Desafio No Planejamento De Politicas Publicas
Trabalho Escolar: Desafio No Planejamento De Politicas Publicas. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: jersonrosato • 23/10/2014 • 5.310 Palavras (22 Páginas) • 808 Visualizações
Desafios do planejamento em políticas públicas:
diferentes visões e práticas*
SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Visões típicas de planejamento e implementação de
políticas públicas; 3. A literatura de planejamento e implementação de políticas
públicas; 4. O que é planejamento? 5. Considerações finais.
SUMMARY: 1. Introduction; 2. Typical views of public policy planning and
implementation; 3. Literature on public policy planning and implementation; 4.
What is planning? 5. Final remarks.
PALAVRAS-CHAVE: planejamento; políticas públicas; implementação; Brasil.
KEY WORDS: planning; public policies; implementation; Brazil.
Este artigo analisa conceitualmente as diversas maneiras de se pensar planejamento,
particularmente com respeito a políticas públicas. O artigo focaliza principalmente
os problemas de planejamento nos chamados países em desenvolvimento,
em especial no Brasil. Esses problemas estão relacionados à ênfase dada ao
tecnicismo, à burocracia de formulação e controle e às previsões dos economistas.
Isso tende a colocar sombra na parte mais importante do planejamento: o processo
de decisão, que é uma construção política e social. O artigo mostra que o planejamento
em políticas públicas tem de ser visto como um processo, e não como um
produto técnico somente. A importância do processo se dá principalmente na
implementação, pois esta é que vai levar aos resultados finais das políticas, programas
ou projetos. O artigo argumenta que o planejamento é um processo de decisão
político-social que depende de informações precisas, transparência, ética, temperança,
aceitação de visões diferentes e vontade de negociar e buscar soluções conjuntas
que sejam aceitáveis para toda a sociedade, principalmente para as partes
envolvidas, levando continuamente ao aprendizado.
* Artigo recebido em ago. e aceito em dez. 2005. Versões deste artigo foram publicadas nos anais do
Enanpad 2005 e em Martins e Pieranti (2006).
** Professor adjunto da Ebape/FGV. Endereço: Praia de Botafogo, 190, sala 507 — Botafogo — CEP:
22250-900, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: puppim@fgv.br.
274 José Antônio Puppim de Oliveira
RAP Rio de Janeiro 40(2):273-88, Mar./Abr. 2006
Challenges of public policy planning: different views and practices
This article analyzes the different ways policymakers and academia deal with public
policy planning especially in developing countries, Brazil in particular. It points
out that many public policy problems in developing countries are related to the
way planning is carried out, as a technicist and bureaucratic activity, centralized in
the hands of economists and focused on prediction models. This leads to shortcomings
in the main points of the planning activity: the decision-making process,
which is a social and political construction. After reviewing the history of planning
in Brazil and in the world, the text argues that planning in Brazil needs less simulations
and econometric models, and more precise information, transparency, ethics
and common sense to accept different views, as well as a willingness to negotiate
and involve the stakeholders.
1. Introdução
Muitas pessoas vêem planejamento como uma questão de fazer planos, delegar responsabilidades,
se necessário passar leis e determinar o orçamento. No Brasil, especialmente
em nível federal, o planejamento ainda é visto como uma coisa quase que
estritamente tecnicista dominada por economistas e burocratas. Eles assumem que uma
vez tendo o plano certo, a implementação sairá automaticamente. Porém, a realidade
tem sido diferente: muitos projetos, programas e políticas falham na implementação
como planejado ou têm impactos negativos inesperados. Temos longas décadas de experiências
fracassadas de planejamento, com planos mirabolantes ou megalômanos, que
no papel funcionam, mas não na prática, onde alcançam resultados decepcionantes ou
desastrosos. Exemplos incluem a Transamazônica, o Polonoroeste e atualmente o famigerado
Fome Zero, sem falar nos incontáveis e catastróficos planos econômicos. Somas
consideráveis de recursos são gastas, e só contribuem para o alongamento das décadas
perdidas. Por que costumamos falhar então?
Este artigo tenta responder essa pergunta. Ele faz uma análise conceitual sobre
as diversas maneiras de se pensar planejamento, particularmente com respeito a
políticas públicas. Focaremos principalmente nos problemas de planejamento nos
chamados países em desenvolvimento, em especial no Brasil. A ênfase dada à burocracia
de formulação e controle e às previsões dos economistas tende a colocar sombra
na parte
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