Roberto DaMatta
Por: Carlos Franco • 30/5/2015 • Ensaio • 430 Palavras (2 Páginas) • 316 Visualizações
DaMatta, em seu texto, nos fala da expressão "Você sabe com quem está falando?" e de sua inserção na cultura brasileira. Diferentemente do termo "homem cordial", de Sergio Buarque de Holanda, que denota uma certa aproximação à uma maneira de ser mais sociável do brasileiro, o "você sabe com quem está falando?" está mais próximo de uma maneira autoritária e hierárquica da sociedade brasileira. O "você sabe com quem está falando?" é normalmente utilizado por pessoas que sentem-se superiores aos demais, trazendo em seu bojo uma conotação elitista e até mesmo preconceituosa. Para efeitos de separação e de um melhor entendimento, passarei a chamar os indivíduos que utilizam a expressão "você sabe com quem está falando?" de "homem autoritário".
Quanto à sua observação no âmbito da administração pública, é possível dizer que ambos, tanto o "homem cordial" quanto o "homem autoritário" são prejudiciais, pois trazem em si a personalização, o que vai contra o princípio administrativo da Impessoalidade, já visto anteriormente.
O Estado, segundo a princípio da Impessoalidade, deve agir da mesma maneira para todos os seus cidadãos. O servidor, como representante do Estado, tem que ter a atenção para o fato que, quando age, não é em seu nome que o faz, mas em nome do Estado. Ocorre que muitos, quando investidos em cargo público, confundem-se e passam a acham que tem a posse do cargo. "Investidura", vem de vestir, cobrir com manto. A investidura é o ato no qual o cidadão recebe o "manto" do Estado e passa a "servir" em seu nome. A "posse" é um termo já naturalizado e institucionalizado, é o momento da entrada em exercício do servidor.
O caráter impessoal da administração pública é traído tanto pelo "homem cordial" quanto pelo "homem autoritário". Ambos, por carregarem uma imensa carga de personalização, acabam por acharem que tem "posse" do cargo público. Ter posse significa se apoderar, de ser possuidor, de ter privilégios sobre algo; resumindo, de ser dono de alguma coisa. O que nós não somos, enquanto servidores do Estado.
Desta forma, todo ato "pessoal" dentro da administração pública deve ser vedado. Diversos atos que poderiam beneficiar o servidor ou seus familiares e amigos já foram relatados na mídia, e na minha opinião, seguem o pensamento atribuído a Getúlio Vargas : "Aos amigos, tudo, aos inimigos, a lei".
Talvez a única diferença entre o "homem cordial" e o "homem autoritário" sejam a forma como buscam os privilégios. O "homem cordial" faz a coisa mais dentro do "jeitinho", próximo até da malandragem; ao passo que o "homem autoritário" o faz dentro da diferença hierárquica e das relações de poder e força.
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