O QUE É ETNOCENTRISMO?

Rocha,E.P.G. O que é Etnocentrismo?: Pensando em partir São Paulo: Brasiliense, 1988 p. 5-23

O QUE É ETNOCENTRISMO?

Everaldo P. Guimarães Rocha

1 – O que é Etnocentrismo?

“No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano efetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc” (Rocha, 1988, p.05)

“...come igual,veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses,casa igual,mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma, empresta à vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente.”(Rocha, 1988, p.06)

“O etnocentrismo não é propriedade, como já disse, de uma única sociedade, apesar de que, na nossa, revestiu-se de um caráter ativista e colonizador com os mais diferentes empreendimentos de conquista e destruição de outros povos.” (Rocha, 1988, p.08)

Everardo se baseia em pesquisas e mostra que o homem tende a se afastar e repudiar aquilo que é diferente, aquilo que não faz parte do seu dia a dia. Atualmente por vários meios de comunicação as pessoas presenciam a criação de um padrão formado por vários estereótipos. Escolhendo se adaptar à esse padrão você se torna o "certo" e o individuo que não escolheu se torna o errado. No meio onde convivemos encontramos formas de julgar os indivíduos pelas suas escolhas de vida, são formas que muitas das vezes chegam a ser cruéis baseadas no que o "eu" julga ser correto. 

2 – Atitude etnocêntrica

“Cada um ‘traduziu’ nos termos de sua própria cultura o significado dos objetos cujo sentido original foi forjado na cultura do ‘outro’. O etnocentrismo passa exatamente por um julgamento do valor da cultura do ‘outro’ nos termos da cultura do grupo do ‘eu’ ”
(Rocha, 1998, p.12)

“...a estória ainda ensina que o ‘outro’ e sua cultura, da qual falamos na nossa sociedade, são apenas uma representação, uma imagem distorcida que é manipulada como bem entendemos. Ao ‘outro’ negamos aquele mínimo de autonomia necessária para falar de si mesmo.” (Rocha, 1988, p.13)

“Isso lembra o comentário, tristemente exemplar, de uma criança, de um grande centro urbano, que, de tanto ouvir absurdos sobre o índio, seja em casa, seja nos livros didáticos, seja na indústria cultural, acabou por defini-los dizendo:” O índio é o melhor amigo do homem”. ”(ROCHA, 1984, P. 13) 

Entre as páginas 13 e 14, o autor (E. P. G. R) nos mostra o quanto ocorre uma cerro manejo através de dados, além da má informação criada por nossas próprias concepções sobre o “outro”.Quando um indivíduo que se difere do meu grupo não é capaz de argumentar, o meio em que é passado o conhecimento sobre ele é modificado de forma que, se torna apenas uma representação desfigurada. Por causa disso, ocorre um forte incentivo ao pensamento e a atitude etnocêntrica.

O autor exemplifica também, que o grupo do “eu” trata a história e o ser do outro como se fôssemos autores dela, criando uma imagem ruim. Nós temos a oportunidade de criar uma boa visão do “outro”, mas como ele não diz, podemos pensar dele o que quisermos. Como o “louco”, que pode ser um adjetivo elogioso, mas também ter um sentido ruim. 

3 – Etnocentrismo nos Livros

• Ótica etnocêntrica

“Na nossa chamada ‘civilização ocidental’, nas sociedades complexas e industriais contemporâneas, existem diversos mecanismos de reforços para o seu estilo de vida através de representações negativas do ‘outro’. ”(Rocha, 1988, p.15)

“Eu mesmo realizei, há alguns anos, um estudo sobre as imagens do índio nos livros didáticos de História do Brasil. Estes livros têm importância fundamental na formação de uma imagem do índio.” (Rocha, 1988, p.15)

• Papel do Índio em três imagens

“Assim, como o ‘outro’ é alguém calado, a quem não é permitido dizer de siesmo, mera imagem sem coz, manipulado de acordo com desejos ideológicos, o índio é, para o livro didático, apenas uma forma vazia que empresta sentido ao mundo dos brancos.” (Rocha, 1988, p.17)

1. Selvagem e primitivo.

O índio  é colocado como um ser inferior,deixando os portugueses sendo superiores a eles.