Meio Ambiente
Trabalho Universitário: Meio Ambiente. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Feb1010 • 16/9/2013 • 3.851 Palavras (16 Páginas) • 243 Visualizações
“ EM ALGUM LUGAR DO PAÍS ”
- Tenho uma entrevista marcada com o dono da fábrica.
- Qual dos dois? Dr. Simplício ou Dr. Veiga?
- Dr. Simplício.
- Quem devo anunciar, por favor?
- Salviato, Salviato Couto Bitola.
- Muito bem, "seu" Salviato. Pode entrar que o Dr. Simplício irá atendê-lo neste instante.
Dizendo um eloqüente "muito obrigado", o visitante (parecia um vendedor, pois carregava uma valise enorme) adentrou o escritório de um dos proprietários da empresa e foi logo disparando nos ouvidos do empresário:
- Quero propor-lhe um negócio da China, aliás, do banheiro. Que tal suas vendas de papel higiênico aumentarem em cinqüenta por cento?
- O senhor é mágico? perguntou ironicamente o Dr. Simplício, Simplício Galileu da Silva, o advogado.
- Não se trata de mágica, mas de um dispositivo administrativo muito importante: Marketing direcionado.
- Marketing direcionado?
- O doutor sabia que existe no mercado um consumo muito grande por parte dos estudantes, principalmente vestibulandos, de velas, patuás, fitas e incensos? Acreditam que essa parafernália toda lhes ajude nas provas.
- Mas...
- Tenho certeza. Ensino já há vinte e cinco anos. Observo esse comportamento desde quando lecionava nos cursos de segundo grau.
- Professor...
- Inclusive fui homenageado várias vezes.
- Professor Salviato, confesso que não estou entendendo nadinha do que o senhor está falando, perdoe-me...
- As fórmulas!
- Que fórmulas, professor?
- O terror dos alunos e alunas, o terror dos estudantes do mundo.
- Terror?
- Os vestibulandos têm verdadeira obsessão por decorar fórmulas, Dr. Simplício.
- Mas são obrigatórias as fórmulas para resolver problemas, professor.
- Ah! Sem elas estão perdidos! São fundamentais. Por isso é que a molecada fica horas decorando as tais fórmulas, doutor.
- E daí? O que minha fábrica de papel higiênico tem a ver com problemas educacionais?
- Como o senhor deve saber, os vestibulandos não podem perder tempo... sequer paras ir ao banheiro! É aqui que a sua fábrica entra.
- Onde?
- Vamos aproveitar o tempo gasto pelos estudantes no banheiro para instruí-los!
- Ah! O senhor pretende colocar em cada banheiro do Brasil um professor?!
- O doutor está enganado.
- Puxa vida, professor!
- Marketing. Marketing direcionado, Dr. Simplício.
- Ora! Que merda de Marketing é esse, professor Salviato?
- Vamos estampar no papel higiênico todas as fórmulas de que os estudantes precisam para passar no vestibular. A cada dez centímetros, uma fórmula gravada em negrito. Fórmulas de Física, de Química e de Matemática impressas no papel higiênico!
- Professor...
- Mas não é só isso, não.
- Ah! Não...
- Cada fórmula será acompanhada de uma frase engraçada ou curiosa que os ajudará a decorá-la.
- Fórmulas com frases?
- É o segredo para aumentar as vendas do seu papel, doutor.
O professor Salviato, muito empolgado, abriu então sua valise de vendedor experimentado e tirou um calhamaço de fórmulas misturadas com frases aparentemente sem sentido:
“Rabibi, me vê um quibe”
“Vilma, cadê o terço do Pirocubo?”
“Lambida na ferida”
“Sorvete”
“Quero viver bem sem a Alfa”
“Rui divide o Uno com o Irineu”
“Piuí... Piuí... Piuí abacaxi”
“Sem ir, sem ver: nem pensar”
“Trabalha feito doido Costeta”
“Edu”
“Yoiô mixou”
“Que macete!”
“Dez Hondas por Zegundo”
“Por você nunca rachei tanto”
- O doutor não gostou das frases? Posso torná-las cômicas. Que tal (PV = nRT): Puta velha não recusa tarado...?
- Muito bem, professor Salviato. Então acredita que o conhecimento das exatas está associado a saber fórmulas e mais fórmulas? O senhor está convencido de que passar no vestibular é uma simples questão de memória?
- E o senhor duvida disso?
- Olhe, para falar a verdade, acho que sua idéia poderá incrementar as vendas de papel higiênico. No entanto, seus conceitos sobre educação são equivocados, desculpe-me.
- Equivocados?
-Sim, equivocados! Ao defender a idéia de que é fundamental conhecer uma bendita fórmula para resolver um problema, o professor comete um grande equívoco.
- Dr. Simplício, o diploma que está atrás do senhor - apontou-o na parede - não lhe confere autoridade para falar de educação.
- Em nenhum momento de nossa conversa me esqueci de que sou advogado, isto é, proprietário de uma fábrica
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