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NEUROMANCER: Um paralelo entre ficção, ciberespaço e cibercultura

Por:   •  17/9/2021  •  Trabalho acadêmico  •  3.869 Palavras (16 Páginas)  •  133 Visualizações

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NEUROMANCER: Um paralelo entre ficção, ciberespaço e cibercultura

Fernanda Fusco de Castro[1]

RESUMO

Este artigo demandado para a disciplina de Web Relações Públicas ministrada pelo Prof.º Ms.º Thiago Cardoso Franco teve como intuito promover, através da leitura da obra Neuromancer de William Gibson, um paralelo entre o ciberespaço e a cibercultura discutidos na ficção com suas variantes na realidade. Desta forma, encontra-se citado no corpo do texto informações de cunho histórico envolvendo a criação e formação do que é entendido como ciberespaço – pela impressão de especialistas e pensadores da área – e como este ideal dissolveu-se na chamada cibercultura. É evidenciada a influência que o livro de Gibson trouxe com seu universo futurista e como aos poucos o que parecia ficção aproxima-se mais da realidade que conhecemos.

Palavras-chave: Relações Públicas. Web RP. Neuromancer. Ciberespaço. Cibercultura.

1 INTRODUÇÃO

        Se até os presentes dias o conceito de comunicação parece abstrato por si só a adição das mídias transeuntes da arquitetura digital tornaram o ato de se comunicar mais técnico e lógico por vieses práticos, porém ainda mais abstratos em sua essência. A internet abriu portas para dar voz a quem pode ter um computador de mesa, móvel, um celular ou qualquer outro dispositivo eletrônico com acesso à rede digital e a ideia de comunicar-se e relacionar-se modificou-se assim que nos tornarmos usuários deste meio tecnológico.

        Estudiosos, pensadores, ativistas, filósofos e entidades como Norbert Wiener, Claude Shannon, Warren Weaver, Pierre Lévy, Hakim Bey e a Luther Blissett dividem espaço com suas ideias e contribuições no que conhecemos como ciberespaço e integram o universo da cibercultura junto com escritores, animadores e diretores como William Gibson, The Wachowskis, Masamune Shirow e Steven Lisberger e tornam-se todos, em algum grau, responsáveis por apresentar ou elucidar hoje uma ideia de que o ser humano e a tecnologia estão cada vez mais próximos um do outro e que existe uma inevitabilidade despontada por todos estes nomes: O homem e a máquina estão evoluindo e a forma como interagimos dentro deste novo meio também evolui.

        É, portanto, neste ritmo de constantes reviravoltas da informação e sua propagação que o livro Neuromancer constitui um marco em 1984 onde com suas definições modernas e antes não concebidas de matrix, universo virtual, arquitetura digital e a relação intrínseca de homem e máquina difundem um ideal futurista que inspira milhares de entusiastas da computação da época. Mas para falar do texto necessitamos do contexto e por isso revisaremos, brevemente e quase superficialmente neste artigo, o contexto histórico do ciberespaço para termos uma ponte para trabalharmos a história da cibercultura e como a obra de Gibson fora tão importante.

2 CIBERESPAÇO

        Aos poucos na humanidade o processo comum é substituir a palavra pela imagem, nós saímos da oralidade para a linguagem e transformamos esta capacidade comunicativa em histórias, mitos e lendas. Outrora estas foram substituídas pela filosofia e mais tarde a máquina propaga com mais eficiência as ideias com o advento da prensa, a eletricidade muda a forma como o homem vê e interage com o mundo utilizando o telefone e a televisão e por último a digitalização onde temos agora usuários nas redes digitais.

        O conceito de rede apesar de extenso é arcaico e referia-se apenas ao objeto utilizado para a pesca, entretanto seu significado abrangeu rapidamente áreas da tecnologia quando desenvolveu-se o Paradigma Matemático-Informacional – um conjunto de ideias matemáticas que ocorreu juntamente com o desenvolvimento de modelos sociológicos do funcionalismo pragmático, como por exemplo os estudos de Lasswell e Lazarsfeld, e os desenvolveram para um nível de cientificidade que esclarecesse uma melhor forma de compreender e evoluir a comunicação humana – no cenário pós guerra na primeira metade do século XX. Neste artigo vamos analisar apenas os que posteriormente facilitarão nossa contextualização de ciberespaço, porém não se nega a importância para a comunicação, matemática e antropologia dos outros modelos desenvolvidos.

2.1 Modelo de Shanon e Weaver (Teoria Matemática da Comunicação)

        

        Os dois norte-americanos em 1949 publicaram a chamada Teoria Matemática da Comunicação, um estudo da área que objetivava calcular a quantidade de informação que reside em uma mensagem e a capacidade de informação de um canal não importando entre quem ou o que a comunicação fosse efetuada.

As pesquisas em comunicação anteriores à Teoria da Informação de ShanonWeaver (1949) antecipavam a ideia de causa-efeito e iniciaram-se no período da Grande Guerra, com a busca do Estado americano pela persuasão do público. Os pesquisadores iniciais procuravam estudar quais estímulos eram necessários para se obter determinadas respostas, como, por exemplo, o apoio à guerra. O seu modelo era uma simples relação de E – R, influenciada pelos estudos de Psicologia Comportamental (Behavorismo) que despontavam [...] (Pereira, 2012, p. 3).

[pic 1]

        Segundo Mattelart (1999, p. 36) a fonte decide qual mensagem será enviada dentre várias outras, ela após decodificada pelo transmissor se torna um sinal que é enviado ao receptor através do canal. É com os dois estudiosos que nasce o termo ruído - podendo ser uma distorção de som, interferências ou quaisquer outras barreiras que compliquem o processo. O modelo era inovador pois tentava medir o conteúdo informático da mensagem, qualidade esta de sua extensão no espaço, no tempo, ao seu suporte ou do seu canal de transferência e acima de tudo à sua imprevisibilidade. Esta manobra de medição informática é mais tarde utilizada no desenvolvimento do computador e é um facilitador ímpar na hora de promover a transmissão de informação no aparelho.

2.2 Modelo Cibernético

        Na primeira metade do século XX os adventos tecnológicos como o telégrafo, rádio e o início da televisão também culminaram a comunidade científica a desenvolver métodos de estudo e entendimento na área da comunicação. Toda essa mobilização sociológica do fundamentalismo pragmático moveu a curiosidade do matemático Norbert Wiener que atento a como seres humanos, organizações sociais e animais se comunicavam concentrou sua atenção nos sistemas de controle e produção de comportamentos automáticos:

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