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Resenha: A solidão dos moribundos

Por:   •  19/8/2018  •  Resenha  •  540 Palavras (3 Páginas)  •  370 Visualizações

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Em sua obra A Solidão dos Moribundos, escrita em 1982, Norbert Elias disserta sobre a morte, como a sociedade se comporta diante ela. Essa relação da sociedade com a morte se diferencia em cada tipo de sociedade. Assim, o sociólogo faz relações da sociedade da Idade Média com a sociedade atual. Ou seja, as pessoas têm formas diferentes de lidar com a morte.

Elias fala que na Idade Média a morte era algo incerto e breve. Porém, era bem mais familiarizada, algo já esperado. Até mesmo na literatura dessa época Elias mostra que a morte era um assunto tratado frequentemente, o mesmo dá exemplos de dois poemas. Foi apenas a partir do século XIV que o medo da morte se alastrou, com as epidemias e também com o rápido crescimento das cidades. O autor conclui falando que “a vida na sociedade medieval era mais curta; menos controláveis; a morte, muitas vezes mais dolorosa; o sentido da culpa e o medo da punição depois da morte, a doutrina oficial” (p. 23). Ou seja, na antiguidade a humanidade lhe dava com a morte de forma bem mais fácil, porém tinha uma ampla significância.

Na sociedade atual, as pessoas evitam falar sobre a morte por medo, por receio. Mesmo com a avanço da medicina, com as tecnologias, os indivíduos permanecem inerentes a morte, e isso torna bem maior o seu medo sobre a mesma. Aumentando, assim, sua angústia. Essa mudança de comportamento em relação à morte veio com o processo civilizador, há quatrocentos ou quinhentos anos, segundo Elias. A morte não é tratada como um problema, mas os indivíduos que fazem isso se tornar uma monstruosidade, assim, vem a ideia do ocultamento. As pessoas tratam a morte como um tabu, logo, afastam principalmente das crianças esse assunto.

Comparada com os tempos antigos, a expectativa de vida de um indivíduo aumentou em um nível consideravelmente extremo, mesmo assim, esse tabu da morte continua vagando na mente da humanidade. Em relação aos moribundos, o autor fala que, eles são isolados da vida social, são deixados de lado, justamente pelo fato das pessoas temerem a morte e quererem estar longe da vivência desse fato. Afirma-se assim que hoje em dias nós somos bem mais sensíveis à morte, resultando a isso a exclusão dos moribundos. Essa exclusão vem com a carga de que não queremos perder pessoas que amamos, e vê-las sofrendo em seu leito de morte sem podermos fazer nada, nos deixa mais desconfortáveis.

Elias escreve que “não é possível compartilhar o processo de morrer com ninguém” (p. 69), assim, os moribundos se sentem sozinhos. A dor dos moribundos é maior que a dor do indivíduo ao perder uma pessoa amada. Existe uma falta de identificação entre os jovens com as pessoas que estão envelhecendo e logo morrendo. Se o assunto da morte for ensinado cedo para as pessoas essa situação não ocorreria mais. Norbert Elias conclui sua obra com “A morte não tem segredos. Não abre portas. É o fim de uma pessoa. O que sobrevive é o que ela ou ele deram às outras pessoas, o que permanece nas memórias alheias” (p.77). Algum dia tudo o que a humanidade fez pode deixar de existir, ser esquecida, não há o que temer da morte, os mortos não têm problemas.

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