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Resenha: A Surdez: Um Olhar Sobre As Diferenças

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Por:   •  25/3/2015  •  617 Palavras (3 Páginas)  •  8.365 Visualizações

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Referência:

SKLIAR, Carlos. A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 1998, p. 07-30.

RESENHA

O ouvintismo é uma ideologia dominante em nossa sociedade e consubstancia-se nas representações dos ouvintes sobre a surdez e sobre os surdos. Na ótica ouvinte, ser surdo é o resultado da perda de uma habilidade disponível para a maioria dos seres humanos, logo, ser surdo é ser deficiente. Carlos Skliar contesta veemente essa ideologia e com razão. Para ele, a surdez não é uma deficiência, mas, sim, uma mera diferença.

Assim como os ouvintes, os surdos possuem sua própria linguagem e interagem entre si naturalmente. A única diferença entre os surdos e os ouvintes está no tipo de linguagem utilizada por eles: enquanto os ouvintes utilizam a linguagem falada, os surdos utilizam a linguagem de sinais. Infelizmente, poucas pessoas vêem a surdez dessa forma.

Geralmente, os surdos são subestimados, tanto no âmbito educacional quanto no âmbito profissional. Por terem dificuldade em aprender a linguagem falada, são encarados muitas vezes como deficientes mentais. O interessante é que os ouvintes acreditam que o surdo, para superar a sua “deficiência” e se tornar “normal”, deve aprender a linguagem falada, que, a seu ver, é hierarquicamente superior à língua de sinais. Na verdade, não há hierarquia entre linguagens, a quantidade de usuários é que é diferente. O fato de a linguagem falada ser mais utilizada não a faz superior a nenhuma outra. Não é demais ressaltar que língua oral e gestual são linguagens autônomas e diferentes entre si apenas quanto ao modo de transmissão e recepção: enquanto a transmissão da primeira se dá pela via oral, a da segunda se dá pela via gestual; enquanto a primeira é receptada pela audição, a segunda é receptada pela visão.

Apesar de toda a discussão existente em torno do reconhecimento da linguagem de sinais como língua, os surdos, ainda sim, são taxativamente denominados de fracassados, seja na vida educacional, seja na profissional. Contudo, são os ouvintes os verdadeiros responsáveis por esse fracasso e não os surdos: são os ouvintes que elaboram o currículo educacional dos surdos; são os ouvintes, em grande maioria, os educadores dos surdos; são os ouvintes que preparam os surdos para o mercado de trabalho. Muitas vezes, esses educadores não são devidamente qualificados, nunca tiveram contato com um surdo, não têm conhecimento da realidade e da cultura surda, muito menos de sua linguagem. Desse jeito fica realmente impossível uma educação de qualidade para os surdos.

Na tentativa de promover a igualdade e a inclusão dos surdos na comunidade ouvinte, colocam-se esses indivíduos em ambientes escolares onde impera a linguagem oral. Isso, ao meu ver, não é promoção de igualdade, muito menos de inclusão. A igualdade em si, consiste em tratar os iguais de forma igual e os diferentes de forma diferente para, assim, igualá-los aos demais. Acredito que a educação dos surdos deve estar voltada para essa categoria, deve ser uma educação diferenciada, que concilie métodos pedagógicos inovadores e qualificação dos profissionais da educação, respeitando sempre as limitações de cada educando. Desse modo, tratando os diferentes de modo diferente, estará se promovendo

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