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Portfólio de História do Brasil-África

Por:   •  3/7/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.726 Palavras (11 Páginas)  •  177 Visualizações

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Resenha crítica sobre o texto “História e Cultura Afro Brasileira” de Regiane Mattos

Universidade Federal do Tocantins – Ciências Sociais.

Docente: Prof. Dr. João Batista de Jesus Félix

Discente: Mayara de Souza Rodrigues Ferreira.

No Brasil, quando falamos de estudos africanos, normalmente estamos a referir-nos não apenas a uma disciplina, mas a todo um leque de disciplinas cujo objeto de estudo é África. Entre estas, incluem-se, frequentemente, disciplinas como a “história africana”, “antropologia e sociologia africanas”, “linguística africana”, “política africana”, “filosofia africana”, etc. Torna-se inevitável, por isso, colocar uma primeira questão: existirá algum tipo de unidade entre estas disciplinas? Será que apenas se relacionam individualmente com África, sem estarem interrelacionadas de uma qualquer forma? Será que simplesmente se sobrepõem umas às outras, estudando o mesmo objeto a partir de perspectivas e ângulos diferentes, ou serão, pelo contrário, interdependentes ao ponto de estarem sujeitas a crescer ou desaparecer juntas? Facilmente se depreende o que isto implica: se estas disciplinas não necessitam umas das outras, se cada uma delas consegue florescer por si só sem recorrer a disciplinas vizinhas, então não há qualquer necessidade de as reunir numa mesma instituição, nem de criar institutos de estudos africanos.

Na verdade, partimos do pressuposto de que estas disciplinas estão de algum modo interrelacionadas e temos boas razões para o fazer. Por exemplo, entre a história africana e a sociologia africana existe, claramente, uma complementaridade objetiva, visto que a situação presente de qualquer sociedade decorre, direta ou indiretamente, do respectivo passado. Por outro lado, um bom conhecimento do presente e da lógica dos acontecimentos na vida atual pode oferecer pontos de vista úteis para compreender o passado. Assim, a sincronia remete para a diacronia e vice-versa. A história e a sociologia são apenas um exemplo. Podem encontrar-se relações similares entre todas as disciplinas que constituem os estudos africanos. Fato é que, somos conscientes de que o que se sabe sobre África é muito pouco, bem como foi estudado na primeira parte do 2º semestre do curso de Ciências Sociais, na disciplina de Estudos sobre África e Brasil-África, com o Prof. Dr. João Batista. Enfatizava-se inúmeras vezes que a literatura que dispomos para estudar ainda é curta e, consequentemente, arrisco dizer que infiel em determinados aspectos sobre a cultura e história africana, posto que muitas vezes as mesmas são tratadas de maneira superficial.

Na  posição e na perspectiva de uma acadêmica de Ciências Sociais, buscarei aqui tratar tanto da história quanto da sociologia no que diz respeito à África e suas relações com o Brasil, já que há pouco estava referindo-me às áreas de estudos africanos. Dialogarei sobre a pedagoga Regiane Augusto de Mattos com sua obra “História e Cultura Afro-Brasileira”, buscando fazer conexões com a Sociologia, Antropologia e a realidade atual do nosso país.

A leitura que se pode fazer da obra “História e Cultura Afro-Brasileira”, de Regiane Augusto de Mattos, é que na vertente da escravatura e patrimônio imaterial o Brasil foi, definitivamente, marcado pela “ochilelembya” (alma, em umbundu), segundo o historiador Simão Souindoula.

Certamente, o livro surge das imparáveis iniciativas registradas na sequência da promulgação, em 2003, da lei de ruptura, que tornou obrigatório o ensino da evolução histórica e das realidades culturais africanas e afro-brasileiras nas escolas brasileiras. O manual é articulado numa sucessão cronológica, em quatro grandes capítulos que apresentam, respectivamente, ‘As Sociedades africanas’, ‘O tráfico de escravos’ e ‘Os africanos no Brasil’ e ‘A cultura afro-brasileira'”.

No livro encontram-se à volta de 30 desenvolvimentos, sínteses, acompanhadas de inteligentes exercícios pedagógicos, sobre vários povos e formações políticas de África, como o atual território angolano, os Reinos do Congo, Loango, Andongo, Libolo, Luba e Lunda.

A autora inicia a sua obra com a famosa tirada poética de Agostinho Neto: “Aspiração”. Ela escolheu bem, voluntariamente, esta peça que contém bantuismos, bem dicionarizados no português do Brasil, como: congo, batuque, quissanje, marimba e sanzalas”. É interessante.  Além disso, Mattos leva o leitor a fixar dezenas de expressões linguísticas, religiosas ou artísticas, como a umbanda, cuja ligação em kimbundu e umbundu é similar, e em kikongo kimbanda.

O livro “Historia e Cultura Afro-Brasileira” prova, uma vez mais, a força de intersecção das manifestações linguísticas e antropológicas angolanas, no Brasil. A obra confirma que uma substancial parte do famoso alento brasileiro partiu do Quadrilátero, e que as duas nações atlânticas estão vocacionadas para manter laços de estreita fraternidade.

O livro

A história das sociedades africanas foi, durante muito tempo, deixada de lado, em grande medida por causa das ideias preconcebidas sobre o continente africano produzidas, sobretudo pelos europeus, nos séculos XVIII e XIX. Como as sociedades africanas não apresentavam as mesmas instituições políticas, não possuíam padrões de comportamento e visões de mundo semelhantes aos dos europeus, a conclusão só podia ser uma: a de uma sociedade não civilizada e sem História.

No entanto, antes da disseminação dessas visões preconceituosas sobre a África, esse continente foi objeto de muitas obras de árabes, europeus e dos próprios africanos, que retrataram suas principais sociedades, estruturas políticas e econômicas, bem como seus aspectos culturais, visões de mundo, expressões artísticas e formas de organização familiar. Essas obras, acompanhadas da cultura material e de depoimentos, nos ajudam a entender esse continente tão próximo geográfica e culturalmente do Brasil.

Os africanos, depois da longa e penosa travessia do Atlântico, foram para cá trazidos e levados a trabalhar como escravos em várias atividades econômicas no campo e na cidade e sofreram a violência e a opressão inerentes ao sistema escravista. No entanto, apesar das agruras e dos obstáculos impostos pela escravidão no Brasil, os africanos e seus descendentes, convivendo com brancos d’além-mar e nacionais, pardos, indígenas, crioulos e africanos de diferentes regiões, encontraram meios para se organizar e manifestar as suas culturas e, dessa forma, influenciaram profundamente a sociedade brasileira, como se pode perceber ao longo do livro.

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