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NOVAS TENDÊNCIAS DA PESQUISA MASS MEDIA E CONSTRUÇÃO DA REALIDADE

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Por:   •  12/3/2015  •  2.574 Palavras (11 Páginas)  •  1.704 Visualizações

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WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação de Massa. Lisboa: Editora Presença, 2003. p..: 55-99

CAPÍTULO 2 – NOVAS TENDÊNCIAS DA PESQUISA

MASS MEDIA E CONSTRUÇÃO DA REALIDADE

O segundo e terceiro capítulos expõem as tendências atuais da communication research que são capazes de ultrapassar o impasse do debate ideológico e, ao mesmo tempo, propor integrações possíveis, acerca de problemas específicos, entre domínios disciplinares diversos. (p.55)

Adquiriu-se a consciência de que «as comunicações não intervêm diretamente no comportamento explícito; tendem, isso sim, a influenciar o modo como o destinatário organiza a sua imagem do ambiente (p.56)

Lang e Lang afirmam que a situação comunicativa própria das «campanhas» (eleitorais, presidenciais, informativas, etc.) se destina a empolar o efeito de estabilidade e de reforço e a «desencorajar» a percepção de outros tipos de influência. Mas, para além do carácter específico da situação comunicativa de muitos dos estudos sobre os efeitos, «existe algo no modo como o problema foi enfrentado que pode velar algumas das circunstâncias em que os mass media são eficazes» (Lang - Lang, 1962, 682). (p.57)

A influência dos mass media é admitida sem discussão, na medida em que ajudam a «estruturar a imagem da realidade social, a longo prazo, a organizar novos elementos dessa mesma imagem, a formar opiniões e crenças novas» (Roberts, 1972, 377). (p.57)

(...) há três características dos mass media que são importantes: a acumulação, a consonância e a omnipresença (Noelle Neumann, 1973).

O conceito de acumulação está ligado ao facto de a capacidade que os mass media possuem para criar e manter a relevância de um tema, ser o resultado global (obtido após um certo tempo) do modo como funciona a cobertura informativa no sistema de comunicações de massa. (p.57)

(...) a hipótese do agenda-setting ocupa um lugar de destaque. Esta hipótese defende que «em consequência da ação dos jornais, da televisão e dos outros meios de informação, o público sabe ou ignora, presta atenção ou descura, realça ou negligencia elementos específicos dos cenários públicos. As pessoas têm tendência para incluir ou excluir dos seus próprios conhecimentos aquilo que os mass media incluem ou excluem do seu próprio conteúdo. Além disso, o público tende a atribuir àquilo que esse conteúdo inclui uma importância que reflete de perto a ênfase atribuída pelos mass media aos acontecimentos, aos problemas, às pessoas» (Shaw, 1979,96). (p.58)

O pressuposto fundamental do agenda-setting é que a compreensão que as pessoas têm de grande parte da realidade social lhes é fornecida, por empréstimo, pelos mass media» (Shaw, 1979, 96, 101). (p. 58)

No estado atual, a hipótese do agenda-setting é, portanto, mais um núcleo de temas e de conhecimentos parciais, susceptível de ser, posteriormente, organizado e integrado numa teoria geral sobre a mediação simbólica e sobre os efeitos de realidade exercidos pelos mass media, do que um modelo de pesquisa definido e estável. (p.58)

(...) as modalidades de mediação simbólica dos mass media podem ser melhor compreendidas, se a análise se estender às pressões e condições produtivas-profissionais que vinculam a feitura dos textos difundidos pela comunicação de massa. Como os estudos de newsmaking. (p.60)

(...) os diversos mass media têm uma capacidade diferente para estabelecerem a ordem do dia dos assuntos publicamente importantes. A televisão parece ser menos influente do que a informação escrita. (p.60)

(...) diz respeito aos temas e aos aspectos privilegiados na campanha televisiva das campanhas eleitorais: controvérsias, competição, «folclore político» aparecem, em detrimento da informação mais significativa e importante. (p.60)

(...) a incapacidade da informação televisiva para fornecer instrumentos cognitivos adequados a uma opção política racional não anula o fato de a televisão, com a sua informação fragmentada, fornecer globalmente uma representação da política, por exemplo, como uma arena onde, continuamente, se sucedem pseudogolpes de teatro, onde os temas se afastam reciprocamente da atenção das pessoas sem que se possa entender bem o que se pretende. (p.61)

A hipótese do agenda-setting defende que os mass media são eficazes na construção da imagem da realidade que o sujeito vem estruturando. (p.61)

(...) os temas de importância nacional, cobertos na primeira página do l'Unità são amplamente citados pelos leitores como questões que estão na ordem do dia, «o que significa que um assunto fortemente valorizado no jornal diário, tem quase todas as probabilidades de o ser também na agenda dos leitores, enquanto um assunto pouco valorizado pode, também, em condições e segundo lógicas que seriam individualizadas, ser situado pelo próprio leitor em zonas de maior centralidade (Bechelloni, 1982, 288). (p.63)

Na minha opinião, o interesse da tentativa de Benton - Frazier consiste sobretudo na articulação dos níveis de conhecimento sobre os quais se pode exercer algum efeito por parte dos mass media: a este propósito, em perspectiva, parece útil atender aos actuais estudos de psicologia cognitiva e de análise do discurso, para se exigir uma maior especificidade do agenda-setting. Esta orientação de trabalho liga-se às observações, citadas em 2.3.2, acerca da variável da «centralidade» do tema. (p.63)

O que evidencia os riscos que existem sempre nas verificações do agenda-setting, que se baseiam em medidas agregadas de dados e que prescindem das correlações com os mecanismos de exposição, percepção e memorização selectivas, os quais - quando são tidos em consideração - parecem influir no próprio efeito de agenda-setting. (p.64)

Os jornais são os principais promotores da agenda do público. Definem amplamente o âmbito do interesse público, mas os noticiários televisivos não são totalmente desprovidos de influência. A televisão tem um certo impacte, a curto prazo, na composição da agenda do público. O melhor modo de descrever e distinguir essa influência será, talvez, chamar «agenda-setting» à função dos jornais e «enfatização» (ou spot-lighting) à da televisão. O carácter fundamental da agenda parece, frequentemente, ser estruturado pelos jornais, ao passo que a televisão reordena ou ressistematiza os temas principais da agenda

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