Desenvolvimento Regional e a Formação dos Distritos Industriais: o caso da Terceira Itália
Por: Samanta Diniz • 11/6/2018 • Resenha • 1.019 Palavras (5 Páginas) • 220 Visualizações
Desenvolvimento regional e a formação dos distritos industriais: O caso da Terceira Itália
Em muitos lugares do mundo, hoje em dia os pobres estão ficando mais pobres, enquanto os ricos ficam mais ricos. O desemprego rural produz a migração em massa para as cidades, redundando em uma taxa de crescimento urbano que sobrecarregaria os recursos até das mais ricas sociedades. O desemprego rural converte-se em desemprego urbano (Schumacher, 1983).
Segundo o mesmo autor enquanto o esforço desenvolvimentista se concentrar, sobretudo nas cidades grandes, nos locais onde é mais fácil instalar novas indústrias, a concorrência dessas indústrias aumentará ainda mais a desintegração e destruirá a produção não agrícola do restante do país. O que provocará maior desemprego e acelerará mais ainda a migração de indigentes para cidades.
É preciso criar serviço para todos, pois para o homem pobre a maior de todas as necessidades é a oportunidade de emprego. A tarefa consiste, pois, em gerar milhões de novos empregos nas áreas rurais e cidades pequenas:
- Primeiro: Tem de ser criadas indústrias nas áreas onde as pessoas vivem agora e não, primordialmente, em regiões metropolitanas para as quais tendem a migrar.
- Segundo: Essas indústrias têm de ser baratas para que possam ser criadas em grande quantidade, sem exigir um nível inatingível de formação de capital e importações.
- Terceiro: Os métodos de produção empregados devem ser relativamente simples, de sorte que a demanda de grandes qualificações seja minimizada, não apenas no processo de produção, mas também em matéria de organização, fornecimento de matérias-primas, financiamento, comercialização, etc.
- Quarto: A produção deve ser, sobretudo, dependente de materiais locais e para consumo local. Deve haver um enfoque ”regional” do desenvolvimento com uma tecnologia intermédia.
Se a finalidade do desenvolvimento e levar ajuda aos que mais precisam dela, cada ”região” ou ”distrito” do país necessita de seu próprio desenvolvimento. É isso o que se entende por enfoque ”regional” (Schumacher, 1983).
O Território da Terceira Itália se transformou nos últimos 50 anos como uma das regiões mais prósperas da Europa. A partir da década de 60 e 70 emergia ao seio das regiões italianas do Nordeste e do Centro a presença difusa de pequenas empresas através de uma indústria especializada (Sampaio, 2002). Esse Distrito Industrial se caracteriza pela mistura de concorrência-cooperação, que conta com um conjunto de pequenas e médias empresas.
Historicamente falando, é possível afirmar que o modelo da Terceira Itália é constituído de um misto de “distritos industriais”, “sistemas locais de produção” e “clusters”. Na Terceira Itália os clusters levam em conta a tradição local de uma linha de produtos, experiência de cooperação entre os empresários, fatores locacionais favoráveis, recursos naturais (agroindústrias), energia, recursos humanos e ambiente institucional favorável (Leite, 2012).
A Terceira Itália compreende as regiões de Vêneto, Trentino,Friuli-Venezia, Giulia, Emilia-Romagna, Toscana, Marche e parte de Lombardia. É possível observar que regiões inteiras passaram de uma economia ligada a atividades agrícolas a uma economia industrial alicerçada pelo renascimento das pequenas empresas.
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O que contribuiu para difusão dessas pequenas empresas foi exploração da mão de obra nas grandes indústrias, inflexibilidade da relação capital e trabalho, criação do clima social, cultural e político que permitiu a cooperação para a criação de pequenas empresas. Num mundo onde o emprego é cada vez mais escasso o desenvolvimento de empresas de pequeno e médio porte torna-se indispensável para a geração de novos postos de trabalho capaz de internalizar processos de inovação tecnológica para a aprendizagem produtiva.
Todos os insumos e estruturas necessários para a produção são encontrados no território, pois a região desempenha a função integradora do processo produtivo de um distrito industrial dinâmico (Sampaio, 2002). Segundo Leite (2012), esse novo polo industrial concentra principalmente atividades de fabricação de calçados, cerâmica (mais importante do País), têxtil, confecções de fama mundial, implementos agrícolas, autopeças, máquinas, ferramentas e uma infinidade de produtos agroindustriais.
Tal conglomeração dinâmica do processo produtivo possibilitou aos pequenos produtores italianos visualizar e aproveitar as oportunidades. O seu sucesso se deve principalmente a criação da rede de pequenas e médias empresas regionalizadas e ao conjunto de inovações tecnológicas adaptadas a essa nova economia regional.
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