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O camelódromo da uruguaiana: visão antropológica

Por:   •  26/10/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.641 Palavras (7 Páginas)  •  250 Visualizações

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                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        [pic 1]

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS

TRABALHO FINAL

Laboratório de Áudio Visual

Professora: Maria Raquel Passos Lima

 Renato Cesar de Andrade e Silva

DRE: 114058561

Rio de Janeiro

2016

                                                

CAMELÓDROMO DA URUGUAIANA: ENTRE O INFORMAL E O ILEGAL.

 

 

O estudo escolhido e sua justificativa. 

 

 

Por muito tempo eu sempre tive admiração pela cultura do improviso e informalidade do povo carioca. O jeitinho, a gambiarra, o quebra-galho. Tentei imaginar que locais da Cidade poderiam ter esses elementos e que fosse possível fazer uma pesquisa onde diversos tipos de públicos diferentes compusessem os elementos ali presentes.  

Pensei na Feira de São Cristóvão, no Mercadão de Madureira, no Saara... mas nenhum desses lugares me contemplaria por completo como o CAMELÓDROMO DA URUGUAIANA. Lugar que eu frequentava desde o fim dos anos 90, saindo da escola e indo para lá em busca de nada especificamente, apenas para olhar os produtos lá presentes. 

 

 
Desse modo, decide: vou fazer um estudo sobre o camelódromo e tentar ter um olho bem neutro sobre o local, como se fossem as primeiras vezes que estava indo lá e como se nunca tivesse sido anteriormente um consumidor de qualquer coisa que haja lá.  Do mesmo modo, eu também gostaria de me sentir totalmente a vontade no ambiente de estudo, até para evitar situações onde o etnógrafo se sente totalmente sem “perdido” sem saber por onde começar. Eu acharia fundamental me sentir confortável.

 

Assim, começou meu estudo. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pesquisa de campo. 

 

Segunda-feira, aproximadamente 10 da manhã.  

Desço do metrô, estação Uruguaiana na saída para a rua que dá nome à estação. Assim que subo as escadas rolantes e vejo a rua, já sou logo surpreendido por um gripo quase cantado, vindo de de uma mulher por volta dos seus 40 anos, dizendo continuamente "chip da Vivo, da Tim, da Claro e da Oi". O grito se repete duas, três vezes e viro a minha direita na calçada já beirando o meu objeto de estudo: o CAMELÓDROMO DA URUGUAIANA.   

Antes mesmo de entrar nos corredores do local, outros gritos já podem ser ouvidos pelo ambulantes que ficam nas calçadas.  

"iphone, galaxy, lg. Iphone galaxy lg. Celular barato. Celular barato"   

"Pramil cartela é 10. Pramil cartela é 10"  

E mais gritos de "chip da vivo, da tim, da clara e da oi".  

As repetições das frases faladas nos gritos são uma constante.  São sempre as mesmas frases, repetidas continuamente, provavelmente como uma forma de grudar na cabeça. E sim: grudam muito.  

Entro em um dos corredores do camelódromo.  O primeiro estande que eu vejo já logo chama atenção: há diversas caixas de produtos parecidos com decodificadores de TV por assinatura, mas com nomes bem diferentes. Azbox, Atto Net, Lexuz.. E o sei funcionamento é simplesmente desbloquear esse serviço. Sim, logo de cara a pirataria se faz presentes no camelódromo. Faço o papel de um cliente interessado com alguns questionamentos.  

"Oi. Qual aparelho aí é barato e desbloqueia tudo?" Pergunto ao rapaz no estande.  

Ele diz o nome de alguns aparelhos, falando preços que variavam de R$300 a R$600 "e mais a instalação", ele completa. Digo que já tenho a NET em casa e ele diz que para a net nem precisa instalar "é só colocar o aparelho e pronto. Já vai configurado". Agradeço e digo que vou dar mais uma olhada. E o que não falta são opção de barracas para dar olhada. Em todas as quatro quadras do camelódromo, as lojas com aparelhos piratas de TV são uma constante.  

 
Na barraca logo em frente a primeira que eu fui, funciona um pequeno estande de conserto de telefones celulares. Um homem concentrado usava máquina de solda em um aparelho enquanto um rapaz por volta dos 20 anos aguarda aquele que possivelmente era o seu aparelho fica pronto desde suposto conserto.  

Já no estande ao lado desses, bem maior, muitos e muitos jogos de videogame. Uma placa gigante anuncia "desbloqueio de Xbox 360". Algumas caixas de videogame e de seus assessórios também completam o ambiente. Sobre o balcão, uns três ou quatro clientes olham os produtos e conversam com os uns dois atendentes.  
 
 

Prossigo pelo corredor vejo mais estandes de conserto de celular, um no estilo tabacaria, alguns com produtos eletrônicos como aparelhos de som em formatos pequenos e assessórios de celular e um curioso estande que vende exclusivamente chapéus.  

Os corredores, mesmo a esse horário da manhã, são bastante cheios, mas nada impossível de andar. Não raro, o simples fato de passar em frente aos estandes é um sinônimo de ouvir as pessoas nos balcões te falarem algo tipo "está procurando algo? Posso ajudar?" Etc.. O atendimento é realmente amistoso e confortável.  

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