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O Trabalho Final HC321

Por:   •  18/8/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.741 Palavras (7 Páginas)  •  127 Visualizações

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Departamento de Sociologia – DECISO

Curso de Ciências Sociais.

Disciplina HC321 Cultura, Comunicação e Sociedade

Prof. Dr. Rodrigo Czajka

Aluno: Normando Márcio Soares da Silva.

 Duas perspectivas sobre as relações entre arte e as influências sociais e histórica que refletem sobre ela, a partir de Norbert Elias e Pierre Bourdieu.

Resumo

Esta resenha pretende abordar de modo sucinto algumas das similaridades e distinções, encontradas nas perspectivas de Norbert Elias e Pierre Bourdieu, a respeito de questões envolvendo a produção artística, seus autores e os conceitos sociais e históricos, que interferem nessas produções artísticas e também na vida pessoal desses artistas.

Duas perspectivas sobre as relações entre arte e as influências sociais e histórica que refletem sobre ela, a partir de Norbert Elias e Pierre Bourdieu.

Começo essa análise a partir da constatação feita a partir da obra “Mozart, a sociologia de um gênio”, de Norbert Elias, junto a obra “As regras da arte” de Pierre Bourdieu, que a construção de uma obra artística, seja ela independente do campo pertencente, é influenciada desde o ato inicial de construção do produto cultural, e sofre influências de origens histórica e sociais, que deixam suas impressões no trabalho elaborado.

Sobre Mozart, o autor ressalta que um dos aspectos importantes que marcaram a vida e a obra do compositor, foi a coerção exercida pelos patronos das sociedades de corte, que o artista frequentou ao longo de sua vida, em diferentes momentos de sua carreira em busca de se estabelecer como artista e a partir dai conquistar a autonomia que somente o reconhecimento artístico poderia lhe garantir, a essa perspectiva soma-se outra de igual importância que aborda a complexidade das relações em um contexto social e histórico, marcado por transformações sociais da corte austríaca a qual Mozart pertencia e como existia a necessidade de que essas transformações sociais fossem representadas através de sua obra, esse reflexo poderia ser sentido por Mozart, a partir do frequente anseio por parte dos patronos da corte a respeito da criação de novas peças e que essas peças fizessem alusões positivas sobre a corte, seus membros e outros elementos que pudessem representá-la.

Dessa forma Norbert Elias, também cita as transformações sociais e históricas pelas quais passaram as sociedades de corte na Europa, ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII, como elementos importantes no esforço a respeito do entendimento da vida e da obra dos artistas que viveram naquele contexto, o autor também chama atenção para o mito da essência muito comum quando pessoas de fora do mundo artístico e cultural, se deparam com alguma produção que os impacta fortemente de modo positivo, e que ao tentarem entender essa qualidade superior na obra em questão costumam associá-la a essência do artista e na verdade Elias atribui essa qualidade na obra produzida a um tipo de um tipo de aprimoramento de uma técnica artística, constante a partir de um esforço no sentido de conseguir ter um melhor controle sua atividade artística, o que também pode ser entendido como aprimoramento de uma vocação ou de uma habilidade inicial que aprimora-se a partir de muita prática com esse intuito, algo como a repetição exaustiva, te leva para a excelência.

Ainda sobre os reflexos que as transformações sociais causaram tanto nas sociedades de corte, quanto nas atividades desenvolvidas pelos indivíduos, aos quais aqui nos chamam atenção as questões voltadas para o que tratarei por “campo das artes”, nas obras de Mozart essas transformações parecem não apenas influenciar a vida e a obra do compositor, mas também revelar aspectos ocultos na personalidade de Mozart, que mais tarde, também ficariam evidentes em sua obra no decorrer de novas composições, isso poderia ser observado a partir de um pouco de atenção nos tons alegres nos tons alegres que apareceriam nos concertos para violino, em oposição aos tons sombrios, que saltam das teclas nos concertos para piano, talvez o violino pudesse caracterizar algo análogo a sua juventude quando ainda sentia paixão e ambição por seus objetivos pessoais e artísticos, que podem ser traduzidos por seu desejo por reconhecimento de valor pelo homem e por sua obra e ser reconhecido era vital no sentido de ter autonomia para a criação das peças e para ter dinheiro que seria um elemento garantidor do bem estar seu de sua esposa e de seus familiares, que em troca lhe teriam respeito e amor.

Porém não foi esse o desfecho e Mozart parece até que prevendo que o reconhecimento não seria atingido em vida, parece ter escrito a peça Réquien para si próprio, no sentido de trazer a tona, um tipo de justificativa para si próprio pelos motivos que o impediram de conseguir o tão almejado estabelecimento que no seu caso significaria dignidade pessoal seguido de autonomia sobre sua obra.

Lembrando de um contexto de uma época marcado por transições onde valores e ideais dos indivíduos e das classes se encontravam em constante conflito e isso tinha um reflexo marcante na vida social coletiva e individual.

No caso de Mozart, um outsider  na corte, o reflexo mais perverso era ter sua autonomia e criatividade submetida ao patrono da corte e as demandas por parte deles , que sempre queriam novas peças, com uma voracidade quase tão grande quanto a genialidade e esforço criativo de Mozart pudessem aguentar.

E aguentou bastante até o final de sua precocemente, marcada por coerções, conflitos e rupturas, já que Mozart não se submeteu ao desmandos da nobreza das sociedades de corte por onde passou, não na intensidade com que lhe impunham tais obrigações, lembrando que nessa época e contexto era comum que o patronato da corte estabelecesse o padrão para o trabalho dos artistasde todas as origens sociais, o músico que desejasse reconhecimento social tinha que em contrapartida ocupar um posto dentro da corte e isso implicaria em mais submissão e menos autonomia sob suas criações, o prestígio dos músicos nas cortes eram similares ao de qualquer outro serviçal.

Nesse sentido o modo como Mozart e outros artistas estavam fadados a terem suas criações submetidas a um tipo de crivo, por parte dos patronos da corte que frequentavam, ou da igreja ou de burgueses estabelecidos, que começavam a emergir financeiramente e pudessem estar dispostos a pagar para adquirirem acesso à arte, essa realidade descrita nos remete a dois aspectos um deles o fato de que historicamente a arte, ou o produto cultural ou artístico, por mais qualificado que pudesse parecer estariam sujeito ao crivo e a submissão daqueles que encabeçavam a hierarquia social da época.

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