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A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Max Weber

Por:   •  25/6/2016  •  Resenha  •  1.896 Palavras (8 Páginas)  •  875 Visualizações

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Priscila S. Januario

Paradigma Weberiano, turma A

A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO

Parte I

Capítulo 1 – Confissão religiosa e estratificação social:

          Max Weber inicia este capítulo escrevendo sobre a predominância de protestantes entre os capitalistas, e para isso apresenta justificativas históricas: educação dispendiosa provida da hereditariedade na posse de capital. Assim também, Weber observou que as regiões mais ricas e economicamente estratégicas do Reich tiveram uma grande conversão de pessoas à religião protestante a partir do século XVI, com a Reforma. Essa fez a substituição de uma tradição religiosa extremamente cômoda para outra infinitamente incômoda por se fazer presente em todos os aspectos da vida de seus seguidores. Os adeptos da nova religião haviam feito críticas à insuficiência de dominação eclesiástica no catolicismo.

          Além das razões citadas acima para o predomínio capitalista no Protestantismo, o autor discute inúmeras outras, tais como o pouco interesse dos católicos em adquirir capital e a diferença na educação presente entre os adeptos dessas duas religiões, afirmando que os protestantes costumam ter maior qualificação profissional. Os adeptos ao protestantismo também possuem maior inclinação para o racionalismo econômico, fato que é explicitado ao ser feita uma observação acerca da “peculiaridade intrínseca e duradoura de cada confissão religiosa, e não a situação exterior histórico-política”. O pouco êxito econômico que os católicos possuíam também estava ligado ao desinteresse dos fiéis pelos bens materiais do mundo terrestre e em seu menor impulso aquisitivo. Assim, culpavam os calvinistas pela secularização da vida moderna, acusando-os de “materialistas”.

          Já na metade do capítulo, o autor aproxima as duas religiões afirmando que ambas possuem um “estranhamento do mundo”. Esse estranhamento se faz presente no catolicismo através da devoção eclesial e no protestantismo através da participação na vida de aquisição capitalista. Apesar do inerente interesse material vigente entre os protestantistas, há uma forte devoção que permeia todos os aspectos da vida. Tal fato é afirmado por Weber como sendo predominante no calvinismo. Contudo, voltando aos interesses econômicos, o sociólogo lembra que sendo considerados heréticos, os calvinistas se apropriaram de certo espírito comercial e fizeram de sua religião o berço da expansão capitalista.

          Weber atesta, ao final do capítulo, divergências entre o protestantismo da época de Lutero e Calvino e o protestantismo atual. Na visão do autor, essas diferenças não estão presentes na “alegria com o mundo”, ou seja, nos aspectos econômicos e progressistas, mas sim naqueles puramente religiosos.

Capítulo 2 – O espírito do capitalismo:

           O segundo capítulo dessa parte do livro é iniciado com uma justificativa para o título do capítulo que é também parte do título do livro. Weber chama a designação “espírito do capitalismo” de individualidade histórica, ou seja, uma peculiaridade advinda de conexões que se dão na realidade histórica, e afirma que a significação de tal conceito somente será entendido ao final, como resultado da pesquisa. O conceito não deve partir de análises abstratas e gerais acerca da história, mas sim ser pensado a partir da realidade concreta e privada, além de seu estudo ser feito a partir de um delineamento provisório – sem relação direta com a religião – a fim de compreender o objeto de pesquisa.

          Posteriormente, o sociólogo enumera diversas definições simbólicas para o dinheiro, como tempo e crédito, pois quanto mais um indivíduo trabalha mais dinheiro ganha, e quanto menos trabalha mais dinheiro gasta; assim como quem sabe fazer bom uso do crédito pode multiplicar sua tirando proveito dos juros. Desse modo, também é afirmado no texto que o dinheiro é “procriador por natureza e fértil”, pois um bom investidor é capaz de gerar cada vez mais capital; quanto maior for a riqueza, escreve Weber, maior será o lucro obtido a partir dos investimentos realizados. Para justificar seu raciocínio, o escritor dá um exemplo:

  • “Cinco xelins investidos são seis, reinvestidos são sete xelins e três pence, e assim por diante até se tornarem cem libras esterlinas (…) Quem mata uma porca prenhe destrói sua prole até a milésima geração. Quem estraga uma moeda de cinco xelins assassina tudo o que com ela poderia ser produzido: pilhas inteiras de libras esterlinas”.

          Além disso, um pagador direito conseguirá fazer quantos empréstimos forem necessários, pois terá a confiança dos credores. Isso, na visão de Weber, é uma ótima estratégia para quem não quer deixar de comprar a crédito. Também são citadas estratégias para aumentar o valor do crédito, como a honestidade, o cuidado, a pontualidade, a frugalidade e a presteza que se deve ter ao pegar dinheiro emprestado. Quem pega emprestado não pode cair na ilusão de achar que esse dinheiro é seu, pois acabará se endividando. É preciso que anote e mantenha sob controle seus gastos para que não haja prejuízos futuros.

          Max Weber, citando autores como Ferdinand Kürnberger e Jakob Fugger, afirma que fazer valer o dinheiro (investindo-o, multiplicando-o) não é uma questão de entendimento dos negócios e de escolha, mas sim um dever, uma ética. O capitalista de espírito não para de produzir riqueza enquanto pode, nem quando aposentado. É aqui que o autor mais explicita o significado do conceito empregado por ele no início do capítulo.

          Como citado acima, é necessário desfrutar de estratégias como a honestidade e a frugalidade, entre outras, para adquirir a confiança do credor, porém é também afirmado no texto que tais estratégias não precisam ser verdadeiras desde que se deixem transparecer aparentemente. Assim como, Weber descreve a inconsistência causada pelo excesso de virtudes, que devem ser moderadas e servir apenas para a aquisição de capital, pois podem tornar o capitalista improdutivo. Outro autor comentado no texto, Benjamin Franklin, afirmava que as virtudes só podem ter a utilidade de fazer ganhar dinheiro, e que elas foram reveladas por Deus justamente com essa finalidade. Isto é, são essenciais quando se trata de utilitarismo estrito e da reprodução dessa ética que é ter o espírito capitalista. Partindo disso, é possível perceber a mudança da ordem “natural”, como escreve Weber, da função do dinheiro na vida do ser humano. Dinheiro esse que não deve servir para satisfazer as necessidades materiais e emocionais do homem, mas antes ser um fim em si mesmo: é preciso fazer das pessoas dinheiro. Essa forma de viver é impregnada na sociedade a ponto de qualquer indivíduo que fuja a ela ser exonerado da vida econômica; pois, parafraseando Weber, o capitalismo faz parte de um cosmos do qual é impossível fugir. Como sendo um fim em si mesmo, o dinheiro não deve ser investido para satisfazer as necessidades materiais imediatas do homem; o capitalista de espírito não é hedonista.

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