A Influencia E Importarem Da Linguagem Do Cinema No Ramo Da Comunicação
Por: Ana Carolina Xavier • 24/10/2023 • Trabalho acadêmico • 1.304 Palavras (6 Páginas) • 89 Visualizações
LINGUAGEM, CINEMA E PRÁTICAS JORNALÍSTICAS
Trabalho apresentado pelos discentes do 4º período de Jornalismo da UEMG - Divinópolis, Ana Carolina Reis e Xavier, João Gabriel Borela de Abreu, Lucas Henrique Rocha Froes, Maria Rita Sousa Duarte e Túllio Machado Viriato à disciplina de Estudos da Linguagem, ministrada pelo professor Aleone Rodrigues Hgídio.
INTRODUÇÃO
Há que se contextualizar, em primeiro momento, que a linguagem foi ao longo da história uma ferramenta primordial para todo o desenvolvimento, evolução e progresso da sociedade como um todo, sendo evidenciado até hoje a sua importância para todo o processo de comunicação, aprendizagem e criatividade, de forma individualizada e também coletiva.
É através da linguagem que podemos expressar nossos pensamentos, sentimentos, necessidades e também ideias, e a partir de seu estudo é que temos oportunidade de melhorá-la, de forma que ela se torne mais eficaz e precisa, alcançando assim diversas formas de percepção e leitura das coisas e mundo.
A linguagem pode ser apresentada através de diferentes fontes, e no presente trabalho o direcionamento que será dado, de maneira mais específica, é através da figura do cinema.
DESENVOLVIMENTO
O cinema é uma forma de expressão artística que utiliza a linguagem, em diferentes formatos, para contar histórias e transmitir mensagens, sendo um meio de comunicação de massa e com forte contexto cultural.
Surgido no final do século XIX, evoluiu com grande destaque no decorrer do século XX, fazendo com que o movimento de imagens sequenciais - antes visto num formato ‘congelado’ através da fotografia clássica - chamasse a atenção da sociedade, descortinando para todo o mundo uma nova arte que incorporava todas as outras, passando assim a ditar regras, comportamentos, e símbolos. Alguns estudiosos, como Bela Balázs, compreendem a ‘linguagem cinematográfica’ como uma forma de linguagem à parte, sendo diferente da literatura e do teatro, por exemplo.
O cinema acaba explorando, em sua maior parte, das linguagens visuais e sonoras, assim como também usam recursos das linguagens corporais - através de expressões, por exemplo - envolvendo o público e influenciando na forma como eles irão sentir e interpretar as narrativas. Além disto, enquadramento, iluminação, montagem, combinação de planos, e velocidade das imagens também acabam complementando as interações comunicativas, proporcionando uma verdadeira imersão do público com o produto, de forma com que ele se sinta parte do processo e se aproxime da realidade. Podemos enxergar também o cinema como uma forma de se reproduzir e discutir fenômenos históricos e sociais.
Nesse ponto, podemos citar o filme “Tempos Modernos”, dirigido e estrelado por Charles Chaplin em 1936, como um exemplo representativo de forma a observar melhor a aplicação da linguagem no cenário cinematográfico.
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No filme, ao retratar o trabalhador de forma cômica, Chaplin denuncia os crimes sofridos pela classe trabalhadora, num contexto de capitalismo industrial e exploração, mostrando de forma clara que o cinema pode ser uma forma de linguagem artística e também crítica. Na época, e ainda hoje, é uma obra que causa um forte impacto já que é um filme mudo, ou seja, não há diálogos falados.
Com isso, utiliza-se muito da linguagem não-verbal, aprofundando-se na linguagem visual para contar a história, através de expressões faciais, gestos, movimentos corporais e cenários transmitindo as mensagens necessárias, e evidenciando o quanto a linguagem visual acaba sendo poderosa no cinema.
Símbolos e metáforas também são exploradas no decorrer do filme, como por exemplo na cena em que Chaplin - o “The Trump” - é literalmente sugado por uma máquina que representa a alienação e opressão do trabalhador pela tecnologia e pela indústria. Tais elementos contribuem para mostrar a complexidade da linguagem visual do filme.
Chaplin também incluiu sequências musicais e efeitos sonoros para acentuar o impacto emocional e narrativo do filme, além de intertítulos, que no caso são pequenos cartões com texto para comunicar informações essenciais e diálogos em momentos-chave. Isso mostra como a linguagem sonora e escrita também desempenham um papel importante no cinema e na compreensão da narrativa como um todo.
O cinema também acaba contribuindo e refletindo nas práticas jornalísticas através das linguagens que compartilha e das narrativas que cria, já que - além do contexto cultural - também acaba carregando uma relação histórica. No viés do jornalismo documental, por exemplo, o cinema é forte ferramenta para exposição de situações que podem lançar luz sobre problemas globais, mudanças climáticas, direitos humanos, questões de saúde pública, dentre outros; ajudando as pessoas a entender melhor esses problemas. Essas contribuições mostram o quanto o cinema documental e o jornalismo estão interligados, ainda que utilizem linguagens e abordagens diferentes, pois os cineastas também precisam de se basear em fontes confiáveis e evidências sólidas, já que a análise crítica das fontes utilizadas no filme documental é fundamental para avaliar sua integridade jornalística.
Um aspecto importante a ser considerado nessa perspectiva é o ponto de vista do cineasta. O documentário muitas vezes reflete o olhar do autor sobre o tópico em questão, e com isso ele pode moldar e direcionar a linguagem visual e sonora a ser utilizada através de escolhas de enquadramento, edição e narração, podendo ser crucial na forma como isso afetará a representação dos fatos.
O documentário “Escola Base - Um repórter enfrenta o passado”, dirigido por Caio Cavechini e Eliane Scardovelli em 2022, é uma boa obra a ser analisada pois utiliza diversas estratégias linguísticas e cinematográficas para analisar o famoso caso Escola Base, que aconteceu em 1994, tendo sido considerado um dos maiores erros jornalísticos e policiais do país.
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