Fundamentação Teórica - TTC Jornalismo
Por: Nathalia Marques • 2/6/2016 • Trabalho acadêmico • 7.039 Palavras (29 Páginas) • 414 Visualizações
Universidade anhembi morumbi
DANIELLE ANDRADE
DOMITILA GONZALEZ
REBECA RODRIGUES
REJANE SANTOS
TAIS SOUZA
DOCUMENTÁRIO JORNALÍSTICO EM VÍDEO
PERFIL: DEMÔNIOS DA GAROA
São Paulo
2013
DANIELLE ANDRADE
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DOMITILA GONZALEZ
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REBECA RODRIGUES
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REJANE SANTOS
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TAIS SOUZA
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DOCUMENTÁRIO JORNALÍSTICO EM VÍDEO
PERFIL: DEMÔNIOS DA GAROA
Trabalho apresentado como exigência parcial para a disciplina Metodologia de Projetos em Jornalismo, do curso Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação do Prof. Alexandre Possendoro.
São Paulo
2013
2. FUNDAMENTAÇÃO
2.1 A evolução da música brasileira e a formação do samba paulista
O nascimento do samba está relacionado ao desenvolvimento da música brasileira, que passou por três fases, cujas características deram origem ao que, hoje, de fato, se configura como produto nacional: a temática religiosa, o amor e por fim a nacionalidade (ANDRADE, 1965, p.15).
A música jesuíta, importada da Europa com o objetivo claro de doutrinação, ligação entre nações e proteção da Colônia, se fez presente, no primeiro momento. Tanto a religião quanto a música eram instrumentos utilizados para mudanças sociais. O amor, difundido a partir da Independência e da falta de controle total por parte do Império em relação ao nativo (já consciente de si e de sua situação social) entra em pauta no segundo momento, com manifestações de cunho sexual e em gêneros como a modinha e o melodrama (considerado “erudito” durante o período do Império) (ANDRADE, 1965, p.20-29).
Já o nacionalismo surge no terceiro momento, pós-República, principalmente durante o período entre guerras e durante a Semana de Arte Moderna de 1922. Todo o país passava por uma fase de valorização da cultura nacional. Nomes como Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha e Villa-Lobos surgiram como difusores de gêneros derivados de maxixe e de ritmos africanos como a conga e o lundu (ANDRADE, 1965, p. 29-33).
O samba é o primeiro gênero de música popular brasileira de âmbito nacional. O ritmo originou-se a partir de manifestações culturais dos negros africanos, escravizados pelos portugueses, no período de colonização. Com a abolição da escravatura em 1888, houve a migração de ex-escravos do campo, principalmente da Bahia, para o estado do Rio de Janeiro. Eles e seus descendentes se organizaram, então, para sobreviver, física e culturalmente, numa cidade que valorizava a música americana (jazz) e passava por uma transição da economia pré-industrial para a indústria (TINHORÃO, 2004).
Durante os períodos de festas, vinha a se manifestar nos morros fluminenses, principalmente nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, o tipo de ritmo que sintetizava a cultura africano-nordestina (TINHORÃO, 2004). André Diniz, autor do livro Almanaque do Samba: o que ouvir, o que ler, onde curtir (2006, p. 16), corrobora com Tinhorão, dizendo que o samba era “o coroamento de séculos de interação etnocultural”. Antes mesmo de ser conhecido como samba, o ritmo era chamado de chula, que, na época, se constituía como qualquer verso cantado à base de violão, cavaquinho e flauta, além de pandeiro e palmas (TINHORÃO, 2004).
A primeira menção conhecida ao termo samba foi feita em 3 de fevereiro de 1838, no jornal satírico pernambucano O Carapuceiro. No Rio de Janeiro, a palavra só passou a ser conhecida ao final do século XIX, quando ligada aos festejos rurais, ao universo do negro e à região Norte do país, mais precisamente a Bahia (DINIZ, 2006, p. 15).
Francisco de Assis Santana Mestrinel escreveu em seu artigo O Samba e o Carnaval Paulistano (2010) que o gênero agregava elementos como choro, batucadas e versos improvisados. Dessa forma, o gênero sempre marcou as mudanças vistas em sociedade e teve suas ramificações de estilo.
O samba sempre se adaptou a novos cenários sociais políticos, incorporando novos instrumentos e novas linguagens, desdobrando-se em samba-canção, samba de gafieira, samba de breque, samba de terreiro, samba-enredo, samba reggae, samba rock, bossa-nova, entre muitos outros, tendo como base a marcação grave no segundo tempo do compasso 2 por 4, o balanço da condução de semicolcheias e a rítmica sincopada. O samba urbano do Rio de Janeiro acabou se tornando o estilo mais representativo do gênero, dificultando a manutenção das peculiaridades regionais dos diferentes estilos de samba, como o samba rural paulista (MESTRINEL, 2009, p. 8-9).
Já o samba de São Paulo apareceu no contexto de desenvolvimento do Sudeste como o principal polo comercial brasileiro. Ainda segundo Mestrinel (2009), tudo aconteceu tardiamente porque, em São Paulo, a cultura europeia foi difundida num ritmo menor do que no Rio de Janeiro.
A formação do samba paulistano tem como base fundamental as festas de caráter religioso-profano. Geraldo Filme, em depoimento para o documentário São Paulo à Paulista – fragmentos de uma história esquecida (2006), comenta sobre a diferenciação do samba em São Paulo e no Rio de Janeiro.
O nosso samba não tem nada a ver com o samba do Rio, é tão diferente em tudo, nos tipos de manifestação da gente, no andamento. O nosso vem mesmo daqueles batuques, daquelas festas que eram dadas aos escravos quando tinham boas colheitas de café (MELLO, 2006, min. 12’50”).
Os batuques acabaram se tornando parte fundamental dos festejos, como na festa de Bom Jesus de Pirapora, em Pirapora do Bom Jesus. O município de Pirapora do Bom Jesus é uma parte fundamental dos fenômenos de migração do gênero musical e foi decisivo para caracterizar o samba de São Paulo. Tudo isso porque a cidade realizava seus festejos religiosos e as famílias dos fazendeiros vinham de diversos municípios da região para participar das rezas, trazendo consigo seus escravos. Enquanto o Senhorio rezava, os escravos juntavam-se para fazer batuques à distância[1].
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