Resenha A Sociedade Vista Do Abismo
Monografias: Resenha A Sociedade Vista Do Abismo. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: 0871 • 18/11/2014 • 871 Palavras (4 Páginas) • 2.204 Visualizações
A Sociedade vista do Abismo
MARTINS, José de Souza. A Sociedade vista do Abismo: novos
Estudos sobre exclusão, pobreza e classes sócias. Petrópolis,RJ:
Vozes, 2008. 228 páginas.
Melina Tenório/Ronald Pamplona
No capítulo quinto intitulado A escravidão na sociedade contemporânea, Martins detém-se sobre o tema trabalho forçado que, como afirma o autor, ainda inquieta a nossa consciência e perturba nossa capacidade de interpretação dos problemas sociais. Sua análise centra-se na escravidão por dívida ou peonagem e demonstra que essa forma de exploração é constituinte dos elementos da acumulação primitiva no interior da reprodução ampliada do capital e sua ocorrência nas relações sociais contemporâneas, são na verdade, relações do passado reatualizadas enquanto produtos do capital.
Esse fenômeno social não é puramente residual e prefiro tratá-lo como uma expressão tardia de contradições próprias do desenvolvimento capitalista, que se manifestam em condições econômicas, sociais e culturais particulares. Certas “necessidades” aparentemente secundárias do processo de reprodução ampliada do capital estão se encontrando com sobrevivências culturais do passado, que levam a uma refuncionalização da servidão (p.152).
O autor apresenta números alarmantes: Em 1993, o relatório da OIT (Organização Internacional do Trabalho) estimava em mais de seis milhões o número de efetivos trabalhadores escravizados no mundo, concentrados sobretudo na Ásia e na África. Extremos que sugerem uma grande amplitude de formas culturais de escravização contra as quais tratados, leis e medidas repressivas têm podidi pouco (p.152).
Em sua análise a persistência e mesmo a ressurgência de formas de trabalho ou do trabalho forçado na sociedade contemporânea pede, há muito, uma explicação teórica. Pouco se fez nesse sentido, afirma. Minha suposição é justamente a de que a escravidão contemporânea é, de certo modo, constitutiva desse desenvolvimento, forma de ampliar e extremar a eficácia dos mecanismos de acumulação (p. 153), afirma Martins.
Outro aspecto do problema a ser considerado é a sua chegada tardia à consciência dos setores militantes e de esquerda da classe média, das elites e dos agentes de decisão política. Martins escreve: No caso brasileiro a servidão por dívida, recriou um sistema de exploração do trabalho que contribuiu para intensificar o processo de acumulação não capitalista do capital no país. Bancos, indústrias e grandes empresas comerciais, que se tornaram proprietários de terra na Amazônia, estiveram envolvidos no uso do trabalho cativo. A servidão por dívida e as formas não contratuais de exploração do trabalho continuam tendo uma função nos setores intermediários e pobres na economia (p. 152).
Ao propor uma reflexão teórica para ampliar a compreensão do problema e estabelecer um diagnóstico que permita ampliar a eficácia da intervenção para resolvê-lo Martins escreve:
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