TÓPICOS DE PESQUISA-AÇÃO
Por: Nertan Silva-Maia • 19/4/2017 • Artigo • 1.180 Palavras (5 Páginas) • 209 Visualizações
TÓPICOS DE PESQUISA-AÇÃO
Por Nertan Dias Silva Maia
Engel (2000, p. 182) ao escrever sobre as utilidades e as críticas endereçadas à pesquisa-ação, expõe que:
"A pesquisa-ação surgiu da necessidade de superar a lacuna entre teoria e prática. Uma das características deste tipo de pesquisa é que através dela se procura intervir na prática de modo inovador já no decorrer do próprio processo de pesquisa e não apenas como possível conseqüência de uma recomendação na etapa final do projeto".
Thiollent (1992, p. 14) nos ajuda a situar acerca da definição da pesquisa-ação ao considerá-la como "(...) um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo".
A partir destes conceitos podemos, inicialmente, pensar que a pesquisa-ação pressupõe a existência de um coletivo que comunga de determinada vivência ou experiência conjunta e é convidado a pensar sobre ela. O envolvimento dos sujeitos passa então a ser condição importante uma vez que são estes que passam a pensar sobre as relações estabelecidas no interior do grupo e, assim, apontar a existência de questões que podem ser consideradas como problema.
Através dessa participação aberta à expressão e que envolvem todos os membros, seriam elencadas não apenas questões que sinalizam possíveis problemas para o grupo como também passam a ser colocadas as possíveis causas que concorrem para determinada situação e, conseqüentemente as possíveis ações de superação.
Por sua natureza coletiva e de ação educativa comprometida com a superação da dicotomia às vezes existente entre a teoria e a prática, a pesquisa-ação é muito utilizada como metodologia por pesquisadores preocupados não apenas com o “dizer”, mas também com o “fazer” (THIOLLENT 1992, p. 16).
Como a pesquisa-ação compromete-se com a vivência de ações que permitam a modificação de determinada realidade, torna-se imprescindível o envolvimento dos sujeitos participantes em todos os momentos da pesquisa como forma de tomada de consciência ao longo do processo no intuito de garantir tais mudanças objetivadas.
Ainda para o autor “uma pesquisa pode ser qualificada de pesquisa-ação quando houver realmente uma ação por parte das pessoas ou grupo implicados no problema sob observação” (THIOLLENT 1992, p.15).
Thiollent denomina a primeira fase de exploratória. Nesta se observa o campo de pesquisa, sua exequibilidade, além do contato com os sujeitos interessados com o intuito de se identificar o apoio e/ou resistência e obter o comprometimento dos mesmos.
É a fase onde se dá os primeiros levantamentos, também chamada de diagnóstico de situação, pois nesta implementa-se o levantamento geral das necessidades dos atores, além da formação das equipes de trabalho envolvendo todos os participantes. Essas equipes não são estanques, mas dividem-se em diferentes trabalhos por afinidade ou potencialidade, o que não significa que em determinados momentos possam executar a tarefa designada para outra equipe.
Ainda nesta fase são definidos os objetivos e os problemas geradores da investigação, onde também são projetadas as primeiras ações com vistas às resoluções futuras. Considera-se este momento ter grande importância devido ao fato de encaminhar as fases subseqüentes da pesquisa além de informar a todos os envolvidos sobre os objetivos do estudo e a metodologia empregada.
Thiollant (1992, p.53-54) considera que os problemas em pesquisa-ação são colocados inicialmente de forma prática, onde se destaca a análise da situação atual e a projeção de uma situação desejável, considerando possíveis entraves e potencialidades, além da execução das ações e avaliação das mesmas.
Partindo dessa premissa se desenvolve todo processo da investigação, não se esquecendo que a preocupação teórica ocupa um importante espaço no decurso da investigação. Este referencial é considerado como pilares dentro de uma problemática, gerando idéias, sugerindo hipóteses e norteando o estudo e suas interpretações.
Neste cenário destaca-se a importância de uma estratégia essencial que é a técnica do seminário, onde são reunidos os principais membros da equipe com o intuito de definir o tema, elaborar a problemática, constituir grupos de estudos e equipes de pesquisa, além de buscar soluções, avaliar ações e divulgar os resultados. Thiollant (1992, p.58) ao manifestar-se acerca dos seminários relata:
"O seminário centraliza todas as informações coletadas e discute as interpretações. Suas reuniões dão lugar a “atas”. Com as informações reunidas, e dentro da perspectiva teórica adotada. O seminário elabora diretrizes de pesquisa (hipóteses) e diretrizes de ação submetidas à aprovação dos interessados, que
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