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RESUMO DO CAPÍTULO I DA 1ª PARTE DA OBRA "O SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE: TRABALHO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL" DE MARILDA V. IAMAMOTO

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Por:   •  8/1/2014  •  2.279 Palavras (10 Páginas)  •  5.845 Visualizações

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Introdução: o Serviço Social na contemporaneidade

A partir da “globalização” dos países capitalistas e o desemprego causado por esta, intensificam-se as expressões da questão social, portanto, crescem as demandas pelos “serviços sociais”. A partir dessa questão, os assistentes sociais passam a refletir sobre a verdadeira “função” da profissão, direcionando-a para a atenção aos interesses coletivos dos usuários de seus serviços.

A autora chama a atenção para a necessidade de o assistente social tornar-se um profissional com uma visão ampla das suas demandas e construir propostas a partir destas e de uma compreensão da realidade. A partir das exigências do mercado, ser um executor, formulador e gestor de políticas públicas.

Perceber a profissão como interventiva na realidade evita que se caia na exclusividade de ações burocráticas, porém, deve-se ter o cuidado em não enxergá-la como messiânica e ter em mente os limites da realidade social.

O segundo pressuposto é a consideração de que o serviço social é uma especialização do trabalho, uma profissão particular inscrita na divisão social e técnica do trabalho coletivo da sociedade. O processo de compra e venda da força de trabalho especializada em troca de um salário faz com que o serviço social ingresse no universo da mercantilização, no universo do valor. A profissão produz serviços que atendem as necessidades sociais, isto é, tem valor de uso, uma utilidade social.

O assistente social é um trabalhador que atua na produção e reprodução da vida social, ou seja, reprodução das relações de dominação e compra e venda da força de trabalho dos indivíduos, grupos e classes sociais.

Questão Social e Serviço Social

A questão social e suas expressões é o conjunto de manifestações da desigualdade da sociedade capitalista e sua contradição fundamental: a apropriação privada dos bens produzidos socialmente. É no cerne dessa contradição que a profissão do Serviço Social possui suas bases. Atuando num terreno onde a classe trabalhadora segue fragmentada e as lutas sindicais, fragilizadas.

A autora sublinha que na onda neoliberal, uma das formas de redução do custo da força de trabalho é o contrato da mão de obra infantil. Quando 30% da população economicamente ativa do mundo está desempregada, cresce o desemprego de adultos e aumenta, contraditoriamente, o emprego infantil. Para possibilitar a sobrevivência da família, quando o pai se encontra desempregado e a mãe já está no mercado de trabalho, uma terceira possibilidade que se apresenta é que as crianças trabalhem.

As mudanças no mercado profissional de trabalho

A retração do Estado em suas responsabilidades e ações no campo social manifesta-se na compreensão das verbas orçamentárias e no deterioramento da prestação de serviços sociais públicos. Tal fato vem implicando uma transferência para a sociedade civil, de parcelas das iniciativas para o atendimento das sequelas da questão social, o que gera significativas alterações no mercado profissional de trabalho. Constata-se uma tendência a refilantropização social em que grandes corporações econômicas passam a se preocupar e a intervir na questão social dentro de uma perspectiva de “filantropia empresarial”. E o que compreendemos como “filantropia do grande capital”, resultante de um amplo processo de privatização dos serviços públicos. Outra fatia do mercado profissional de trabalho encontra-se hoje constituída pelas ONGs. Outro resultado do novo padrão de acumulação tem sido a desregulamentação das relações de trabalho e dos direitos sociais, derivada da preocupação com a necessidade de redução dos custos sociais do trabalho. Todavia, afirma a autora, que esse custo da mão de obra no Brasil está entre os mais baixos do mundo, que a rotatividade da mão de obra é de 37%, uma das maiores do mundo, indicando não haver rigidez na fixação da mão de obra.

Esse processo vem repercutindo no mercado de trabalho do assistente social de várias maneiras: vem aumentando a atuação do serviço social na área de recursos humanos das empresas, na esfera da assessoria gerencial e na criação dos comportamentos produtivos favoráveis para a força de trabalho. Ampliam-se as demandas ao nível da atuação nos círculos de controle da qualidade, ao estímulo de uma maior aproximação da gerência aos trabalhadores do chão da fábrica, valorizando um discurso de chamamento à participação. Verifica-se uma sensível mudança nas formas de pagamento, centrado em premiações e em sistemas meritocráticos de incentivos.

A apropriação teórico-metodológica, o engajamento nos movimentos sociais e o aperfeiçoamento técnico-operativo, quando isolados, transformam-se em limites identificados pela categoria profissional, como o teoricismo, o militantismo e o tecnicismo.

A prática como trabalho e a inserção do assistente social em processos de trabalho

A proposta curricular, ora em debate, contém dois elementos que representam uma ruptura com a concepção predominante nos anos 80. O primeiro considera a questão social como base de fundação sócio histórica do serviço social e o segundo é apreender a “prática profissional” como trabalho e o exercício profissional inscrito em um processo de trabalho. Analisar a profissão supõe abordar, simultaneamente, os modos de atuar e de pensar que foram por seus agentes incorporados, atribuindo visibilidade as bases teóricas assumidas pelo serviço social na leitura da sociedade e na construção de respostas a questão social. A questão social explica a necessidade das políticas sociais no âmbito das relações entre as classes e o Estado, mas as políticas sociais em si, não explicam a questão social. Aquela é, portanto, determinante, devendo traduzir-se como um dos polos chaves da formação e do trabalho profissional.

O homem é o único ser que é capaz de criar meios e instrumentos de trabalho, afirmando essa atividade caracteristicamente humana. É pelo trabalho que as necessidades humanas são satisfeitas, ao mesmo tempo em que o trabalho cria outras necessidades. Portanto, a eleição da categoria trabalho não é aleatória, trata-se de um elemento constitutivo do ser social que o distingue como tal e, portanto, que dispõe de uma centralidade na vida dos homens. Todo processo de trabalho implica uma matéria prima ou objeto sobre o qual incide a ação, meios ou instrumentos de trabalho que potenciam a ação do sujeito sobre o objeto; e a própria atividade, ou seja, o trabalho direcionado com um fim, que resulta num produto.

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