TRANSFERÊNCIA E CONTRATRANSFERÊNCIA: FENÔMENOS DA CLINICA PSICANALÍTICA
Por: Sonalli Paulo • 15/6/2017 • Trabalho acadêmico • 1.800 Palavras (8 Páginas) • 383 Visualizações
TRANSFERENCIA E CONTRATRANSFERÊNCIA: FENOMENOS DA CLINICA PSICANALITICA
Jaqueline Luiza Carvalho Silva
Sonalli paulo
RESUMO
A transferência e a contratransferência são instrumentos fundamentais no processo da psicoterapia psicanalítica. O presente trabalho tem como objetivo levantar uma breve discursão acerca dos conceitos citados acima, afim de aprofundar o conhecimento de como estes fenômenos se manifestam na prática clínica, para tanto será feita então uma relação destas questões fundamentais com o lugar do analista no processo psicoterápico.
Palavras-chave: Transferência, contratransferência, psicanalise.
INTRODUÇÃO
O ser humano é um ser essencialmente relacional, que precisa do outro para o processo de socialização, este processo é constituído por experiências emocionais que envolvem representações, vivencias inconscientes, emoções, afetos. A transferência é um processo que está presente virtualmente em todas as relações, no trabalho proposto trataremos da transferência presente no processo psicanalítico.
A princípio para Freud a transferência é vista como um obstáculo Aao processo psicanalítico, Freud a caracterizava como um conjunto de fenômenos produzidos pelo analisando direcionados ao analista, sendo portanto o analista o alvo de representações inconscientes por parte do analisando, aqui cabe ressaltar que o analista não é um mero depositório de representações, mas que ele tem um papel importante neste processo.
Nasio (1999) faz uma reflexão acerca do lugar do analista no processo de análise, o que leva a outro fenômeno importante na análise, a contratransferência. O conceito de contratransferência esta intimamente ligado a outro, a relação do analista com o seu lugar, o lugar de desejo do analista, este desejo esta subjugado ao analista ocupar o lugar de objeto, já a contratransferência define o conjunto de obstáculos imaginários que impedem o analista de ocupar este lugar.
É importante destacar que o conceito de Transferência e contratransferência vem sofrendo sucessivas transformações e renovados questionamentos. O referido trabalho tem como objetivo fazer uma revisão dos fenômenos postos acima com base nos textos de Lacan e Nasio, assim como, gerar uma reflexão sobre a importância desses fenômenos na pratica clínica psicanalítica.
DESENVOLVIMENTO
A contratransferência é o conjunto das produções imaginaria do analista, que o impedem de ocupar o seu lugar de objeto, “de objeto atrator” na transferência. Ele fala que o desejo do analista é um ponto singular, é um local, um ponto que qualificaremos de atrator que é um ponto que atrai, suscita, provoca o desenvolvimento da transferência, da neurose de transferência, ele o qualifica como “ponto de mira”. Esse termo é idêntico a sua nova realidade, produzida pela foraclusão. Onde ocorre uma dupla modificação, um deslocamento de lugar, e em seguida, uma mudança de estrutura psíquica. Esse ponto de mira, dever ser pensado como o lugar onde o analista deve ir, o ângulo no qual ele deve se situar se quiser ser capaz de operar.
Há três classes de manifestações transferenciais, sendo elas: O saber, a paixão Ee a angustia. Essas manifestações não são apenas um obstáculo ao acesso do analista a esse lugar, mas também um anuncio, um signo que indica a sua proximidade. Existem três tipos de manifestações gerais: manifestação consciente , manifestação contratransferências e manifestações especificas, cada uma devida ao estado muito particular no qual se encontra o analista. As manifestações contratransferências se caracterizam por duas coisas, primeiramente de manifestações pré-conscientes, onde o analista pode desvele-las sem nenhuma interpretação. Diante da contratransferência o analista esta só. Em segundo lugar o traco especifico das manifestações contratransferências é a expressão de um superinvestimento libidinal da imagem narcísica.
O conceito de transferência em psicanálise está atrelado à expressão "amor de transferência", que se trata de uma transcrição da observação clínica, em que o amor enquanto repetição significante fixa-se na figura do analista, e este se serve deste ocorrido como instrumento motor da direção da análise. Isso ocorre, pois o amor esta atrelada a paixão, uma das manifestações transferenciais, a expressão "amor de transferência" não significa apenas a presença do afeto amor em relação ao analista, trata-se da manifestação de um conjunto de fenômenos produzidos pela tarefa do analisando, pelo trabalho do analisando em associação livre, que, juntamente com o silêncio do analista, determinarão uma estrutura para a transferência, como também pode implicar em ódio, ou outros sentimentos descritos nas manifestações transferenciais.
O analista como alvo da transferência acaba sendo suporte das representações inconscientes, ou seja, suporte da repetição do recalque. A interpretação da transferência, indicando ao analisando essas falsas conexões, visa deslocar a repetição, dando lugar à rememoração. Em conseqüência, tem-se o retorno do recalcado., Lacan diz que a transferência é automatismo de repetição, pois ela está inscrita no registro pulsional como uma necessidade de repetição e não-repetição da necessidade.
Interpretar a transferência é vencer tanto a resistência, imposta pela figura do analista, como o recalcamento, restabelecendo uma ponte entre os significantes e garantindo assim a associação livre. A impossibilidade do analista de realizar esta tarefa consistia no que foi denominado de contra-transferência: o analista não compreende o que o sujeito lhe projeta e esta falta de compreensão incorre na impossibilidade de retornar o objeto projetado pelo analisando, ocorre a incorporação do objeto.
As reações contratransferências aparecem quando o psicanalista esta na margem, a ponto de dar um salto, de realizar um deslocamento brusco e fugaz entre uma realidade psíquica de dominância imaginaria organizada em torno do eu, sobe a égide da referencia fálica, por um lado , e por outro , uma outra realidade psíquica fora do Eu, ao lado do Eu, uma realidade pulsional, de dominância, de Gozo, do objeto a.
O analista só consegue verdadeiramente transformar os derivados inconscientes do seu paciente em uma interpretação ou em uma percepção alucinada com a condição de deixar, abandonar, separar-se do seu Eu, de fazer calar em si as ambiguidades, os enganos e erros do discurso intermediário, para abrir-se enfim à cadeia das palavras verdadeiras.
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