Política de assistência à infância no Brasil
Tese: Política de assistência à infância no Brasil. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: rosivida • 3/5/2014 • Tese • 7.686 Palavras (31 Páginas) • 233 Visualizações
Educação em Revista, Marília, v.9, n.2, p.1-20, jul.-dez. 2008. 1
A política de atendimento à infância no Brasil
A política de atendimento à infância no Brasil
e a atuação dos assistentes sociais nas creches
The attendance policy for childhood in Brazil
and social role of auxiliaries in day nursery
Cirlene Aparecida Hilário da Silva OLIVEIRA1
Lucimary Bernabé Pedrosa de ANDRADE2
Maria Ângela Rodrigues Alves de ANDRADE3
RESUMO: A Constituição de 1988 representou grandes avanços, no que se refere aos
direitos sociais e às possibilidades de concretização do Estado de Bem-Estar Social, no
Brasil. Em relação às políticas de atenção à infância, inaugurou um novo momento na
história da legislação infantil, ao reconhecer a criança como cidadã, determinando a
redefinição das funções e objetivos das instituições de atendimento às crianças, em especial
as creches, que, historicamente, apresentam um atendimento pautado no projeto
assistencialista. Cientes das mudanças que se deram no campo político-educacional brasileiro
e de suas consequências, tanto em relação à organização e funcionamento de espaços
educativos, mais especificamente, das creches, quanto em relação à formação de profissionais
capacitados para atender à demanda, neste trabalho, objetivamos conhecer e refletir sobre a
formação e a atuação dos assistentes sociais em creches. Para tanto, inicialmente, analisamos
a trajetória institucional das creches, instituições integradas da política pública de
atendimento à infância, marcada pela sobreposição da concepção educacional sobre a
concepção assistencialista. Em seguida, examinamos a trajetória histórica e contemporânea
da formação profissional em Serviço Social, e debatemos sobre a inserção desses profissionais
nesses espaços de atuação.
PALAVRAS-CHAVE: Creche. Serviço social. Formação profissional. Prática
profissional.
A CONSTRUÇÃO DEUMAIDENTIDADE INSTITUCIONAL: DA ASSISTÊNCIAÀ EDUCAÇÃO INFANTIL
A contextualização histórica da creche no Brasil, no século XX, possibilita
a compreensão da articulação entre interesses e forças políticas, econômicas e
1 Docente do Departamento de Serviço Social da Faculdade de História, Direito e Serviço
Social – Unesp; líder do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Formação Profissional em
Serviço Social (GEFORMSS); Franca, São Paulo – Brasil.
2 Assistente Social do Centro de Convivência Infantil da Unesp – Franca – e doutoranda do
Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Unesp – Franca.
3 Docente do Departamento de Serviço Social da Faculdade de História, Direito e Serviço
Social – Unesp – Franca; líder do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Criança e Adolescente
(GEPECA).
2 Educação em Revista, Marília, v.9, n.2, p.1-20, jul.-dez. 2008.
OLIVEIRA, C.Ap. H.S.; ANDRADE, L.B.P.; ANDRADE, M.Â.R.A.
ideológicas, no sustento e direcionamento de discursos e de práticas
institucionais, ainda presentes.
No bojo das transformações econômicas e políticas suscitadas pelo
capitalismo, ocorreram mudanças significativas na organização familiar,
sobretudo em decorrência da participação feminina na população
economicamente ativa do país. Os cuidados com as crianças pequenas tiveram
destaque no conjunto dessas mudanças, revelando a intrínseca relação entre o
surgimento das instituições de atenção à infância e as transformações do papel
da mulher, na sociedade. Outro aspecto importante, relacionado à emergência
das creches, concerne ao crescimento acelerado da população de baixa renda e
de suas dificuldades na obtenção de uma qualidade mínima de sobrevivência,
diante dos impactos sociais ocasionados pela política econômica capitalista.
O atendimento originariamente oferecido pelas creches em muito se
aproximava do atendimento oferecido pelas instituições asilares, cujo caráter
eminentemente filantrópico predominou até os anos 1920. As primeiras
experiências de atendimento institucional à infância, no início do século XX,
foram de cunho, reconhecidamente, assistencial e custodial, estando voltadas
ao amparo de crianças e famílias empobrecidas.
As iniciativas particulares e filantrópicas foram, por muitos anos,
mantenedoras dessas instituições, mas, a partir da década de 1930, houve uma
gradativa intervenção do Estado, em resposta à política desenvolvimentista de
Getúlio Vargas.
Com a criação do Ministério da Educação e Saúde, iniciaram-se as
políticas de atendimento às crianças com enfoque nas áreas de assistência e da
saúde,
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