Resumo Arendt e Schmidt
Por: Leticia Hummel • 14/10/2019 • Trabalho acadêmico • 792 Palavras (4 Páginas) • 149 Visualizações
Para Arendt, a política está relacionada no plano ideal com a possibilidade de um bem comum e com uma ética que envolve a disposição para a vida política, para a convivência e de se assumir o risco da auto-revelação. A polis pressupõe, pois, a convivência de cidadãos livres e iguais. As assembléias se constituem, dentro da estrutura das cidades-Estados, como o espaço público por excelência onde os atores podem agir. Ela é o lugar da ação e do discurso onde cada um dos agentes, igualmente livres e singulares, revela sua identidade distinta em atos e palavras, distinguindo-se dos demais. Arendt assume, assim, a perspectiva de uma pluralidade radical na qual a esfera pública aparece como condição humana.
Para ela, a liberdade só existe na ação. A esfera política ou dos negócios humanos surge, pois, da ação em conjunto e da comparticipação das palavras e atos. Ela é em amplo sentido a esfera das aparências, onde cada um se mostra aos demais.
O poder, por sua vez, é o que mantém a existência da esfera pública. Onde quer que os homens se reúnam, o potencial do poder existe. Mas ele é algo que não pode ser armazenado, isto é, o poder é o poder da ação e precisa ser efetivado. Para tanto, as palavras devem ser empregadas no intuito de revelar realidades e os atos para criar relações e novas realidades. Agir é criar, dar inicio a algo novo. Se o poder não for efetivado, perde-se. Mas o poder é sempre um potencial de poder, não uma entidade imutável ou mensurável, e ele só existe entre os homens quando eles agem juntos. No caso de dispersão da comunidade, o poder desaparece. Então aquele que se isola e não participa da convivência, acaba por renunciar ao poder, independente do tamanho de sua força individual.
Em contrapartida, para Arendt, a violência aniquila o poder. Se o poder cria relações, a violência as destrói. Há dois tipos principais de poder na esfera política, dos negócios humanos. O primeiro é o poder de perdoar que decorre da qualidade do respeito ao outro e se apresenta como uma tentativa de contornar, minorar os efeitos da irreversibilidade da ação. O perdão gera conforto, paz e possiblidade de convivência. E o segundo: o poder de prometer o qual, mediante o fato de os agentes não conseguirem prever tampouco controlar as consequências de suas ações, permite lançar o olhar para o futuro, criando ilhas de certezas, de possibilidades de se planejar um futuro comum.
O autor Schmidt, cuja principal influência vem da tradição moderna hobbesiana fortemente criticada por Arendt, relaciona a questão do poder e da política ao Estado moderno, ao poder constituinte e a questão da soberania. Para ele, o conceito de Estado pressupõe o conceito de político. O Estado é um modelo de unidade política, ele detém o monopólio legítimo da decisão política. O que justifica sua existência para Schmitt é o reconhecimento da existência da inimizade entre os homens. Há uma política interestatal, que se legitima pelo Direito Internacional e pelo reconhecimento da soberania dos distintos Estados, e uma política intraestatal, que se legitima no Direito Constitucional e foca a política interna.
Os principais critérios em que se baseiam as ações e motivações políticas são o de amigo-inimigo. Os povos se agrupam politicamente conforme essa oposição. Na iminência de um inimigo público, Schmitt defende que o Estado pode declarar a guerra contra outros Estados, e pode, além disso, desrespeitar a Constituição e declarar Estado de exceção. A guerra é, portanto, uma possibilidade real da realização extrema da inimizade. Ela é uma extensão do poder. É a partir dessa iminente possibilidade extremada da guerra que passa a existir entre os humanos um comportamento propriamente político.
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