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Rodoviária de Cuiabá como Pessoa com Deficiência (PcD) Visual (olhos vendados)

Por:   •  21/2/2025  •  Trabalho acadêmico  •  923 Palavras (4 Páginas)  •  8 Visualizações

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Experiência na Rodoviária de Cuiabá como Pessoa com Deficiência (PcD) Visual (olhos vendados)

04/01/2025 (sábado), das 06h22min às 07h28min

Percurso realizado enxergando (1ª vez) e com venda (2ª vez): calçada, saguão amplo de entrada, rampa, curva à esquerda com rampa, curva à direita com piso plano, curva à esquerda com piso em declive, piso plano, piso com rampa, curva à esquerda com piso plano, curva à esquerda com piso em declive, curva à esquerda com declive e retorno à calçada.

A experiência de percorrer a Rodoviária de Cuiabá com os olhos vendados proporcionou uma imersão significativa nas dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência visual.

Durante o percurso, foram percebidas as seguintes sensações físicas e emocionais, que se associaram aos estudos sobre acessibilidade e inclusão:

1. Desorientação e perda de referência espacial: sem a visão, perde-se a noção imediata de espaço, distâncias e obstáculos, resultando em desequilíbrio e hesitação ao caminhar; segundo Santos (2015), a percepção espacial das pessoas cegas depende da audição e do tato, que substituem a ausência de informações visuais para construção mental do ambiente;

2. Alteração do equilíbrio e da coordenação motora: a visão é um fator essencial para a manutenção do equilíbrio corporal; ao ser privada dela, houve dificuldades para andar em linha reta ou manter uma postura estável; estudo de Kleiner et al. (2010) ressalta que a propriocepção e o sistema vestibular se tornam mais exigidos na ausência da visão, podendo comprometer a estabilidade postural e a coordenação motora; efetua-se o esclarecimento de que “A propriocepção é a capacidade que o próprio corpo tem de avaliar em que posição se encontra a fim de manter o equilíbrio quando está parado, em movimento ou ao realizar esforços” (Pinheiro, 2021);

3. Insegurança e medo: o desconhecimento do ambiente, na qualidade de PdD visual, e a possibilidade de colisão com obstáculos ou pessoas geraram ansiedade e medo; de acordo com Bernardo et al. (2019), a insegurança em ambientes públicos é um fator limitante para a mobilidade autônoma das pessoas cegas, reforçando a necessidade de espaços acessíveis;

4. Dependência de terceiros ou do ambiente: como me encontrava sozinho, algumas pessoas ofereceram ajuda ao observarem as dificuldades de locomoção; segundo Araujo (2015), a interação social é essencial para a mobilidade de PcD, mas também é necessário garantir autonomia por meio de estruturas adaptadas e treinamentos para o uso de bengalas e tecnologia assistiva;

5. Ansiedade e sensação de vulnerabilidade: estar sem visão em um ambiente público causou angústia, devido à sensação de exposição e vulnerabilidade; seguindo os apontamentos de Mazzotta (2011), a inclusão plena das pessoas com deficiência passa não apenas pela adaptação estrutural dos espaços urbanos, mas também pela conscientização da sociedade sobre suas necessidades;

6. Aprimoramento de outros sentidos: o tato, a audição e até mesmo o olfato tornaram-se mais aguçados, pois passei a depender mais dessas informações para me situar e locomover; pesquisas apontam que a neuroplasticidade permite o desenvolvimento compensatório de outros sentidos em indivíduos com deficiência visual (Rangel, 2010); e

7. Possível adaptação progressiva: com o tempo, houve uma pequena adaptação, confiando mais nos outros sentidos e desenvolvendo estratégias para me locomover com mais segurança; estudos de Clemente (2022) indicam que o treinamento e a exposição a desafios de mobilidade aumentam a autonomia de PcD visual, reduzindo o impacto das barreiras físicas e emocionais.

A experiência revelou os grandes desafios enfrentados por PcDs visuais no cotidiano, reforçando a necessidade de adaptação dos espaços urbanos e o desenvolvimento de tecnologias assistivas para garantir a inclusão plena.

Como apontado por diversos estudiosos, a mobilidade autônoma não depende apenas da percepção individual, mas também do comprometimento da sociedade na promoção da acessibilidade.

Referências

ARAUJO, Eliece Helena Santos. Acessibilidade e Inclusão de Pessoas com Deficiência na Faculdade de Direito da UFBA. Dissertação (Mestrado em Estudos Interdisciplinares Sobre a Universidade) - Instituto de Humanidades, Artes e Ciências, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/20772/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O-ELIECE%20HELENA%20SANTOS%20ARAUJO%202.pdf. Acesso em: 07 jan. 2025.

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