PIETRO UBALDI PRINCÍPIOS DE UMA NOVA ÉTICA
Por: cjuli256 • 19/9/2016 • Trabalho acadêmico • 12.677 Palavras (51 Páginas) • 137 Visualizações
P I E T R O U B A L D I
P R I N C Í P I O S D E U MA
N O V A É T I C A
R E S U M O I N T E R P R E T A Ç Ã O
E
C R Í T I C A
A D E I L D O P A U L O D A S I L V A
Iª E T A P A - R E S U M O
APRESENTAÇÃO
Estamos nos aproximando do encerramento desta gigantesca Obra em duas partes, com cerca de 10.000 páginas. Por isso, a fase atual de desenvolvimento do pensamento central da Obra não é mais aquela das teorias gerais orientadoras do conhecimento a respeito do imenso problema do universo, mas é a fase do estudo das consequências das afirmações gerais e das suas aplicações no terreno prático, para iluminar quem queira viver com inteligência e honestidade, compreendendo o pensamento das leis que dirigem a existência de todos os seres.
Neste livro, escrito para nos dirigir na ação, o que quer dizer agir com inteligência, evitando erros que depois, pelos princípios de equilíbrio e justiça da Lei, a teremos de pagar duramente com a própria dor.
Não queremos, porém, impor uma conduta ou outra. Cada um permanece livre e ninguém pode constrangê-lo. Podemos apenas aconselhá-lo, mostrando-lhe o melhor caminho para evitar a reação da Lei que é a dor, saudável aviso para não voltar ao erro. O destino de cada um está nas suas mãos e não nas de quem só pensa e escreve e com isso pode explicar, pelas leis que dirigem a vida, o que acontece ao indivíduo como consequência de seu livre comportamento.
Se o leitor não entender, terá depois que ler outro livro, escrito por ele mesmo, com a sua dor, no seu destino. Mas é bom que lhe seja oferecida uma explicação, um aviso, de modo que ele conheça o funcionamento das leis que regulam a sua vida e, assim sabendo, lhe seja possível evitar o que pode prejudicar.
As teorias gerais do acima exposto estão contidas nos livros básicos da obra: A Grande Síntese, Deus e Universo, O Sistema e Queda e Salvação. Eles oferecem um sistema científico-filosófico-ético-teológico completo, cujos pormenores os outros livros da obra explicam, ampliando aspectos particulares. Nesses livros básicos o leitor encontrará as demonstrações que nos autorizam a chegar às conclusões contidas no presente volume. Isto prova que não chegamos a elas levianamente, fantasiando, mas amadurecidos pelo pensamento desenvolvido em milhares de páginas, que constituem a premissa positiva das conclusões.
C A P Í T U L O - I
DEUS - DUAS CONCEPÇÕES
Deus existe e prova maior não poderia existir do que a do próprio materialismo ateu que o nega. Assim como a sombra implica a presença da luz, do mesmo modo a negação pressupõe a existência do que se nega. Só se pode afirmar a não-existência daquilo que sabemos que existe. Não se pode afirmar a não-existência do nada. Aquilo que não existe não se pode afirmar porque não sabemos o que é. Portanto, se negamos uma coisa, é porque ela existe. A negação de Deus é a prova de Sua existência.
Na realidade, há dois pontos bem diferentes e distintos do que é Deus:
Primeiro, o que é Deus em Si mesmo, no absoluto, acima da compreensão humana e que nos foge completamente, porque está além da nossa capacidade.
Segundo, o que é Deus como idéia concebida pelo homem no seu relativo, a imagem que ele faz de Deus conforme os seus poderes de representação. Isto nos indica tudo o que conseguimos saber de Deus, isto é, uma representação a nós relativa, mas progressiva em função do grau de evolução por nós atingido.
A própria ciência materialista negou somente a única coisa que ela podia negar, ou seja, o que o homem conhecia dentro de sua concepção evolutiva, isto é, um conceito relativo vigorante nas religiões, no período histórico em que o materialismo apareceu. Mas pelo próprio fato de que aquele conceito é relativo e em evolução, e de que hoje a humanidade entrou numa fase mais adiantada de amadurecimento mental, pelo qual se conhece tudo, e também Deus, com outra forma psicológica e pontos de referência diferentes.
Disto se segue que o clássico materialismo ateu apresenta uma negação da velha concepção de Deus sustentada pelas religiões, enquanto a própria ciência acabou desembocando numa mais adiantada concepção de um Deus que ela não pode mais negar, mas, pelo contrário, tem que aceitar, porque explica e funde em unidade os parciais resultados daquela ciência, a eles dando um sentido orgânico e telefinalista, sem o qual tudo fica abandonado na desordem do acaso e no mistério de tantos problemas ainda não resolvidos.
A idéia que o homem possui de Deus, herdada do passado, é sobretudo a do Todo-Poderoso, que por isso pode fazer o que quer, arbitrariamente violando à vontade as leis que Ele próprio estabeleceu para o funcionamento da fenomenologia universal.
Assim o homem tinha construído com a sua forma mental um Deus com as suas qualidades bem humanas, de dominador rebelde, cujo poder se realiza e se manifesta impondo sua vontade a todos, cioso dos rivais e egoísticamente preocupado só em dominar e ser obedecido pelos seus súditos.
Instintivamente o homem criou para si uma idéia de Deus feita à sua imagem e semelhança, idéia esta baseada na posição do homem, invertida pela queda no Anti-Sistema.
Para o homem dessa visão, esse Deus faz milagres que se opõem arbitrariamente à sua própria ordem, o que leva ao absurdo de uma contradição, possível na criatura que se revolta contra Deus, mas inadmissível em Deus, que neste caso se revoltaria contra Si próprio. Esse Deus favorece quem quer, com a Sua graça, infringindo o Seu princípio de justiça. Esse Deus pode fazer qualquer coisa, na mais desordenada e injustificável arbitrariedade, porque para Deus, nada é impossível – justificam - e a criatura tem de obedecer cegamente sem ter o direito de saber, não porque entendeu e aceita convencida, mas porque constrangida pelo cálculo egoísta pelo terror do inferno. Entender não é possível, é até proibido, porque é ousadia querer desvendar os mistérios. Não resta, senão fé cega, terror ignorância.
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