Fichamento Interpretações do populismo
Por: julipa • 8/11/2015 • Trabalho acadêmico • 1.493 Palavras (6 Páginas) • 383 Visualizações
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Fichamento: Interpretações do populismo
Aluna: Juliana Soares de Oliveira
Disciplina: Política Brasileira 1
Curso: Ciências Sociais – 5º Período
Professor: Leonardo Barbosa e Silva
Referência Bibliográfica: IANNI, O. (várias edições). Estado e Planejamento Econômico no Brasil (1930-1970), Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, Introdução e caps. 2. (p. 7-31).
Interpretações do populismo
Movimentos, partidos e governos
“Dentre os fenômenos políticos mais característicos dos países da América Latina, no século XX, o populismo é um dos que têm sido mais extensamente estudados. [...] Nesses estudos, são frequentes expressões como as seguintes: battlismo, no Uruguai, yrigoyenism e peronismo, na Argentina, varguismo e trabalhismo, no Brasil, velasquismo, no Equador, odrirismo e aprismo, no Peru, gaitanismo em Porto Rico [...], entre outros.” (p. 07).
“Nem por isso as análises conhecidas revelam acordo básico. Em geral elas estão divorciadas uma das outras, quando não são contraditórias entre si. Muitas interpretações, no entanto, mostram algum consenso, quanto a certos aspectos do problema. Nos estudos conhecidos encontram-se dados e análises sobre o populismo como fenômeno típico da passagem da sociedade tradicional, arcaica ou rural, para a Sociedade moderna, urbana ou industrial. [...] Em outro nível, os estudos discutem as dicotomias elite-massa, carisma-demagogia, democracia-autoritarismo, populismo-fascismo e outras. Na maioria dos casos, perpassa a ideia de que os fenômenos populistas correspondem a formas ‘subdesenvolvidas’ ou ‘degradadas’ de organização das atividades políticas. [...] Na maioria dos estudos sobre o populismo na América Latina, pois, trabalha-se com base no pressuposto de que os movimentos e massas, os partidos políticos e os governos populistas: a) seriam fenômenos políticos produzidos no interior do processo mais amplo de modernização das sociedades latino-americanas; ou b) seriam fenômenos menos políticos produzidos pela incapacidade das sociedades latino-americanas realizarem a democracia representativa, segundo o modelo europeu ou norte-americano.” (p.08).
Populismo e relações de produção
“Sob vários aspectos, o populismo latino-americano parece corresponder a uma etapa específica na evolução das contradições entre a sociedade nacional e a economia dependente. A natureza do governo populista [...] está na busca de uma nova combinação entre as tendências do sistema social e as determinações da dependência econômica. Neste contexto as massas assalariadas aparecem como um elemento político dinâmico e criador. As massas populistas [...] possibilitam a reelaboração da estrutura e atribuições do Estado. Segundo as determinações das próprias relações sociais e econômicas, na época do populismo, o Estado revela uma nova combinação dos grupos e classes sociais, em âmbito nacional e nas relações externas. O colapso das oligarquias liberais ou autoritárias constituídas no século XIX, juntamente com as crises do imperialismo europeu e norte americano, abrem novas possibilidades à reorganização do aparelho estatal, isto é, do Estado com a sociedade nacional. Ai as massas aparecem como um elemento político importante e às vezes decisivo.” (p.09).
“[...] Para compreender satisfatoriamente a natureza das relações de classes inerentes aos movimentos de massas, é preciso distinguir ainda dois outros níveis do problema. Em primeiro lugar, é preciso focalizar o populismo das cúpulas, isto é, dos governantes, políticos burgueses profissionais, burguesia nacional, burocratas políticos, pelegos, demagogos. [...] Em situações críticas, abandona as massas à própria sorte, sem antes impedir que elas avancem um passo decisivo nas lutas políticas. Em segundo lugar, é necessário focalizar o populismo das próprias massas, isto é, dos operários, dos migrantes de origem rural, dos grupos sociais pertencentes à baixa classe média, dos estudantes universitários radicais, dos intelectuais de esquerda, dos partidos políticos de esquerda.” (p.10).
Semelhanças e diferenças entre países latino-americanos
“Na análise comparativa de fatos histórico-sociais podemos adotar uma dupla perspectiva, de modo combinado. Podemos focalizar tanto o que é peculiar a este ou aquele país, em dado momento, como o que é geral, ou significativo, para vários países ao mesmo tempo.” (p.12).
Processo histórico e peculiaridades nacionais
“Não há dúvida de que seria ilusório tomar a América Latina como um todo homogêneo. As disparidades políticas, econômicas, linguísticas e religiosas, entre outros aspectos, são evidentes e mais significativas do que as interpretações gerais normalmente deixam supor. [...] Entretanto, os países latinos americanos estão inseridos no sistema capitalista mundial. A história da América Latina e de cada um de seus países é parte intrínseca da história do capitalismo.” (p.13).
“[...] junto com a heterogeneidade dos países latinos americanos subsistem semelhanças e paralelismos.” (p.14).
“Assim, as épocas históricas dos países da América Latina estão parcial ou amplamente determinadas, conforme o caso, pelas flutuações e desenvolvimentos do capitalismo mundial; [...] Buscamos tão somente apresentar algumas hipóteses novas para a explicação de fenômenos populistas, particularmente governos, em países latino-americanos.” (p.15).
Os populismos russo e norte-americano
“Em síntese, os populismos mencionados aqui apresentam a peculiaridade de ser uma reação negativa contra a hegemonia da cidade e da indústria sobre o campo e a agricultura. Nos Estados Unidos, ele defendia o capitalismo agrário, acima de tudo. Nos outros países, principalmente na Rússia, extremava-se na negação do capitalismo.” (p.19).
Modernização e democracia
“A problemática do populismo tem sido abordada por alguns pesquisadores em termos de mudança social, modernização e democratização. [...] isto é, os fenômenos relativos ao populismo [...] são pesquisados e interpretados à luz desses processos sociais. [...] Assim, procura-se estabelecer uma relação de causa e efeito entre a ‘revolução de expectativas’, que acompanhariam necessariamente a migração do campo para a cidade, e a adesão de amplas massas à ‘demagogia’ de líderes populistas. Recém-chegados do campo, com escassa ou nula compreensão dos valores e padrões socioculturais da cidade, os migrantes formam na periferia das cidades. [...] considera-se que as massas marginais, ou classes populares, recém-constituídas nas periferias da cidade não dispõem ainda das condições psicossociais, ou horizonte cultural, que se supõe específicas do comportamento urbano e democrático.” (p.19).
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