Estado E Sociedade Civil Na História Das Políticas Sociais Brasileiras
Casos: Estado E Sociedade Civil Na História Das Políticas Sociais Brasileiras. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: shalonadonai • 15/5/2014 • 5.031 Palavras (21 Páginas) • 840 Visualizações
Resumo: O presente artigo discute os elementos condicionantes das políticas sociais no Brasil através de sistematização dos
dados históricos sobre as políticas sociais e os movimentos sociais no país. Procuramos tomar como diretriz de análise a
correspondência histórica entre ambos, destacando especialmente os principais acontecimentos voltados para as lutas por melhores
condições de vida e pelo aumento dos direitos sociais na legislação brasileira.
Palavras-chaves: Estado brasileiro; movimentos sociais; política social; legislação social.
Abstract: The present article discusses the elements that drive welfare policies in Brazil by means of the organization of historical
data on welfare policies and social movements in the country. The historical correspondence between both of them was considered
the focus of the analysis, highlighting the main events concerning the fights for better life conditions as well as for the increase of
social rights in Brazilian legislation.
Key words: Brazilian State; Social movements; Welfare policies; Welfare legislation.
Estado e Sociedade Civil na História das Políticas Sociais Brasileiras
State and Civil Society in the History of Brazilian Welfare Policies
Maria Luiza Amaral Rizotti*
Introdução
O estudo dos elementos condicionantes das políticas
sociais no Brasil não constitui tema inovador no
âmbito da produção científica do Serviço Social.
Contudo, mostra-se ainda relevante a sistematização
de dados históricos sobre as políticas sociais e os
movimentos sociais no país. Por sua vez, já há uma
importante produção na literatura técnica acerca da
especificidade das condições sob as quais se processaram
a estruturação e o desenvolvimento das políticas
sociais no Brasil. Nesta introdução desejamos
retomar este último tema, a partir de uma ótica particular.
A comparação sucinta que realizaremos entre
as principais características do caso nacional e os
traços predominantes nos países europeus nos
permitirá vislumbrar em que consistiu tal singularidade.
O período de maior intensidade na instauração de
sistemas de seguridade social nos países europeus
pode ser determinado a partir do encerramento da
Segunda Guerra Mundial. Naquele contexto, a neces-
* Doutora em Serviço Social pela PUC/SP; docente do Departamento de Serviço Social da da Universidade Estadual de Londrina.
sidade de reconstrução das economias nacionais
européias encontrou uma classe trabalhadora fortemente
mobilizada, com crescimento da base social
dos partidos de ideário socialista, motivado pela
sensação de forte insuficiência do capitalismo e pela
presença da União Soviética entre os países vencedores
da guerra.
Além disso, a última metade da década de 1940 e
as duas próximas foram o palco de um vertiginoso
crescimento do socialismo em todo o mundo, através
de revoluções políticas que estenderam os regimes
socialistas inicialmente por todo o leste europeu e, a
seguir, em alguns outros países. Nesse contexto
político de difusão do ideário socialista foi que se
plasmaram os sistemas de seguridade social da
Europa Ocidental, como resposta política daqueles
Estados nacionais às demandas das classes trabalhadoras
(HOBSBAWM, 1998).
Apesar de constituírem respostas às reivindicações
da sociedade civil, a constituição do Estado de
Bem-Estar naqueles países inaugurou uma era na qual
a manutenção do modelo econômico e social capi40
Semina: Ci. Soc. Hum., Londrina, v. 22, p. 39-56, set. 2001
talista encontrou-se fortemente vinculada à implantação
de políticas sociais que formavam sistemas de
seguridade crescentemente abrangentes. Mesmo
inexistindo uma base de negociação que pudesse ser
identificada em torno de reivindicações pontuais, ou
que se destinasse a atingir o horizonte de um modelo
econômico igualitário, esse fenômeno produziu naquelas
sociedades o surgimento de uma perspectiva de
melhorias progressivas nas condições de vida de suas
populações.
Isso se consubstanciaria em estabilidade econômica
duradoura, com situações prolongadas de pleno
emprego, eficientes sistemas de aposentadoria e
ascensão social entre as gerações mais novas – em
suma, o ideário dos “30 anos dourados do capitalismo”,
nos quais as crises econômicas
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