Desigualdade, pobreza e políticas públicas: notas para um debate

SCALON, Celi. "Desigualdade, pobreza e políticas públicas: notas para um debate". Contemporânea, nº 1, 2011

Scalon coloca a questão da desigualdade social como um fator muito além do que se pensa sobre os aspectos econômicos: é uma vicissitude política. Para ele, quando parte da população se encontra em situações de vulnerabilidade social, a mesma também possui dificuldades em conseguir estabelecer o nível da escala de desigualdade onde se encontra. Além disso, o poder em relação aos assuntos governamentais é pouco presente nas classes mais baixas, uma vez que este se torna atingível quando há financiamento em capital o suficiente (SCALON, 2011: 49-51).

No texto, também é retratada a ligação entre a desigualdade e a pobreza. Uma está vinculada à outra, mas ambas são prescindíveis entre si. A desigualdade abarca tanto os mais favorecidos quanto os menos favorecidos política, econômica e socialmente: este é o conceito de desigualdade. Já a pobreza, trata-se do impedimento causado pelas circunstâncias das instituições, isto é, precariedade, por exemplo, no acesso à educação. Isso pode levar a situações como a invisibilidade social. Portanto, a pobreza não é somente tratada como uma condição econômica, mas também como um problema de ordem social (SCALON, 2011: 52-55).

A autora ainda sugere maneiras de enfrentar a desigualdade, como investimentos na educação e a reforma agrária, para subsidiar possibilidade de mobilidade social. No entanto, ele afirma que o Brasil é um país tradicional no sentido de não dar credibilidade às possíveis mudanças na sociedade. Desse modo, o poder e as condições de bem-estar público permanecem concentrados nas mãos da elite econômica. Para romper essa tradição, a igualdade de oportunidades vem à tona: é necessário que políticas focalizadas, ou seja, centradas em um escopo social, como a garantia dos direitos das minorias, e políticas universalizadas, centradas em atender várias demandas da sociedade, como a saúde, sejam unidas para vencer a desigualdade nos âmbitos econômico, legal, educacional e da saúde (SCALON, 2011: 60-65).