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Doenças ocupacionais na construção

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Por:   •  27/11/2014  •  Pesquisas Acadêmicas  •  2.593 Palavras (11 Páginas)  •  152 Visualizações

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Doenças ocupacionais na construção

16/Setembro/2004

Veja quais são as principais enfermidades que atingem o trabalhador e como preveni-las

Já diz o senso comum: "é melhor prevenir do que remediar". E é bom mesmo prestar atenção na sabedoria popular, já que muitos trabalhadores do ramo da construção civil estão sujeitos a contrair uma série de doenças diretamente relacionadas à sua ocupação. Felizmente, tais moléstias profissionais são, em grande parte, facilmente evitáveis, desde que alguns cuidados básicos sejam tomados.

O principal cuidado, concordam os especialistas, é o uso dos equipamentos de proteção, sejam as vestimentas (botas, luvas, capacetes, óculos, roupas impermeáveis, máscaras) ou os aparatos que limitem a ação de fontes excessivas de luz, som, vibração, calor, umidade, poeira e outras que podem causar danos à saúde dos trabalhadores.

Para ajudar a prevenir, é importante saber de onde podem surgir os problemas. "Podemos dividir as fontes de risco de doenças em físicas, químicas ou biológicas", explica o doutor Douglas de Freitas Queiroz, chefe do Departamento de Medicina Ocupacional do Seconci-SP (Serviço Social da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo).

Riscos físicos

Doenças de causas físicas são, em geral, contraídas por meio de exposição excessiva a fontes de ruído, calor, radiação, umidade, entre outros. Dentre essas, as que costumam causar danos mais freqüentes são as fontes de ruído, que provocam uma seqüência de perdas auditivas, até ocasionarem uma eventual surdez.

Estão sujeitos à diminuição da audição todos os trabalhadores que, completamente desprotegidos, são expostos a ruídos superiores a 85 dB por um período de 8 h/dia. Acima de 85 dB - mais ou menos o equivalente ao barulho de um liquidificador em funcionamento -, o tempo de tolerância ao ruído diminui drasticamente. Um trabalhador sem nenhum equipamento protetor, por exemplo, não deveria ser exposto a sons da magnitude de 116 dB - aproximadamente o barulho de um moinho de grandes proporções - por mais de 15 minutos.

O problema da perda de audição é a dificuldade de diagnóstico, já que o afetado não sente nada socialmente. O doente se acostuma com o ruído no ambiente de trabalho e só percebe que há algo de errado quando não mais consegue ouvir com perfeição a voz humana. Nesse estágio, a pessoa já perdeu cerca de 50% da capacidade auditiva.

Para evitar tal moléstia, o importante é diminuir ou a intensidade do ruído ou o tempo de exposição: basta usar anteparos ou abafadores, de preferência, individuais.

As LER (Lesões por Esforço Repetitivo, um conjunto de doenças que incluem a tendinite, a bursite, a tenossinovite) constituem outro problema bastante freqüente. Trata-se de um fenômeno complexo, causado por uma porção de fatores, inclusive psíquicos, já que o estado mental da pessoa pode influir na força física que ela emprega durante o trabalho.

Apesar do fato de tais lesões - assim como a lombalgia, adquirida por carregamento de peso de modo inadequado, que causa problemas de coluna e desgaste da musculatura vertebral - também possam ser adquiridas por meio de acidentes de trabalho, é mais comum surgirem de maneira crônica, pela execução maciça de movimentos repetidos. O método de prevenção mais difundido é a adoção de pausas regulares e de exercícios de alongamento nos quais sejam realizados movimentos contrários aos que são feitos durante o trabalho.

A exposição constante a vibrações é outro fator causador de doenças ocupacionais. O trabalho com bombas de lançamento de concreto ou rompedores, por exemplo, pode causar danos à audição e à circulação nos membros superiores, além de microrrompimentos, inclusive nos ossos. O uso de luvas é uma das proteções a serem adotadas, mas o melhor é trabalhar com equipamentos que possuam atenuadores de vibração.

Outra fonte de risco é a exposição às radiações, que se dividem em ionizantes e não-ionizantes. As primeiras (raios X, raios gama), com maior poder de alteração de células, são extremamente raras na construção civil, mas as segundas (ondas ultravioleta, infravermelha, microonda, freqüências de rádio) são mais fáceis de serem encontradas. A luz produzida pelo trabalho com uma solda elétrica, por exemplo, pode causar alterações de pele (vermelhidão) ou, em casos mais raros, afetar órgãos internos, como os testículos. Nesse caso, há diminuição da produção de espermatozóides.

Mas a doença mais comum causada pela radiação é um tipo de conjuntivite, caracterizada por ardor nos olhos, que surge após duas ou três horas de trabalho sem proteção. "O soldador normalmente não é afetado, pois usa óculos protetores. O mais visado é o assistente", lembra o doutor Queiroz.

Catarata e cegueira seriam as conseqüências mais drásticas da exposição desprotegida à luz forte. Por sinal, o Sol e outras fontes de calor também podem causar insolação, problema facilmente evitável com o uso de capacete.

Outro agente físico que pode causar distúrbios é a umidade, em geral, mais presente em trabalhos realizados no subsolo, que afeta as defesas do organismo, provocando queda de imunidade. Sob tais condições, fica mais fácil adquirir doenças infecciosas, além de problemas como o reumatismo.

Um pouco mais raros são os problemas decorrentes do trabalho em condições hiperbáricas - em ambientes de grande pressão atmosférica -, como em plataformas submarinas, por exemplo. Os problemas decorrentes são lesões no ouvido, nos ossos (o fêmur é um dos mais atingidos) e a embolia gasosa, evitada com uma paulatina descompressão ao sair da água.

Riscos químicos e biológicos

Enfermidades causadas por agentes químicos surgem, em geral, do contato com tintas, solventes e outros produtos. Uma das mais comuns é a dermatite de contato. "É causada pela alergia a um produto químico presente no cimento", explica o doutor Anacleto Valtorta, médico do trabalho do Hospital das Clínicas de São Paulo.

O produto chama-se bicromato e, em contato com a pele, provoca coceiras, vermelhidão e até mesmo o aparecimento de vesículas. "Uma pessoa pode desenvolver a alergia de início ou ser exposta ao bicromato por anos até desenvolver a doença", explica o doutor Queiroz. Portanto, recomenda-se cuidados básicos, como não deixar

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