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O Fichamento Simmel

Por:   •  7/5/2022  •  Trabalho acadêmico  •  950 Palavras (4 Páginas)  •  72 Visualizações

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Alix Marie Lobo Milman | 1810499

Sociologia Urbana | SOC1120

Fichamento do texto “A Metrópole e a Vida Mental” de Georg Simmel

  • O objeto de estudo de Simmel não a cidade em si, mas os indivíduos que habitam nela e a influência dela sobre sua subjetividade.
  • Nesse texto, Simmel busca refletir sobre o que acontece com a subjetividade daqueles indivíduos os quais habitam e interagem em cidades altamente movimentadas
  • É importante ressaltar que no contexto histórico que o autor escreve o texto (final do século XIX e início do século XX) as cidades e sociedades estão cada vez mais deixando de ser rurais e estão se industrializando e urbanizando.

  • Vida rural x vida urbana
  • O autor explora um pouco a diferença entre a vida rural com a vida na metrópole: “Com cada atravessar de rua, com o ritmo e a multiplicidade da vida econômica, ocupacional e social, a cidade faz um contraste profundo com a vida de cidade pequena e a vida rural no que se refere aos fundamentos sensoriais da vida psíquica. A metrópole extrai do homem, enquanto criatura que procede a discriminações, uma quantidade de consciência diferente da que a vida rural extrai” (p.11).
  • Para Simmel, no ambiente rural o homem agiria com o coração, e no ambiente urbano, com a razão. A metrópole exige do indivíduo uma consciência muito maior. Há um choque psíquico por conta da mudança das atividades econômicas, de hábitos, fazendo com que haja um distanciamento afetivo entre as pessoas: “Ele reage com a cabeça, ao invés de com o coração. Nisto, uma conscientização crescente vai assumindo a prerrogativa do psíquico. A vida metropolitana, assim, implica uma consciência elevada e uma predominância da inteligência no homem metropolitano. A reação aos fenômenos metropolitanos é transferida àquele órgão que é menos sensível e bastante afastado da zona mais profunda da personalidade” (p. 11-12).        
  • Agir com coração x razão
  • O distanciamento do “coração” se dá muito em razão da mudança das relações econômicas. A metrópole é movida pelas relações de mercado e “O dinheiro se refere unicamente ao que é comum a tudo: ele pergunta pelo valor de troca, reduz toda qualidade e individualidade à questão: quanto? Todas as relações emocionais íntimas entre pessoas são fundadas em sua individualidade, ao passo que, nas relações racionais, trabalha-se com o homem como com um número, como um elemento que é em si mesmo indiferente” (p.12).
  • As relações comerciais na cidade tornam-se muito mais complexas. No meio rural, por exemplo, o comprador de um produto está muito mais próximo do produtor, ou seja, é uma relação muito próxima. Já na metrópole, a divisão do trabalho cresce bastante e essa relação passa a ser muito mais impessoal.
  • Atitude blasé
  • É resultado de forças tanto econômicas quanto fisiológicas, um estado mental no qual o indivíduo se torna incapaz de reagir a novas sensações. Essa atitude é inerentemente citadina - e é ela o possibilitador do modo de vida urbano
  • Mais uma vez, percebe-se que o motor disso é o dinheiro: “Esse estado de ânimo é o fiel reflexo subjetivo da economia do dinheiro completamente interiorizada. Sendo o equivalente a todas as múltiplas coisas de uma e mesma forma, o dinheiro torna-se o mais assustador dos niveladores. (...) O dinheiro, com toda sua ausência de cor e indiferença, torna-se o denominador comum de todos os valores; arranca irreparavelmente a essência das coisas, sua individualidade, seu valor específico e sua incomparabilidade” (p.15).
  • A atitude blasé é justamente o resultado da interiorização da economia do dinheiro metropolitana. O caráter anônimo do indivíduo nas grandes cidades é, portanto, um dos mecanismos de “defesa” desenvolvidos pelos indivíduos urbanos: “o aspecto interior dessa reserva exterior é não apenas a indiferença, mas (…) uma leve aversão, uma estranheza e repulsão mútuas, que redundarão em ódio e luta no momento de um contato mais próximo, ainda que este tenha sido provocado” (p. 17). Essa defesa é seguida de uma antipatia que protegeria os indivíduos de perigos típicos da metrópole e confere a ele uma liberdade pessoal exclusivamente possível na metrópole.
  • Tensão indivíduo x sociedade
  • Numa uma cidade urbana e industrializada, com milhares de possibilidades e estímulos, o indivíduo passa a ser “apenas mais um” em meio àquilo tudo (caráter anônimo); e por isso criam-se embates entre indivíduo e sociedade e individualidade e autonomia.
  • “A metrópole é de fato caracterizada por sua independência essencial até das mais eminentes personalidades individuais” (p. 21).
  • Ao mesmo tempo que o indivíduo se torna mais fechado a si mesmo, ele acaba se tornando mais dependente dos outros devido às múltiplas dinâmicas presentes na metrópole.
  • Solidão x liberdade
  • A atitude blasé acaba por proporcionar ao homem metropolitano uma liberdade diferenciada daquela das cidades rurais. Essa liberdade é característica fundamental da metrópole e, ao tornar-se apenas mais um em meio à massa, os indivíduos ligam-se através de conexões muito mais tênues e longínquas.
  • Todavia, o contrário dessa liberdade pode ser enxergado como solidão. Ao mesmo tempo que liberta, a cidade, paradoxalmente, sufoca o indivíduo quando o torna anônimo e distante do grupo, essa impessoalidade inerente à metrópole deixa cicatrizes psíquicas e emocionais marcantes.
  • Experiência individual
  • O modo de vida metropolitano é caracterizado apelo processo de diferenciação - conduziria a um crescimento das particularidades individuais – e ao mesmo tempo, o indivíduo seria progressivamente objetificado - tornando-se um mero elo em uma enorme organização de coisas e de poderes.
  • Para o autor, essa conjuntura é ilustrada pela dificuldade por parte dos habitantes da metrópole em afirmarem sua individualidade, chegando a atitudes extremas para preservar sua exclusividade e particularidade: “o homem é tentado a adotar as peculiaridades mais tendenciosas, isto é, as extravagâncias especificamente metropolitanas do maneirismo, capricho e preciosismo” (p. 21).

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