contribuiu para o distanciamento das origens.

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