Identidade e Cultura Surda
Por: Maah Sant'ana • 25/6/2015 • Trabalho acadêmico • 1.917 Palavras (8 Páginas) • 621 Visualizações
Identidade e Cultura Surda
INTRODUÇÃO
Atualmente, na área da surdez, debata-se muito sobre a cultura e identidade surda.
Antes de tudo, para entendermos melhor o que é cultura e identidade surda, precisamos primeiro nos desarmar de nossos preconceitos e olhar para o surdo não como um deficiente, mas sim como um indivíduo diferente. Afinal, se refletirmos sobre o conceito da palavra deficiência, nós perceberemos que todos, em alguma área de nossa vida, seja física, emocional, familiar, profissional e outras, temos algum tipo de deficiência e nem por isso somos rotulados de deficientes.
A única diferença entre o surdo e o ouvinte é o fato de o surdo não utilizar como canal e meio de comunicação a audição, mas essa aparente e pequena diferença desencadeará uma série de fatores que veremos a seguir.
Segundo Perlim 1998 "Ser surdo é pertencer a um mundo de espaço visual e não auditivo"
1.Identidade Surda
As inúmeras possibilidades de se vivenciar a surdez são reguladas, sugeridas, construídas, promovidas, problematizadas, negadas ou condenadas, cultural e historicamente. Desfaz-se o determinismo biológico que imputava ao sujeito "anormal" a via única da reabilitação. Por essas "novas" perspectivas, desessencializam-se e desnaturalizam-se as experiências surdas: para além de uma expressão causal e essencializada da materialidade do "corpo danificado", entendem-se as identidades surdas como produzidas e constantemente redefinidas pelo contexto histórico e pelas relações de poder que se estabelecem em nossas sociedades. E como fontes de significação, produzidas por atos de criação linguística, tais identidades forjam formas de distinção entre um "eu" e os "outros", entre "nós" e "eles", continuamente reforçadas.
Nesse reconhecimento de novas identidades, assim, firmam-se as atribuições das diferenças e da significação do "eu" e do "outro" nos discursos dominantes, delimitando novos campos de lutas e resistências das comunidades surdas.
Gladis Perlin (2005), investigadora surda brasileira, cita algumas das várias identidades comuns entre o povo surdo (aqui, entende-se "povo surdo" como um conceito lato e abrangente: a população total de surdos, sejam usuários de línguas gestuais, sejam oralizados, sejam participantes ou não das comunidades surdas).
Entre diferentes identidades, Perlin aponta as identidades surdas (que muitos autores destacam pelo uso da letra inicial maiúscula: o "Surdo") como presentes em grupos de sujeitos que fazem uso da comunicação visual (as línguas gestuais) e partilham das comunidades e culturas surdas. Diversas práticas simbólicas, narrativas pessoais e discursos de resistência de muitos indivíduos Surdos tocam-se em uma série de pontos comuns, criando uma tênue linha que tece vínculos comunitários e (re)define a experiência da alteridade. No seio dos movimentos e dos espaços onde são interpelados à reafirmação identitária centrada no "ser Surdo", a autora ressalta ainda a identidade política surda: "Trata-se de uma identidade que se sobressai na militância pelo específico surdo" (PERLIN, 2005, p. 63).
Como uma identidade de resistência, o específico Surdo firma-se na oposição à representação da surdez como menos-valia e no esforço contrário às investidas totalizadoras e homogeneizadoras das práticas de normalização ouvintistas. A assumpção da identidade Surda funda-se na oposição ao "ser ouvinte" e, assim como outros discursos identitários, atua de forma aglutinadora e mobilizadora (e, por isso, muitas vezes também totalizante e normalizadora). A experiência visual, o uso e a promoção das línguas gestuais como línguas primeiras e a partilha das comunidades e das práticas culturais surdas firmam-se como os principais eixos dessas expressões de identidades.
De acordo com apresentação didática da Identidade Surda, podemos analisar três dos elementos mais importantes:
Quanto a ORIGEM:
- Surdo – filho de pais surdos
- Surdo – filho de pais ouvintes
- Ouvinte – filho de pais surdos
Quanto aos FATORES:
- O surdo precisa ser exposto à cultura surda para desenvolver sua linguagem e compor sua identidade.
- Participação nas atividades construtoras
- Movimentos surdos – a dinâmica da comunidade
- Conhecimento das leis e políticas de inclusão e da ética
Quanto a CLASSIFICAÇÃO:
- Identidade Surda ou Política: Pessoa com identidade surda plena. É geralmente filho de pais surdos (LIBRAS Nativa) e se aceita como surdo. Luta pelos direitos e pela inclusão na sociedade. Não se esconde, mas se deixa expor naturalmente.
- Híbrida: Nasce ouvinte e posteriormente torna-se surdo. Conhece a língua portuguesa falada e escrita. Mais tarde conhece a cultura surda e a Libras. Mantém relação amigável com ambas as culturas.
- Flutuante: Tem dificuldade de identificação em um grupo definido, não sabe se fica com os surdos ou com os ouvintes. Quando em meio aos ouvintes disfarça a surdez e quando em meio aos surdos procura ser como eles.
- Embaçada: Apresenta alto índice de desinformação, dificuldade de aprendizado, Não conhece a Libras e nem o Português, por isso tem alta limitação de comunicação com ambas as culturas e acaba por viver isoladamente.
- De Transição: Aprende com certa dificuldade a comunicação oral auditiva. Filho de pais ouvintes. Mais tarde descobre a LIBRAS e dá preferência para conviver na cultura surda.
- Diáspora: Relaciona-se bem com os ouvintes, luta pelos direitos surdos, procura mostrar que é resolvido e feliz. Busca incansavelmente estar bem informado sobre tudo.
- Incompleta ou Intermediária: Nega a identidade
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