O PAPEL DA INTERSETORIALIDADE NO ENFRENTAMENTO AO USO PROBLEMÁTICO DE DROGAS ENTRE AS JUVENTUDES
Monografias: O PAPEL DA INTERSETORIALIDADE NO ENFRENTAMENTO AO USO PROBLEMÁTICO DE DROGAS ENTRE AS JUVENTUDES. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: WanessaBrandao • 23/8/2014 • 2.129 Palavras (9 Páginas) • 532 Visualizações
Wanessa Maria Costa Cavalcante Brandão
Discente do Curso de Serviço Social do IFCE - campus Iguatu e Bolsista PROEXT
Marília Bezerra Rodrigues
Discente do Curso de Serviço Social do IFCE - campus Iguatu e Bolsista PROEXT
Cynthia Studart Albuquerque
Docente do Curso de Serviço Social do IFCE – campus Iguatu, mestre em Sociologia pela UFC, doutoranda em Serviço Social pela UFRJ
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo trazer o debate sobre juventude, suas particularidades e desafios no que diz respeito a drogadição, sendo esta uma das expressões da questão social na contemporaneidade. Inicialmente, problematizamos a importância do ensino, atrelado a extensão e a pesquisa universitária como forma de popularizar o conhecimento científico, reconhecendo a importância deste tripé para a formação profissional dos (as) Assistentes Sociais.Tendo em vista os desafios postos para a efetivação e garantia dos direitos humanos na busca pela efetivação dos princípios ético profissionais, daremos então, enfoque no que diz respeito ao trato da questão da drogadição. Em seguida fazemos o debate sobre as juventudes, com enfoque na crescente criminalização pela sociedade – sobretudo da juventude negra – bem como a inserção dos jovens nos processos de marginalização e dependência química. Por fim abordamos a importância da construção de uma rede integrada de cuidados no município de Iguatu, que venha romper com práticas preconceituosas e moralistas com relação ao uso abusivo de drogas.Diante desses elementos pode-se observar a relevância do projeto Rede Iguatu de Ações Integradas contra o Crack, que tem como estratégia central o fortalecimento da intersetorialidade, sobretudo, a integração entre as redes SUS e SUAS no enfrentamento ao consumo abusivo de drogas, vem primando pela tríade: prevenção, atenção e reinserção social, contando com a participação de profissionais – dentre eles os (as) assistentes sociais -, gestores, usuários, familiares e comunidade no sentido de uma melhor compreensão sobre a complexidade da questão das drogas e juventude, além da construção de alternativas coletivas.
Palavras-chave: Juventude, Crack e Intersetorialidade.
1-INTRODUÇÃO
Acreditamos que é de suma importância a articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão na formação profissional, tendo em vista o necessário diálogo entre o mundo acadêmico e a comunidade, possibilitando a construção de um conhecimento que vá para além da sala de aula, que esteja embasado não somente na teoria, mas na vivência concreta dos sujeitos envolvidos, superando a dicotomia teoria e prática e contribuindo com algo novo para a sociedade.
O desenvolvimento da extensão universitária se coloca como instrumento de expressão da práxis transformadora, que ao adotarmos um novo olhar, este se materializa em novas práticas de atenção e cuidado aos usuários de drogas. Buscamos não mais apenas um serviço prestado à comunidade, onde somente a universidade ganha com a ampliação do conhecimento científico, mas sim uma troca de saberes, onde os universitários ultrapassam os muros elitistas da academia e o conhecimento produzido é compartilhado, tornando-se popular, tendo em vista que um dos maiores desafios da universidade é popularizar e deselitizar os saberes produzidos.
É nessa perspectiva que o projeto Rede Iguatu de Ações Integradas contra o Crack desenvolve ações interligadas com a comunidade, profissionais da rede SUAS e SUS, usuários e ex-usuários, discentes e docentes do IFCE campus Iguatu, com o intuito de desmistificar o modo com que vem sendo tratados os jovens usuários de drogas, se contrapondo ao tratamento moralizante e repressivo que vem se colocando como principal resposta a “questão da droga’’.
A juventude é vista pela sociedade, de um modo geral, com uma visão unilateral, não reconhecendo suas particularidades e diversidades. É preciso compreender que “não há uma juventude, mas várias juventudes, configuradas segundo diferentes situações, vivências e identidades sociais” (ABRAMOVAY; CASTRO, apud JACCOUD; HADJAB; ROCHET, 2009, p. 187).
O período da adolescência é marcado pela curiosidade e busca de desvendamento do mundo em relação à vários aspectos como a sexualidade, as práticas culturais, uso de drogas lícitas ou ilícitas, etc. Momento em que os jovens buscam um maior conhecimento sobre sua subjetividade, relações de pertencimento e legitimidade entre seus pares. Esta fase é vista como perigosa, como se não houvesse responsabilidade ou compromisso algum, colocando sobre a juventude um julgo equivocado e cheio de preconceitos, não reconhecendo o momento como um período de construção do ser.
A concepção de juventude é marcada por vários estereótipos e preconceitos, principalmente, quando falamos de jovens pobres, negros (as) e moradores de periferias, em que a sociedade costuma enxergar as suas ações como “comportamentos de riscos”. Segundo Kliksberg,
‘’(...) nas sociedades da América Latina circula a imagem de que os jovens são desordeiros, com condutas em muitos casos censuráveis, basicamente imprevisíveis. É como se tivéssemos que “ter cuidado” com eles. A isso é acrescentada a percepção, no caso dos jovens pobres, de que seriam “suspeitos em potencial”. Poderiam chegar a ter condutas delituosas facilmente. Essa mensagem, basicamente de desconfiança, contamina as políticas, as atitudes e o comportamento para com os jovens em sala de aula, no mercado de trabalho, no trato das instituições públicas e em vários aspectos da vida cotidiana. ’’ (apud FERREIRA; FONTOURA; AQUINO; CAMPOS, 2009, p.197)
A postura repressiva que a sociedade assume frente aos jovens, além da negação dos diretos somados aos valores da sociedade de consumo faz com que estes muitas vezes se envolvam no universo infracional, como o tráfico por exemplo. Este meio é rápido para a aquisição de bens materiais - que de outra forma seria quase impossível conquistar – e do status que de modo inverso conduz a um respeito e uma visibilidade ampliada.
A juventude é um momento de descobrimentos e, com isso, de exposição a situações de risco para a sua saúde e sociabilidade. Dentre essas situações, esta o consumo de cigarro, álcool e outras drogas, em que as juventudes pobres e residentes nas periferias estão
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