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Projeto de pesquisa - Problemática da seca

Por:   •  17/8/2018  •  Projeto de pesquisa  •  2.562 Palavras (11 Páginas)  •  211 Visualizações

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  1. PROBLEMÁTICA DA SECA

1.1 CARACTERIZAÇÃO DO SEMIÁRIDO

O Clima semiárido é caracterizado por uma área geográfica onde as chuvas são bastante irregulares e o solo é raso. Conhecido também como Sertão é composto por características que acarretam longos períodos de seca. O semiárido Brasileiro é o maior Semi-Árido do mundo em extensão e densidade demográfica.

 É uma região natural de grandes dimensões espaciais submetida às ações desse Clima Tropical, no qual tem como particularidade os mal distribuídos e baixos índices pluviométricos, possuindo uma estação seca bastante pronunciada pela sua intensidade e periodicidade. Segundo a última delimitação feita pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), em termos político-administrativos, o Semi-Árido Brasileiro abrange os Estados da Região Nordeste, com exceção do Maranhão, além do Estado de Minas Gerais.

De acordo com Silva (2003), o que constitui a paisagem marcante do semi-árido, a caatinga, é o conjunto de fatores hidrológicos e ecológicos; Longos Períodos secos, alta evaporação e desperenização dos rios, riachos e córregos. A insuficiência e irregularidades na distribuição de chuvas e a temperatura elevada, além da forte evaporação, Refletem a modelagem dessa paisagem dominante.

A origem da palavra “caatinga” é indígena e significa “mata branca”. Com vegetação Xerófila, a caatinga é adaptada às condições de aridez, a vegetação de folhas pequenas diminui a transpiração, as raízes se espalham em busca do máximo de água durante o período chuvoso, os caules são suculentos para conter e armazenar a água, e durante a estação seca perdem a folhagem da vegetação, para proteção de suas raízes.

O nordeste é marcado pela exploração dos recursos naturais de formas inadequadas, a utilização de queimadas e desmatamentos para manter o trato cultural agropecuário dominante, são práticas que aceleram o processo de desertificação na região do semi-árido.

A desertificação foi conceituada pela Convenção das Nações Unidas Para o Combate a Desertificação (UNCCD) como, processo de degradação das terras em regiões áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, em decorrência de fatores como a ação antropogênica e as mudanças climáticas. Essa degradação é caracterizada pela perda ou diminuição da produtividade econômica ou biológica dos ecossistemas secos causada pela erosão do solo, deterioração dos recursos hídricos e perda da vegetação natural. (Disponível em http://www.abc.org.br/IMG/pdf/doc-811.pdf - Acesso em 13/04/2015 ás 10h e 16m)

Filgueira (2011) Nos diz que, a diversidade das características físicas que condicionaram sua ocupação o subdivide em sub-regiões: Zona da Mata, Agreste e Sertão.

A Zona da Mata abrange a região litorânea, as chuvas concentradas no outono e inverno são abundantes, o clima tropical é úmido. Denominado Massapê o solo é fértil e escuro. A vegetação natural é aos poucos substituída pela cana-de-açúcar desde a o período colonial.

Situado entre o sertão semi-árido e a zona da mata o clima do Agreste não é tão seco quanto o do sertão nem tão úmido quanto o da Zona da Mata. Sua vegetação é mista, em partes se assemelha à caatinga; em outros à Mata atlântica.

 Na caracterização de Filguera (2011) O Sertão é a maior e mais populosa das sub-regiões nordestinas, abrangendo mais da metade da área total do Nordeste, correspondendo a terras interioranas, como um fenômeno climático comum do Sertão, as secas são periódicas, o maior rio é o São Francisco, fonte perene de água para a população sertaneja. É a região de onde sai um grande número de migrantes.

Intitulado por Aziz ab’ Saber (1990) o Nordeste Seco compreende o clima da região do semi-árido brasileiro e é assinalado por uma distribuição de chuvas intensamente concentrado em quatro meses – entre fevereiro e maio – e uma grande variabilidade interanual.

As fortes secas que fustigam a região sempre moldaram o comportamento das populações e foram decisivos para a formulação de políticas públicas regionais voltadas para o combate a seca.

1.2 HISTÓRICO DAS SECAS

As secas residem hoje, espaço primordial nos debates sócio-políticos, a escassez da água está sendo sentida não apenas pelo nordeste, mas por grande parte do território brasileiro.

A ocorrência das Secas no Nordeste Brasileiro, não apenas foi titulo de preocupação dos grandes latifundiários, e governantes das épocas em que se estenderam, mas também, foi base para grandes literaturas regionais como: Vidas Secas de Graciliano Ramos; Os Sertões, de Euclides da Cunha; O Quinze, de Raquel de Queiroz e entre tantos outros, todos representando a seca como explicação da desorganização da vida, os movimentos migratórios e os flagelos da região “problema” do Brasil.

Os longos tempos de estiagem ocorrem devido á um extenso período de ausência ou baixa pluviosidade, onde o ganho da umidade do solo não consegue superar a sua perda (KOBIYAMA ET. al. 2004, p.80).

A precipitação do clima, entre outros elementos influenciam diretamente na produtividade agrícola (Ortolani, Camargo, 1987), principalmente nas regiões onde a ocorrência de chuvas é definida por pequenos períodos chuvosos com alta intensidade e de curta duração (Santana et. al, 2007).

Nos relatos da ocupação do nordeste brasileiro a região do semiárido, onde o clima não favorecia o plantio da cana-de-açúcar, foi destinada a cultura da pecuária, com o propósito de que esse trabalho pudesse suprir com mão de obra e alimentos a cultura da cana-de-açúcar na região litorânea.

Campos (2012) retrata que, os relatos das secas nos séculos XVI e até meados do século XVII são relacionados, principalmente pelos abalos, refletidos nos impactos causados na economia e plantação das culturas de mandioca, cana e milho, já que a região dos sertões supria a mão de obra da produção litorânea.

A primeira grande estiagem no Brasil segundo Campos e Studart (2011) foi relatada por Fernão Cardin em 1583 (apud Souza 1979): "houve uma grande seca e esterilidade na província (Pernambuco) e desceram do sertão, ocorrendo-se aos brancos cerca de quatro ou cinco mil índios.”.

Em meados do século XVIII, Irineu Ferreira Pinto Relata uma grande estiagem, iniciada em 1723 que persistiu até 1729, onde Os Oficiais da Câmera representando o “El-Rei” pedem ajuda ao governo de Portugal com escravos, já que, os que tinham estavam a morrer de fome e os engenhos entrando em ruínas por falta de mão de obra (Campos, 2012).

O despreparo para lidar com as grandes secas já pode ser visto com grande impacto desde a ocupação dos Sertões no início do século XVIII quando a pecuária passou a ser uma atuação importante na economia regional, no entanto o crescimento populacional e econômico não foi seguido por um aumento das infra-estruturas e métodos que pudessem acumular água (Santos, 2012).

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