Discussão do trabalho como princípio constitutivo organização curricular integrada
Pesquisas Acadêmicas: Discussão do trabalho como princípio constitutivo organização curricular integrada. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: luhcalixto • 3/12/2013 • Pesquisas Acadêmicas • 5.429 Palavras (22 Páginas) • 355 Visualizações
TRABALHO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA COMO
PRINCÍPIOS FUNDANTES DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
INTEGRADA: UMA LEITURA POLÍTICA1
Work, science, technology and culture with as founding principle of the
integrated curriculum organization: an political learning.
José Mario Angeli
angeli@uel.br
Universidad Estatal de Londrina
Enfrentar o tempo da modernidade como tragédia das
contradições insolúveis, como responsabilidade da decisão
que separa, produz conflito, seleciona interesses e valores.
(Pietro Barcelona)
RESUMO: O objetivo deste artigo é discutir o trabalho como princípio fundante da
organização curricular integrada. Um projeto unitário de ensino médio sob os princípios do
trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura deve estar fundado na educação tecnológica.
Ela deve ser a expressão de uma educação que retome os princípios da escola unitária,
como foi pensada por Gramsci, como da educação politécnica que combina os elementos –
trabalho, ciência, tecnologia e cultura– na prática e nos fundamentos científico-tecnológicos
e histórico-cultural.
PALAVRAS-CHAVE: trabalho, ciência, tecnologia, hegemonia e política.
ABSTRACT: The aim of the present paper is to argue the work as founding principle of
the integrated curriculum organization. A unitary project of average education under the
principles of the work, science, technology and culture must be established in the
technological education. It must be the expression of an education that retakes the
principles of the unitary school, as it was thought by Gramsci, as in the polytechnical
education that combine the elements –work, science, technology and culture– in the
practical one and in the scientific and historic-cultural beddings.
KEY-WORDS: work, science, technology, hegemony and political
1 Recibido en julio de 2009.
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Revista Philosophica
Vol. 35 (Semestre I / 2009) Valparaíso
(7 – 21)
1. A crise da escola e da educação profissional não é novidade na sociedade capitalista.
Fala-se muito da necessidade de mudanças com relação aos conteúdos curriculares e aos
métodos de ensino em nossas escolas. Qual é o modelo educativo que motiva, ou não, os
estudantes a se empenharem em seus estudos? Existe perspectiva de emprego para os recém
formados de nossas escolas? Porque os saberes que lhes são transmitidos não os ajudam, ou
ajudam, a compreender um tipo de mundo em que eles vivem? Pode-se partir destas
indagações para compreender a relação que se estabelece entre o “mundo do trabalho” e a
“formação profissional” necessária para atender às atuais demandas do mundo do trabalho.
Compreender o trabalho, no seu mais amplo significado, implica compreender o seu valor
“ontológico” e “filosófico”. O trabalho como atividade ontológica é o elemento
estruturador do ser social. Ele é um valor intrínseco à vida humana e ao conhecimento do
homem, pois no momento em que, pelo trabalho se proporciona a relação do homem com a
natureza e com os demais seres, o homem se estabelece como construtor do universo.
Então, para pensar o trabalho parece ser necessário, antes de tudo, pensar o que é o homem.
Como se define e quais são as determinações que o homem encontra nesta sociedade que o
fazem ser mais ou menos homem.
O ponto de partida para entender o trabalho, as determinações que demarcam o processo de
tornar-se homem, é entender o caminho de suas manifestações sociais e do processo de seus
atos, não de forma abstrata, mas daquilo que ele é e daquilo que ele pode ser nas condições
de hoje, não de uma vida qualquer e de um homem qualquer.2
O primeiro o ato humano, para Marx, é o ato de trabalhar. Marx enfatiza a diferença do
homem com a pura física, recusando-se a estabelecer uma relação mimética entre o homem
e os animais. A diferença entre eles está na consciência. Diz ele: “uma aranha efetiva
operações parecidas com as do tecelão, e a abelha poderia envergonhar muito arquiteto
humano (Baumeister) pela construção de suas celas. Mas, o que distingue o pior arquiteto
da melhor abelha é que o arquiteto constrói (gebaut) a cela na sua cabeça antes de
construí-la na cera. No final de todo o processo de trabalho, emerge um resultado que já
tinha sido concebido na representação (Vorstellung) no início, logo já existia de modo
ideal (ideell)”.3
O processo real do trabalho se tem a partir dos fatos reais, empiricamente verificáveis, que
dão sentido ao ser humano. O ato de trabalhar possui dois momentos: o de causalidade e o
de teleologia, de igual estatuto ontológico.
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