Resumo Os fundamentos do conhecimento na vida cotidiana BERGER, Peter L.; LUCKMANN, Thomas. In: A construção social da realidade.
Por: Leonel Rocha • 3/10/2016 • Resenha • 762 Palavras (4 Páginas) • 5.097 Visualizações
Os fundamentos do conhecimento na vida cotidiana
BERGER, Peter L.; LUCKMANN, Thomas. In: A construção social da realidade. 33. Petrópolis: Vozes, 2011
I. A realidade na vida cotidiana
Os autores propõem uma análise sociológica da realidade da vida cotidiana, desconstruindo, para isso, o que vivemos, pensamos, fazemos, nossa conduta na vida diária. Situando sua explicação em “A vida cotidiana apresenta-se como uma realidade interpretada pelos homens e subjetivamente dotada de sentido para eles na medida em que forma um mundo coerente.” (BERGER; LUCKMANN, 2011. p. 35) e “O método que julgamos mais convincente para esclarecer os fundamentos do conhecimento na vida cotidiana é o da análise fenomenológica” (p. 36) sendo esse método empírico e não necessariamente científico.
“A coerência é sempre intencional; sempre ‘tende para’ ou é dirigida para objetos [...] O que nos interessa aqui é o caráter intencional comum de toda consciência. Objetos diferentes apresentam-se à consciência como constituintes de diferentes esferas da realidade” (p. 37). Sendo assim, seguem muitos exemplos para explicar melhor isso ao longo do texto.
Nossa consciência permeia diferentes esferas da realidade: temos consciência que o mundo tem múltiplas realidades. A realidade da vida cotidiana (a do “aqui” e “agora” se apresenta como sendo realidade por excelência. É impossível não a ter como realidade.
“O mundo da vida cotidiana é estruturado espacial e temporalmente” (p. 43). Espacialmente porque as minhas zonas de manipulação frequentemente entram em contato com as zonas de manipulação dos outros (dimensão social). O tempo é tanto social como consciente. Tanto nosso organismo quanto a sociedade nos impõem a ideia de sequência de tempo. “A temporalidade é uma propriedade intrínseca da consciência. A corrente da consciência é sempre ordenada temporalmente” (p.43)
A intersubjetividade também tem uma dimensão temporal. Nunca pode haver completa simultaneidade entre níveis de temporalidade (tempo cósmico, calendário socialmente estabelecido, tempo interior), como evidencia a experiência de espera. “A estrutura temporal da vida cotidiana não somente impõe sequências predeterminantes à minha ‘agenda’ de um único dia mas impõe-se também à minha biografia em totalidade” (p. 45)
2. A interação social na vida cotidiana
A realidade da vida cotidiana é partilhada com outros. “Meu ‘aqui e agora’ e o dele colidem continuamente um com o outro enquanto dura a situação face a face. Como resultado, há um intercâmbio contínuo entre minha expressividade e a dele”. (p. 46) O seu conhecimento dos outros determina o seu sucesso ou seu fracasso nas suas relações com eles. Nas interações sociais, eu apreendo o outro por meio de esquemas de “tipificação”. “Toda tipificação acarreta naturalmente uma anonimidade inicial” (p. 49). A expressividade do outro lhe dará uma ideia inicial de quem ele é. A medida que você vai conhecendo-o, que ele vai se tornando acessível a você, será rompida a ideia inicial e a outra pessoa, até então anônima, se manifestará como um indivíduo único e atípico.
O grau de interesse e intimidade fazem variar o anonimato da experiência. Como o conhecimento do outro depende da sua observação dele, o melhor meio de conhecê-lo é na situação face a face. Obviamente, é possível que se faça uma interpretação equivocada, ou que o outro esconda suas intenções. Mas as interpretações errôneas e a hipocrisia são mais difíceis de manter na interação face a face.
“Minhas relações com os outros não se limitam aos conhecidos e contemporâneos. Relaciono-me também com os predecessores e sucessores, aqueles outros que me precederam e se seguirão a mim na história geral de minha sociedade” (p. 51)
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