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Resenha Otilia Arantes

Por:   •  3/7/2016  •  Resenha  •  553 Palavras (3 Páginas)  •  354 Visualizações

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RESENHA: UMA ESTRATÉGIA FATAL, OTÍLIA B. F. ARANTES.

Otília Arantes considera uma falsa ruptura, toda superação dos movimentos de vanguarda ou arquitetônicos com os princípios teóricos e técnicas de movimentos artísticos anteriores aos modernistas. É, segundo a autora, uma ironia, pois haveria, ao contrário do que pregavam nos manifestos, uma continuação. No entanto, essa continuidade estaria com foco no gerenciamento assumidamente empresarial e na “culturalização do mercado”.

A primeira contradição é a dos “novos” planejamentos urbanos – dito estratégico – que além de reativar a ideologia modernista do plano, incorpora também a dimensão cultural do movimento imediatamente anterior. Caracterizando assim o não desapego dos princípios que viriam num sentido contrário e reativo a esta mesma ideologia modernista. Essa contradição gerou dúvidas pois políticas urbanas que visam a identidade da cidade não poderiam ser estrategicamente planejadas e previstas, elas mechem com o iventário dos habitantes da cidade.

Na segunda contradição é a cultura, pois foi capturada pelo sistema que usa a imagem da cidade como fonte de propagando, fazendo que o marketing trabalhe servilmente a favor dos interesses e não reflita a realidade. O “encontro glamouroso”, entre Cultura e Capital, Otília chamará de “culturalismo de mercado”.

E durante a terceira contradição do Planejamento Estratégico temos que o estado cujo trabalho regulamentava o controle dos usos e espaços das cidades (para combater exatamente a especulação), agora usa seu poder de influência e força de trabalho com o intuito de desregulamentar e até mesmo oferecer incentivos ao livre desenvolvimento do mercado especulativo.

O conceito original do Planejamento Estratégico surgiu nos Estados Unidos na década de 70 com o objetivo de transformar as cidades em “máquinas de produzir riquezas” e ao mesmo tempo apaziguar os ânimos de uma população do pós guerra.  

Após a morte de Martin Luther King, em 1968, a cidade de Baltimore foi tomada por conflitos devido ás péssimas condições econômicas e de preconceito racial a  que estava  submetida a população negra.

O jeito que encontraram  para assegurar a “governabilidade” da cidade pelos políticos e elite empresarial foi apropriar-se das manifestações da cultura negra, usando-as como diferencial e como marketing da identidade/diversidade étnica de Baltimore: “A substituição pós-moderna do espetáculo urbano como forma de resistência ou de festa popular revolucionária pelo espetáculo como forma de controle social”.

Esse processo de identidade visual da cidade resultou na “comercialização institucionalizada de um espetáculo em que os próprios grupos étnicos começaram a lucrar com a venda da etnicidade”, o que na hora era a única saída do desemprego. Surge assim um exemplo bem sucedido de intervenção urbana que alcançara ao mesmo tempo dois bons resultados: neutralizou a força de uma população revoltosa (sem, no entanto resolver de fato o problema social) e transformou Baltimore numa cidade famosa.

Numa tentativa da preservação da cultura, seriam justificados todos os tipos de intervenção vinda principalmente das elites, o que para a autora caracteriza a gentrificação das cidades como o climax do planejamento estratégico. Eles podem aparecer com outros nomes, entre eles: revitalização, reabilitação, revalorização, reciclagem, requalificação, entre outros. Porém a atitude revanchista de superar o espaço antigo não passa despercebida. Ao passo que a cultura passava a ser o principal negócio das cidades em vias de gentrificação, ficava cada vez mais evidente que a cultura, se tornara um dos mais poderosos meios de controle urbano no atual momento de reestruturação da dominação mundial.

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