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Resenha Marilena Chauí - Cultura

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Por:   •  20/3/2015  •  1.507 Palavras (7 Páginas)  •  5.498 Visualizações

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RESENHA DA UNIDADE 8 “O MUNDO DA PRÁTICA”

CAPÍTULO 1 “CULTURA”

DO LIVRO “CONVITE À FILOSOFIA” DE MARILENA CHAUÍ

SÃO PAULO

2013

A autora em seu livro Convite à Filosofia na unidade 8, capítulo 1-Cultura, discorre e aprofunda sobre o tema cultura tocando em questões importantes do ponto de vista filosófico. Assim a autora começa por questionar a Natureza da cultura humana, problematizando o conceito cristalizado ao descrever várias frases de nosso cotidiano como: “o homem não chora”, “é da natureza humana ter medo do desconhecido”, entre outras. As generalizações para autora são contraditórias e, portanto, devem ser desconstruídas. Segundo a autora: ...“Assim, por exemplo, dizer que “é natural chorar na tristeza” entra em contradição com a idéia de que “homem não chora”, pois, se isso fosse verdade, o homem teria que ser considerado algo que escapa das leis da Natureza, já que chorar é considerado natural. O mesmo acontece com a frase sobre o medo e a coragem: nelas é dito que o medo é natural, mas que uma certa pessoa é admirável porque não tem medo. Aqui, a contradição é ainda maior do que a anterior, uma vez que parecemos ter admiração por quem, misteriosamente, escapa da lei da Natureza, isto é, do medo.”

A argumentação da autora ainda na idéia de desconstruir o conceito de Natureza recorre a Antropologia ao descrever as diversas organizações sociais e suas peculiaridades: ...“Em certas sociedades, o sistema de alianças, que fundamenta as relações de parentesco sobre as quais a comunidade está organizada, exige que a criança seja levada, ao nascer, à irmã do pai, que deverá responsabilizar-se pela vida e educação da criança. Em outras, o sistema de parentesco exige que a criança seja entregue à irmã da mãe. Nos dois casos, a relação da criança é estabelecida com a tia por aliança e não com a mãe biológica. Se assim é, como fica a afirmação de que as mulheres amam naturalmente os seus filhos e que é desnaturada a mulher que não demonstrar esse amor?”

Neste mesmo sentido recorre também ao empirismo Histórico: ...“Os historiadores brasileiros mostram que, por razões econômicas, a elite dominante do século XIX considerou mais lucrativo realizar a abolição da escravatura e substituir os escravos africanos pelos imigrantes europeus. Essa decisão fez com que o mercado de trabalho fosse ocupado pelos trabalhadores brancos imigrantes e que a maioria dos escravos libertados ficasse no desemprego, sem habitação, sem alimentação e sem qualquer direito social, econômico e político.”

Desta forma contesta a naturalização dos comportamentos, idéias, valores, formas de viver e agir. Desconstruindo caso a caso a naturalização humana através de fatos sociais e históricos que demonstram as contradições dos fundamentos naturais no confronto com a realidade das complexas organizações e relações humanas.

A seguir a autora problematiza também o conceito de “Culto, inculto: cultura”. Idéias recorrentes em nossas sociedades, impregnada de contradições e sentidos diversos. Enquanto sentido tem o termo de cultura como posse de conhecimento, como posição/função social e como valor étnico (coletivo) de inferioridade ou superioridade. Assim segundo a autora: ...“cultura é identificada com a posse de certos conhecimentos (línguas, arte, literatura, ser alfabetizado). Nelas, fala-se em ter e não ter cultura, ser ou não ser culto. A posse de cultura é vista como algo positivo, enquanto “ser inculto” é considerado algo negativo... “deixa entrever que “ter cultura” habilita alguém a ocupar algum posto ou cargo, pois “não ter cultura” significa não estar preparado para certa posição ou função. Nessas duas primeiras frases, a palavra cultura sugere também prestígio e respeito, como se “ter cultura” ou “ser culto” fosse o mesmo que “ser importante”, “ser superior”... A Cultura surge como algo que existe em si e por si mesma e que pode ser comparada (Cultura superior, Cultura inferior).

Enquanto às contradições desses sentidos a autora argumenta: ...“No entanto, algo curioso acontece quando passamos das duas primeiras frases à terceira. Com efeito, nas duas primeiras, “culto” e “inculto” surgiam como diferenças sociais. Num país como o nosso, dizer que alguém é inculto porque é semi-analfabeto deixa transparecer que Cultura é algo que pertence a certas camadas ou classes sociais socialmente privilegiadas, enquanto a incultura está do lado dos não-privilegiados socialmente, portanto, do lado do povo e do popular. Entretanto, a terceira frase afirma que a cultura brasileira não é inferior à francesa ou à alemã por causa de nossa música popular. Não estaríamos diante de uma contradição? Como poderia haver cultura popular (a música), se o popular é inculto?”

Assim para a autora a compreensão dos humanos não deve ser passada pela sua naturalização, já que a palavra cultura possui diversos sentidos sendo que alguns são de fato contraditórios com outros.

Desta feita a autora nos apresenta os diversos sentidos da Natureza e Cultura no pensamento ocidental como: força espontânea, essência própria de um ser, organização universal dos seres regida por leis naturais, tudo que existe sem a intervenção, vontade e ação do ser humano, a natureza com meio ambiente e como aquilo que está fora de nós (mesmo que provoque idéias e sentimentos em nós), objeto de conhecimentos construídos pelas operações científicas. Nesta última a autora faz uma importante consideração: ...“Esse último sentido da idéia de Natureza indica uma diferença entre a concepção comum e a científica, pois a primeira considera a Natureza nos cinco primeiros significados que apontamos, enquanto a segunda considera a Natureza

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