Resumo do Capitulo 15 do Livro O Príncipe Maquiavel
Por: Whana • 11/6/2017 • Resenha • 1.093 Palavras (5 Páginas) • 6.415 Visualizações
Análise do Capítulo 15 - Daquelas coisas pelas quais os homens, e especialmente os príncipes, são louvados ou vituperados do Livro O Príncipe de Nicolau Maquiavel
Os capítulos de 15 - 18 Maquiavel mostra uma proposta de uma nova moralidade. Maquiavel se via como inovador e isso esta explícito nesses capítulos. O fato dele ser um inovador faz com que ele bata de frente com as convenções do seu tempo. Porque Maquiavel é tão ousado, com relação a moralidade? Essa ousadia é baseada em 2 princípios. A Natureza Humana é um fundamento do princípio da verdade efetiva das coisas, a ideia de que a natureza humana é fixa, que existe uma natureza, e ela ao contrário das circunstâncias ela é válida para os indivíduos que viveram na antiguidade e os que continuam vivendo na Europa e os que nunca viveram na Europa.
O juízo extremamente pessimista sobre a natureza humana, ele descreve isso nos capítulos 17, 18. Maquiavel fala que os homens são ingratos, volúveis, dissimuladores, fogem do perigo, quando beneficiados oferecem o sangue e as coisas, a vida e os seus filhos, e quando pressionados se revoltam. Ele fala também que os homens perdoam mais facilmente o assassinato do pai que a perda do patrimônio.
O príncipe tem que aprender a se equilibrar diante das contingências do seu principado e da natureza humana tão traiçoeira. Uma das facetas mais benéficas ao príncipe da natureza humana é que os homens são extremamente incrédulos. Um dos princípios que norteiam esses capítulos é a verdade efetiva das coisas, porque é preciso que o príncipe deva está ciente de como as coisas realmente funcionam. Se o príncipe seguir seus conselhos, se ele quiser manter o estado, ele vai se da bem. O poder de modificação da ação é modificado pela leitura tanto dos governantes, como dos governados, mas essas leituras que não sejam as de Maquiavel, são inúteis e levam o príncipe a ruína.
As finalidades desses outros textos/leituras que Maquiavel critica são projetos ideológicos, Maquiavel quer constituir uma nova ideologia ao poder, por isso que as críticas eram tão duras a esses textos. Maquiavel afirma que é impossível seguir o leque dessas virtudes, porque essa ideologia é porosa, ela tem algo de vulnerável. O problema dessa ideologia é que ela não permite o príncipe de governar, ela visa a manutenção de uma ideologia. Maquiavel se revolta contra tudo, não apenas contra uma tradição passada, mas também contra os escritores do seu próprio tempo e consegue de uma forma muito enxuta acabar com essas ideologias.
Os outros oradores visam a manutenção de uma ideia rígida – a rigidez da moralidade, o temor a Deus, a manutenção da palavra - e é justamente contra isso que Maquiavel se revolta, que essa ideia rígida de bem não corresponde as ações humanas, a distância entre os discursos e as ações não condiz com a realidade.
O capítulo 15 fala do choque entre o terreno da ação que é o que é visível e o terreno das invenções que é invisível. Maquiavel fala: “Porém, sendo minha intenção escrever coisas que sejam úteis a quem se interesse, pareceu-me mais conveniente ir direto à verdade efetiva da coisa que à imaginação em torno dela”. O príncipe pode querer ser liberal, mas ele não pode ser isso. Existe uma regra, uma norma, sobre um discurso que deve ser ação e a própria ação, Maquiavel esta tentando adequar esse discurso, em certas circunstâncias o príncipe não pode ser liberal, generoso e etc.
As características – liberal, mísero, generoso, cruel, piedoso, leal, fraco, soberbo, astuto e etc. que Maquiavel fala neste capítulo são dos discursos como as coisas são, são as descrições dos atos. Maquiavel afirma que o príncipe não pode ter essas características, pois elas levam o príncipe a ruína, mas são essas características que tornam o príncipe, um príncipe, mas Maquiavel não apresenta novas palavras para essas características citadas acima.
Maquiavel fala: “Sei que todos dirão que seria louvabilíssimo um príncipe ter as melhores qualidades dentre as enumeradas acima“. Seria louvável que o príncipe tivesse todas as qualidades, todas as virtudes de um príncipe, o príncipe deveria ser virtuoso. Maquiavel diz ainda: “Contudo, como a condição humana não consente que se tenham todas elas, nem que possam ser inteiramente observadas, é necessário ser prudente a fim de escapar a infâmia daqueles vícios que põem em risco o governo.“ O príncipe não vai conseguir ser totalmente virtuoso, as condições humanas exigem que ele haja de diferente maneira, ele precisa ser prudente para evitar a infâmia. Como é que o príncipe vai evitar a infâmia? O príncipe sabe que as pessoas vão julgá-lo pelas suas virtudes, mesmo que ele mantenha o poder, com isso o próprio príncipe é responsável pelo seu fracasso, porque ele não foi prudente nas suas ações. A estabilidade do príncipe depende de como ele é julgado pelos seus súditos, se os súditos acham que o príncipe é muito vicioso, os atos dele chocam a moral, os costumes, é um componente para o próprio príncipe e para o seu principado.
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