Weber - A ética protestante e o ''espírito'' do capitalismo
Por: diegoaguirreufu • 13/11/2015 • Resenha • 625 Palavras (3 Páginas) • 841 Visualizações
A palavra “espírito” aparece entre aspas na primeira versão de A Ética protestante e o espírito do capitalismo, de 1904. Max Weber esclarece que em sua abordagem se relaciona pela discussão religiosa e a análise sociológica do capitalismo, que busca não como uma análise desse sistema econômico, mas das suas normas (éthos) e das condutas no cotidiano das pessoas. Para Weber o “espírito” capitalista é organizado e racional e apresenta o texto “Time is Money” de Benjamin Franklin como um documento que expressa esse espírito, pois nele é apresentado como é a conduta capitalista que deveria ser buscada, ou seja, é nas concepções de Franklin que Weber irá apresentar o que ele chama de “espírito” do capitalismo, valores como:
Lembra-te que tempo é dinheiro; aquele que com seu trabalho pode ganhar dez xelins ao dia e vagabundeia a metade do dia, ou fica deitado em seu quarto, não deve, /mesmo que gaste apenas seis pence para se divertir contabilizar só esta despesa, na verdade gastou, ou melhr, jogou fora, cinco xelins a mais. (...) Lembra-te que o dinheiro é procriador por natureza e fértil. O dinheiro pode gerar dinheiro, e seus rebentos podem gerar ainda mais, e assim por diante. (...) Lembra-te que – como diz o ditado, “um bom pagador é senhor da bolsa alheia”. (...) Quem desperdiça seu tempo no valor de cinco xelins, prede cinco xelins e bem que os poderia ter lançado ao mar. Quem perde cinco xelins não perde só essa quantia, mas tudo o que com ela poderia ganhar aplicando-a em negócios – o que, ao atingir o jovem uma certa idade, daria uma soma bem considerável. (FRANKLIN apud WEBER, 2004, p. 42-44).
Max Weber aponta que para o “espírito” capitalista o trabalho é uma atitude auspiciosa que engrandece os seres, em oposição à ideia do ócio que se torna pecaminoso. Antes, a nobreza a e a Igreja Católica valorizavam o ócio, já o protestantismo passa a condena-lo e apresenta que o trabalho é algo que engrandece o homem, ou seja, quem trabalha e evolui materialmente, passa a ter não apenas uma evolução econômica, mas também espiritual, pois é considerado como uma dádiva. Em sua obra Weber contempla então que o capitalismo equipara-se a um espírito, que se desenvolveu através da racionalização e do instrumentalismo do ocidente. Os elementos culturais e religiosos seriam a matriz para o perfeito desenvolvimento do espírito capitalista ocidental, onde o protestantismo (em especial, o calvinismo) fomenta através da moral religiosa e da cultura, dando sustentação ao desenvolvimento capitalista. A doutrina calvinista impulsiona um capitalismo extremamente materialista, que socialmente constitui-se no acúmulo de riquezas, cabendo ao homem administrar as riquezas materiais mundanos (riquezas para as próximas gerações), o que fomenta a lógica de produção, ou seja, a riqueza antes destinada para saciar necessidade passa ter como finalidade a sua própria acumulação.
Weber apresenta que para os calvinistas um dos princípios primordiais era o intenso isolamento espiritual do indivíduo em relação a Deus, ou seja, apenas uma vida voltada para a permanente reflexão seria capaz de conseguir vitória sobre o estado natural, na prática significa a racionalização do mundo e o fim de um poder mágico como salvação para os homens, racionalidade essa que garante uma linha ascética de protestantismo. Para o capitalismo o negócio é tratado de forma racional e natural. Há aí uma ligação do espírito do capitalismo com o sentido de vocação apontada pelo protestantismo, ou seja, no sentido religioso apresentado como a missão de cumprir uma tarefa destinada a sua vida, esse comportamento através da racionalidade é aproveitado para o espírito do capitalismo. O autor entende que o trabalho como vocação é a expressão de ascese como instrumento seguro de garantia da permanência da redenção da fé que constitui no espírito do capitalismo.
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